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Controle de plantas daninhas no milho (Parte 2)

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(Curadoria Agro Insight)

Com o final da semeadura, iniciam as operações de manejo na cultura do milho. Neste sentido a curadoria Agro Insight compartilha as recomendações do sistema de produção da Embrapa para o controle de plantas daninhas.

Métodos de controle de plantas daninhas

Diversos são os métodos de controle de plantas daninhas empregados na cultura do milho, dentre os quais sobressaem-se:

Controle preventivo

O controle preventivo tem como objetivo evitar a introdução ou a disseminação de plantas daninhas nas áreas de produção. A introdução de novas espécies geralmente ocorre por meio de lotes contaminados de sementes, máquinas agrícolas e animais. A utilização de sementes de boa procedência, livres de sementes de plantas daninhas, a limpeza de máquinas e de implementos ante cercas e estradas, em terraços, em pátios, em fontes de água e em canais de irrigação, ou em qualquer lugar da propriedade, são importantes para evitar a disseminação de sementes e de outras estruturas de reprodução.

Controle cultural

Este método de controle consiste na utilização das características da cultura e do meio ambiente para aumentar a competitividade da cultura do milho, favorecendo o crescimento e o desenvolvimento das plantas, tais como:

  1. uso de variedades adaptadas às regiões: o uso de cultivares que se desenvolvem mais rapidamente e cobrem o solo de maneira mais intensa, sofrendo menos com a interferência que venha a surgir, controla melhor as plantas daninhas. Assim, devem-se escolher as cultivares mais adaptadas à região, capazes de apresentar resistência ou tolerância às principais pragas e doenças que predominam na área e que sejam mais agressivas em seu crescimento, além de apresentarem boa produtividade.
  2. densidade de semeadura: a densidade de plantio, definida como o número de plantas por unidade de área, é fator importante para o rendimento de uma lavoura. Cada cultura apresenta uma densidade ótima (quando o rendimento é máximo), que é variável para cada situação e depende de três condições: cultivar; disponibilidade hídrica; e disponibilidade de nutrientes. A existência de alterações nesses fatores afetará a densidade ótima de plantio.
  3. espaçamento do milho: o arranjo equidistante das plantas de milho, com a redução do espaçamento entre fileiras, diminui o potencial de crescimento das plantas daninhas devido à redução da quantidade de luz que penetra pela cultura. Qualquer modificação no arranjo de plantas deve respeitar as características do ambiente e da cultivar.
  4. época de plantio do milho: a época mais adequada para o plantio do milho é aquela em que o período de floração coincida com os dias mais longos do ano e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar, desde que sejam satisfeitas as necessidades de água da planta. Na região Sul do Brasil, o milho costuma ser plantado de agosto a setembro; enquanto que, nos estados do Centro-Oeste e do Sudeste, a época de plantio varia de outubro a novembro.
  5. uso de cobertura morta: a manutenção da cobertura vegetal sobre o solo diminui a emergência de plantas daninhas devido aos efeitos físicos e alelopáticos dessas plantas, quando em comparação com o solo descoberto.
  6. alelopatia: as plantas daninhas podem ter seu desenvolvimento suprimido ou estimulado por meio de plantas vivas ou de seus resíduos, os quais liberam substâncias químicas no ambiente. O uso de aleloquímicos obtidos a partir de plantas pode ser na forma de herbicidas, uma vez que são produtos naturais biodegradáveis e não persistem no solo como poluentes. A adição da parte aérea da leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) De Wit) ao solo proporciona menor desenvolvimento das plantas daninhas, devido aos efeitos físicos da cobertura e alelopáticos, através da liberação para o solo de substância com ação alelopática. Assim como a leucena, há efeito alelopático das culturas de aveia, sorgo, centeio, nabo forrageiro e colza capaz de reduzir a densidade de plantas daninhas.
  7. rotação de culturas: a alternância do cultivo de diferentes espécies vegetais em sequência temporal numa determinada área proporciona menor infestação de plantas daninhas do que um sistema de sucessão de culturas contínuo. Além disto, a rotação de culturas permite a realização de rotação de herbicidas em uma mesma área de cultivo, dificultando a perpetuação de espécies e o aparecimento de biótipos resistentes.
Métodos mecânicos de controle
Capina manual

Esse método é amplamente utilizado em pequenas propriedades. Normalmente, de duas a três capinas com enxada são realizadas durante os primeiros 40 a 50 dias após a semeadura, pois, a partir daí, o crescimento do milho contribuirá para a redução das condições favoráveis para a germinação e o desenvolvimento das plantas daninhas. A capina manual deve ser realizada preferencialmente em dias quentes e secos e com o solo com pouca umidade. Cuidados devem ser tomados para evitar danos às plantas de milho, principalmente às raízes. Este método de controle demanda grande quantidade de mão-de-obra, visto que o rendimento desta operação é de aproximadamente 8 dias homem por hectare.

Capina mecânica

A capina mecânica usando cultivadores, tracionados por animais ou tratores, ainda é utilizada no Brasil. As capinas mecânicas, assim como as manuais, devem ser realizadas nos primeiros 40 a 50 dias após a semeadura da cultura. Neste período, os danos ocasionados à cultura são minimizados, se comparados com os possíveis danos (quebra e arranque das plantas de milho) em capinas realizadas tardiamente. A exemplo da capina manual, a mecânica deve ser realizada superficialmente em dias quentes e secos, com o solo com pouca umidade, aprofundando-se as enxadas o suficiente para o arranque ou o corte das plantas daninhas.

