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Podridão negra da cenoura

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje a curadoria Agro Insight traz uma publicação da Embrapa que trata da podridão negra da cenoura, uma doença que ocorre em pós-colheita e que vem crescendo em importância.

Foto: Valdir Lourenço Júnior

A doença

A podridão negra da cenoura, causada pelo fungo Berkeleyomyces basicola (Berk. & Broome), é uma doença emergente de pós-colheita no Brasil (Figura 1). Observada esporadicamente desde sua primeira constatação no Brasil em 2004, no estado do Rio Grande do Sul, sua ocorrência tem aumentado nos últimos anos nos principais polos produtores de cenoura nas regiões do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, e Cristalina, em Goiás. O fungo não causa sintomas na parte aérea; causa podridões na cenoura principalmente após o beneficiamento das raízes, afetando a comercialização. Em condições de alta temperatura e umidade após o processamento, embalagem, transporte e exposição, a incidência da doença pode ser acima de 50%. Até o momento, há poucos estudos dessa doença em cenoura, não só no Brasil como também em outros países. Dessa forma, o objetivo deste Comunicado Técnico é disponibilizar informações sobre a diagnose e manejo da doença.

Sintomas

Os sintomas da podridão negra aparecem normalmente após a lavagem e armazenamento da cenoura em caixas plásticas ou de papel, em condições de alta umidade, baixa ventilação e temperatura acima de 25°C. Observa-se o desenvolvimento de lesões cinza que aumentam de tamanho e se tornam pretas devido à produção de clamidósporos (estruturas  de resistência) e fialósporos (esporos) (Figuras 1 A e B). Inicialmente, as lesões são superficiais, tornando-se amolecidas à medida que o patógeno coloniza as camadas de células mais internas da raiz (Figura 2). A esporulação do fungo ocorre principalmente nas rachaduras ou injúrias superficiais nas raízes causadas durante o beneficiamento da cenoura. A dispersão do patógeno pode ocorrer dentro da caixa pelo contato entre raízes doentes e sadias.

Ciclo da doença e epidemiologia

Berkeleyomyces basicola é um ascomiceto que produz clamidósporos melanizados (de cor escura) com paredes espessas e numerosos fialósporos unicelulares e com formato retangular no tecido da planta doente e meio de cultura. Até o momento, não há relatos da reprodução sexuada do fungo.

O fungo é habitante do solo e infecta outras plantas como fumo, prímula, orquídeas, bétula, benjoeiro, algodão e feijão. Como possui pouca atividade saprofítica, B. basicola sobrevive nas raízes das plantas hospedeiras e na forma de clamidósporos, que são estruturas de resistência. O patógeno também sobrevive na forma de fialósporos que podem se manter viáveis por aproximadamente quatro meses no solo. A população do patógeno é maior em solos ácidos e com alto nível de matéria orgânica.

A infecção ocorre no campo pelo contato do solo infestado com os ferimentos nas raízes de cenoura causados durante e após a colheita. Além disso, ferimentos nas raízes causadas durante a lavagem na pós- colheita favorecem a penetração do patógeno presente nas partículas de solo ou em raízes infectadas. Cenouras mantidas por períodos prolongados sem resfriamento, alta umidade e baixa ventilação são predispostas à infecção pelo patógeno. Há aparecimento dos sintomas da doença cinco a sete dias após o beneficiamento e comercialização da cenoura armazenada a 25-27°C e alta umidade, ou seja, acima de 98%.

Manejo

Como há poucos estudos envolvendo

  1. basicola, é necessário implementar as seguintes medidas preventivas para o controle da podridão negra:
  2. Evitar a sucessão de culturas e plantio em áreas com histórico da doença em cultivos anteriores da cenoura;
  3. Realizar a rotação de culturas com espécies de plantas que não são hospedeiras do patógeno, como as gramíneas;
  4. Reduzir ferimentos nas operações de colheita, transporte, lavagem e armazenamento das cenouras;
  5. Realizar a lavagem da cenoura com água fria e Em outros países, é realizada a imersão da cenoura em soluções de sorbato de potássio e ácido propiônico;
  6. Não armazenar a cenoura lavada enquanto ela estiver úmida;
  7. Armazenar e transportar as cenouras  em    temperatura    abaixo de 10°C e com ventilação para não favorecer o desenvolvimento da doença. O ideal é comercializar as cenouras em bancas ou gôndolas refrigeradas, prática muito comum em países

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

OURENÇO JUNIOR, V.; LOPES, C. A.; REIS, A. Podridão negra da cenoura. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2019. 8p. (Embrapa Hortaliças. Comunicado técnico, 121).

CHITTARANJAN, S.; PUNJA, Z. K. Factor influencing survival of phialospores of Chalara elegans in organic soil. Plant Disease, v. 78, p. 411-415, 1994. DOI: 10.1094/PD-78-0411.

DALBOSCO, M.; EL TASSA, S. O. M.; DUARTE Ocorrência de podridão negra, causada por Chalara elegans, em raízes de cenoura no Rio Grande do Sul. Fitopatologia Brasileira, v. 29, n. 3, p. 336, 2004. DOI: 10.1590/S0100-41582004000300020

LOPES, C. A.; REIS, A. Doenças da cenoura. Brasília, DF: Embrapa, 2016. 69 p.

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Tags: cenoura, Daucus Carota, Doença de Planta, Podridão Negra

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