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Morte súbita na mangueira

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(Curadoria Agro Insight)

A curadoria Agro Insight de hoje aborda um problema que atormenta muitos fruticultores, a morte súbita de mudas de mangueira. Para ajudar no entendimento desse fenômeno, trouxemos uma publicação da Embrapa.

Identificação e manejo de morte súbita na propagação vegetativa da mangueira

O estabelecimento bem-sucedido de qualquer cultura agrícola depende da qualidade do material de propagação, sendo o aspecto fitossanitário essencial para o sucesso e o bom desenvolvimento das culturas. Doenças associadas ao material propagativo de fruteiras estão entre as principais causas de redução na produtividade de diversos cultivos comerciais (Frazon et al., 2010), assim, as estratégias de prevenção são importantes, particularmente quando não se dispõe de material genético resistente para um determinado patógeno. Diante disso, garantir a sanidade de mudas durante todo o processo de produção das mesmas, com redução da contaminação, da morte de plantas e da dispersão de agentes patogênicos para novos pomares são cuidados que devem ser adotados. Devido às características específicas e natureza de algumas doenças, o manejo pode se tornar oneroso e inconsistente.

Semelhante às outras culturas, na mangicultura o emprego de mudas contaminadas é a principal forma de disseminação de doenças e de patógenos para novos pomares (Waite et al., 2015; Petri et al., 2019), sendo indispensáveis cuidados na produção, obtenção e utilização de mudas. A morte descendente, declínio e podridão-peduncular, causados por espécies de Botryosphaeria, são doenças limitantes à produção e que impactam ao longo da cadeia produtiva da mangueira no Submédio do Vale do São Francisco (Terao et al., 2016; Batista et al., 2017). O controle fitossanitário na propagação vegetativa da mangueira é necessário para reduzir os danos às plantas e a disseminação de doenças para novos pomares, evitando-se, consequentemente, perda de produção, transtornos e aumento de custos com o controle de patógenos no campo e em pós-colheita. Entretanto, normalmente os viveiristas não estão atentos a esses fungos causadores de danos nas mudas, assim como os produtores aos riscos de introdução desses patógenos em novas áreas de cultivo.

Fungos causadores de morte súbita em material propagativo

Na propagação vegetativa da mangueira, as doenças foliares são as que mais geram preocupações, nem sempre pela gravidade, sobretudo devido à fácil percepção dos sintomas comuns e bem relatados na literatura. Contudo, nessa mesma etapa, os sintomas causados por fungos Botryosphaeriaceae (Lasiodiplodia theobromae, Fusicoccum aesculi, Pseudofusicoccum stromaticum, Neofusicoccum parvum, etc.) não são evidentes e as perdas, principalmente por não pegamento de mudas, são creditadas como “falhas de enxertia” pelo viveirista.

Danos e identificação

Apesar de a mortalidade ser a principal causa de prejuízos, ocorrem, também, redução na qualidade da muda e perdas subsequentes após plantio no campo, devido ao declínio e morte da planta. Inspeções e levantamentos realizados em viveiros demonstraram que o reconhecimento inicial do problema pode ser feito poucos dias após a realização da enxertia, normalmente, entre a primeira e segunda semana (Batista et al., 2016). Observou-se que, embora outras espécies de fungos da família Botryosphaeriaceae estivessem envolvidas, as perdas foram causadas predominantemente por espécies do gênero Lasiodiplodia, correspondendo a aproximadamente 80% dos enxertos que apresentaram os sintomas de morte súbita. O quadro sintomatológico tem início, normalmente, com o surgimento de uma lesão na gema apical decorrente de infecção preexistente e se desenvolve em direção ao cavalo ou porta-enxerto, que também é contaminado.

Medidas de prevenção e controle

1) As plantas utilizadas como doadoras de material propagativo devem apresentar bom aspecto fitossanitário, sendo fundamental que não tenham cancros ou morte-descendente, principais sintomas que desqualificam a planta como doadora.

2) Não utilizar ramos com presença de exsudação de gomas ou aspecto de amarelecimento de partes ou gema apical necrosada como material propagativo, pois esses sinais são indicativos de infecções.

