No último final de semana aproveitei para fazer uma pequena viagem e conhecer uma nascente próxima. Como o local, pelo que haviam nos alertado, é de difícil acesso, peguei a caminhonete do meu sogro para ir. Ao entrar nela, o primeiro item que verifiquei foi o combustível, em seguida, pelo painel também pude observar o nível de óleo e a calibragem dos pneus. Nossa pequena viagem estava estimada em 100 km de distância e cerca de uma hora e meia de duração, com base nessas informações zerei o marcador de quilometragem e coloquei a localização no GPS do meu celular.
Iniciamos então a viagem, e sempre controlando o pé para não ultrapassar a velocidade máxima, que era de 80 km/h. Fomos prestando atenção às placas, porém, ainda assim erramos a entrada, e conseguimos mais a frente corrigir o nosso percurso já que estávamos com o GPS e a quilometragem marcada. Demoramos um pouco mais do que o previsto, mas valeu a pena, passamos uma tarde agradável em um lugar de águas cristalinas.
Esta pequena história que contei ilustra o quanto somos dependentes de informações para a tomada de decisão no dia a dia. Uma simples viagem exige a interpretação de diversos números, para que consigamos chegar ao nosso destino. Agora imagine criar um painel de controle para a gestão dos processos dentro da fazenda, e quando falamos em processo, estamos incluindo todos eles, operacionais e administrativos.
Para iniciarmos essa conversa vamos buscar os conceitos de KAPLAN e NORTON, eles desenvolveram uma ferramenta de planejamento estratégico que incorre em ter metas e indicadores bem definidos com base em quatro pilares: Financeiro, Clientes, Processos Internos, Aprendizado e Crescimento. A ferramenta foi intitulada Balanced Scorecard (BSC).
O objetivo é criar indicadores que mensurem o desempenho em todas as áreas importantes da empresa e estes devem estar alinhados com o planejamento estratégico (missão, visão e valores).
O primeiro aspecto é o Financeiro, nele vamos avaliar a origem e aplicação dos recursos e a eficiência deste processo. Segue abaixo alguns exemplos:
NOME |
DESCRIÇÃO |
CÁLCULO |
Margem Operacional |
Mede a eficiência do processo operacional, sem contar com receitas e despesas financeiras | Resultado Operacional ÷ Faturamento Bruto |
EBITIDA |
É o resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Avalia a geração de caixa da operação. | EBITIDA ÷ Faturamento Bruto |
Margem de contribuição |
É o resultado após tirar as despesas variáveis e impostos sobre vendas do faturamento. Mede o quanto a operação/produto contribui para o pagamento das despesas fixas e resultados. | Contribuição ÷ Faturamento Bruto |
Margem Líquida |
Representa o resultado considerando todas as despesas. | Resultado ÷ Faturamento Bruto |
Endividamento sobre EBITIDA |
Estabelece o comprometimento da geração de caixa com o endividamento da empresa | Dívidas ÷ EBITIDA |
O segundo aspecto é o Cliente, nele vamos abordar os mercados em que gostaríamos de atuar, formas de diversificação, redução do poder do cliente na nossa operação, satisfação do cliente, entre outros.
O terceiro aspecto é relacionado aos Processos Internos, aqui é mais comum vermos implementado nas organizações, como por exemplo: sacas por hectare, custo por hectare, consumo de combustível e etc. Gostaria de acrescentar outros que são menos utilizados, como cumprimento de cronograma, custo por hora/máquina, eficiência operacional e faturamento por hectare.
Por fim, o item Aprendizado e Crescimento. É aqui que iremos mensurar como a empresa estabelece o processo de melhoria contínua. Estes indicadores estão relacionados ao desenvolvimento dos colaboradores (horas de treinamento, cumprimento do cronograma, etc…) e à criação de um Sistema de Gestão da Qualidade, com o propósito de melhorar os processos internos, bem como melhorar a informação que permeia a organização.
Observe que os quatro pilares do BSC integram toda a empresa e são como um farol, que guia os gestores para a melhor tomada de decisão. Ele deve estar integrado à gestão estratégica e ter metas para cada um dos indicadores. Ele gera conhecimento e traça tendências que possibilitam prever o futuro e corrigir o rumo.
Dito isso, o primeiro passo é mapear os processos críticos, que estão relacionados aos quatro pilares, definir formas de medição, métricas e colocar a mão na massa.