Método químico

O método de controle químico consiste na utilização de produtos herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e em secretarias de Agricultura para a cultura do milho (Tabela 1). Ao se pensar em controle químico para a lavoura de milho, várias considerações devem ser feitas, sendo necessário conhecer a seletividade do herbicida para a cultura e, principalmente, sua eficiência no controle das principais espécies daninhas na área cultivada. O uso de herbicidas, por ser uma operação de elevado custo inicial, é indicado para lavouras de porte médio e grande com alto nível tecnológico, onde a expectativa é de uma produtividade acima de 4.000kg/ha. A seleção de um herbicida deve ser baseada em avaliação das espécies de plantas presentes na área a ser tratada, bem como nas características físico- químicas dos produtos.

A classificação dos herbicidas é feita de acordo com o seu comportamento quando aplicado a uma cultura: pode ser segundo a época de aplicação, a atividade, a seletividade ou o modo de ação.

a. Época de a​plicação

Os herbicidas são classificados conforme a época de aplicação em relação às plantas daninhas e à cultura. Essa classificação considera maximizar o controle e a seletividade dos herbicidas, dividindo os mesmos em três categorias: pré-plantio- incorporado; pré-emergência; e pós-emergência. Os herbicidas de pré-plantio- incorporado são aplicados antes do plantio e necessitam ser incorporados ao solo para uma melhor eficiência no controle das plantas daninhas. Os herbicidas de pré- emergência são aplicados após o plantio da cultura, mas antes da emergência das plantas daninhas e da cultura. Os herbicidas de pós-emergência são aplicados depois da emergência das plantas daninhas, antes ou depois da emergência do milho. A época exata da aplicação dos herbicidas de pós-emergência pode variar em função da cultura, do herbicida e das plantas daninhas presentes na área. Os herbicidas de pós- emergência, considerados dessecantes, são utilizados no manejo das plantas daninhas no sistema de plantio direto antes do plantio da cultura.

b. Ativid​ade

Herbicidas podem ser classificados como sistêmicos ou de contato. Os herbicidas sistêmicos são aqueles que necessitam serem absorvidos e translocados dentro das plantas para que o produto torne-se eficiente no controle das plantas daninhas. Os herbicidas de contato são aqueles produtos que atuam simplesmente pelo contato com as plantas, não havendo translocação para dentro das mesmas.

c. Seletividade

A seletividade dos herbicidas depende principalmente do grau de tolerância das plantas a estes produtos. Os herbicidas podem ser classificados como seletivos ou não seletivos. Os seletivos são aqueles que podem ser aplicados na cultura do milho, pois o mesmo apresenta tolerância ou resistência baseada em algum modo de detoxificação do herbicida. Os considerados não seletivos são aqueles herbicidas que, quando aplicados na cultura, podem ocasionar morte das plantas. Fatores como estádio de desenvolvimento das plantas, morfologia, absorção, translocação, condições ambientais, época de aplicação e metabolismo são importantes fatores na determinação da seletividade do herbicida.

d. Modo de ação

Apesar de ser uma forma usada para classificar herbicidas, o modo de ação não é baseado na melhora de controle das plantas daninhas. Essa classificação atualmente apresenta grande importância no manejo (seleção) dos herbicidas. Com o aparecimento de plantas daninhas resistentes a alguns herbicidas, a rotação de produtos vem sendo preconizada principalmente baseada nesta forma de classificação. Os modos de ação de alguns herbicidas utilizados na cultura do milho podem ser vistos na Tabela 1.

É de grande importância verificar a persistência média no solo dos herbicidas utilizados nas culturas antecessoras, uma vez que eles podem tornar-se fitotóxicos para a cultura seguinte. Levar em consideração, ainda, na escolha de um herbicida para o controle de plantas daninhas o intervalo de segurança, que é o intervalo mínimo entre a aplicação e a colheita da cultura.

O aparecimento de plantas daninhas resistentes a herbicidas depende de vários fatores, como adaptabilidade ecológica e capacidade de se proliferar, longevidade e dormência das sementes da espécie ou do biótipo sob seleção, frequência de utilização de herbicidas com mesmo mecanismo de ação e a sua persistência no solo, bem como a eficácia do herbicida e os métodos adicionais empregados no controle das plantas daninhas.

Quando uma população de plantas daninhas resistentes se estabelece em determinada área, a eficácia do controle através da utilização de herbicidas diminui. Para prevenir ou retardar o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas, são recomendados: a utilização de rotação de culturas; o manejo adequado dos herbicidas; a prevenção da disseminação de sementes através do uso de equipamentos limpos; a limpeza dos equipamentos através de bombas de água ou ar comprimido para remoção das sementes; o monitoramento da evolução inicial da resistência; e o controle das plantas daninhas suspeitas de resistência, antes que as mesmas produzam sementes.

Métodos de aplicação de herbicidas

A eficiência de aplicação de qualquer herbicida depende da uniformidade e da correta aplicação. Problemas na ineficiência do controle de plantas daninhas, na maioria dos casos, estão relacionados à tecnologia de aplicação. Problemas comuns nas aplicações ocorrem devido à deficiência na calibragem do pulverizador (46%), na realização da mistura dos produtos (5%) e na combinação dos dois (12%). A maioria das aplicações de herbicidas são realizadas com tratores (sistemas hidráulicos), embora a aplicação via água de irrigação tenha aumentado nos últimos anos.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

Melhorança, A.L.; Karam, D.; Silva, J.A.A.; Oliveira, M.F. Plantas daninhas. In: Cultivo do Milho. 9ª edição Embrapa Milho e Sorgo, Sistema de Produção, 1, Nov/2015

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Tags: herbicida, Manejo Integrado, milho

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