3) Fazer pulverizações preventivas com fungicida sistêmico difenoconazol durante o preparo do material para enxertia visando reduzir infecções em gemas ou colonização do patógeno do ramo velho para os fluxos novos na planta.

4) Fazer monitoramento periódico no viveiro para a retirada de material infectado, que são fontes de inóculo para contaminarem mudas sadias.

5) O material infectado deve ser enterrado, queimado ou descartado em local distante.

6) Manter o viveiro limpo, sem a presença de restos da cultura resultantes das operações normais de podas.

7) Promover a drenagem adequada do viveiro para reduzir a umidade no interior da instalação.

8) O viveiro deve apresentar boa luminosidade e arejamento para prevenir excesso de umidade.

O bom desenvolvimento e a produção de um pomar de mangueira dependem, dentre outros aspectos, da qualidade fitossanitária do material propagativo. É indispensável que as plantas matrizes ou doadoras sejam submetidasao manejo integrado de doenças e pragas para produzir material propagativo sem problemas de contaminações. Cuidados fitossanitários e nutricionais na condução de mudas no viveiro também são importantes. Portanto, as mudas devem ser adquiridas de viveiros certificados, onde as normas e critérios de produção são garantidos.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

BATISTA, D. da C.; BARBOSA, M. A. G. Identificação e manejo de morte súbita na propagação vegetativa da mangueira. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2022. 11 p.

BATISTA, D. da C.; TAVARES, S. C. C. de H.; ANDRADE, J. N. de; BARBOSA, M. A. G. Perdas de mudas de mangueira associadas com fungos Botryosphaeriaceae. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 24., 2016, São Luis. Fruticultura: fruteiras nativas e sustentabilidade. São Luís: SBF, 2016.

BATISTA, D. da C.; TERAO, D.; TAVARES, S. C. C. de H.; BARBOSA, M. A. G. Importância, sintomatologia, epidemiologia e manejo da podridão-peduncular e morte-descendente na cultura da mangueira. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2017. 6 p. (Embrapa Semiárido. Circular Técnica, 118).

FRANZON, R. C.; CARPENEDO, S.; SILVA, J. C. S. Produção de mudas: principais técnicas utilizadas na propagação de fruteiras. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2010. 56 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 283).

JOHNSON, G. I.; MEAD, A. J.; COOKE, A. W.; DEAN, J. R. Mango stem end rot pathogensfruit infection by endophytic colonisation of the inflorescence and pedicel. Annals of Applied Biology, v. 120, n. 2, p. 225-234, 1992.

MOUCO, M. A. do C. (ed.). Cultivo da mangueira. 3. ed. Petrolina: Embrapa Semiárido,

  1. (Embrapa Semiárido. Sistemas de Produção, 2).

ONU. Objetivo de desenvolvimento sustentável 2: fome zero e agricultura sustentável. [New York], 2022. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/2. Acesso em: 12 jan. 2022.

PETRI, J. L.; HAWERROTH, F. J.; FAZIO, G.; FRANCESCATTO, P.; LEITE, G. B. Advances in fruit crop propagation in Brazil and worldwide-apple trees. Revista Brasileira de Fruticultura, n. 3, v. 41, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0100-29452019004. Acesso em: 22 jul. 2021.

SCHOENEWEISS, D. F. The role of environmental stress in diseases of woody plants. Plant Disease, v. 65, n. 2, p. 308-314, 1981.

TERAO, D.; BATISTA, D. da C.; RIBEIRO, I. J. A. Doenças da mangueira. In: AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M; BERGAMIM FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. (ed.). Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 5. ed. Piracicaba: Ceres, 2016. v. 2, cap. 54, p. 523-533.

WAITE, H.; WHITELAW-WECKERT, M.; TORLEY, P. Grapevine propagation: principles and methods for the production of high-quality grapevine planting material. New Zealand Journal of Crop and Horticultural Science, v. 43, n. 2, 2015.

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Tags: Botryosphaeriaceae, doença, fungo, manga, Mangoes, Morte Descendente, Morte Súbita, Podridão Peduncular, Propagação Vegetativa, Submédio do Vale do São Francisco

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