Avanços do Planejamento Espacial Marinho do Brasil são apresentados em workshop internacional
Os avanços do Brasil na implantação do Planejamento Espacial Marinho (PEM) foram apresentados em um workshop organizado pela FAO e o Instituto Italiano para a Proteção e Pesquisa Ambiental (Ispra) em Roma, de 29 a 31 de outubro. O PEM é um instrumento estratégico para o uso sustentável dos recursos marinhos e costeiros, compromisso assumido pelo Brasil durante a Conferência da ONU para os Oceanos em 2017, com meta de implementação até 2030. A iniciativa é liderada pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), composta por 18 ministérios e coordenada pela Marinha do Brasil.
O evento reuniu especialistas de diversos países para discutir estratégias relacionadas à integração da aquicultura no planejamento espacial marítimo. Durante os três dias, foram debatidos desafios, oportunidades e experiências para desenvolver abordagens eficazes nesse setor, destacando áreas prioritárias como governança, planejamento adaptativo, capacitação e conservação marinha. As reflexões contribuirão para a criação de um roteiro orientador pela FAO sobre planejamento espacial para aquicultura, a ser publicado em breve.
A cientista Lucíola Magalhães, representando a Embrapa Territorial e o Brasil, apresentou iniciativas de geração e compartilhamento de dados espaciais aplicados à aquicultura. Entre os exemplos, destacou o SITE Aquicultura, uma ferramenta tecnológica que organiza informações sobre a cadeia produtiva aquícola. Além disso, compartilhou números que revelam o crescimento expressivo da aquicultura no Brasil, com aumento significativo na produção de camarões e outras espécies entre 2016 e 2023.
A cientista também destacou a predominância da aquicultura no interior do país, com dados que mostram que apenas uma pequena parcela das estruturas produtivas está localizada na zona costeira. Mesmo assim, as interações entre áreas de produção aquícola e unidades de conservação foram enfatizadas, apontando a importância de uma gestão territorial integrada que equilibre produção sustentável e proteção ambiental.
O workshop evidenciou o alinhamento do Brasil com tendências globais em modelagem e análise espacial, além da publicização de dados em plataformas acessíveis. Magalhães ressaltou a necessidade de abordar os impactos das mudanças climáticas no planejamento aquícola, considerando conflitos potenciais de uso da terra e mudanças futuras na alocação de áreas de produção.
A implementação do PEM no Brasil está em fase inicial, com financiamento do BNDES e do Funbio, e uma abordagem regionalizada foi adotada para gerenciar o vasto território marítimo do país. A região Sul servirá como projeto-piloto, cujas lições aprendidas serão aplicadas às demais regiões, consolidando um planejamento espacial eficiente e sustentável para o uso dos recursos marinhos e costeiros brasileiros.
Fonte: Embrapa 18/11/2024
Imagem:geocracia.com 18/11/2024