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Sistemas de condução para uvas de suco em regiões tropicais

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(Curadoria Agro Insight)

Trouxemos na curadoria de hoje as principais características dos dois principais sistemas de condução de videiras. As informações são do Comunicado Técnico 211, da Embrapa Uva e Vinho, e ajudarão os produtores na decisão de qual sistema adotar, em função do custo, potencial de produção e qualidade do suco.

A produção de uvas para suco tem crescido nas regiões tropicais do Brasil, principalmente no Vale do São Francisco (VSF). Nessas regiões, os sucos de uvas comerciais estão sendo elaborados, principalmente, a partir de uvas ‘Isabel Precoce’, ‘BRS Magna’, ‘BRS Violeta’ e ‘BRS Cora’ (PADILHA et al., 2017; RITSCHEL et al., 2018; RITSCHEL; MAIA, 2019).

Para a produção de uvas para suco, em regiões tropicais, têm sido empregados, geralmente, sistemas de sustentação no vinhedo do tipo latada ou espaldeira.

A seguir vamos apresentar as principais vantagens e limitações de cada sistema, entre latada e espaldeira, visando fornecer subsídios aos viticultores para uma tomada de decisão quanto à sua adoção.

Sistema de sustentação do tipo latada

O sistema que tem sido mais utilizado na produção de uvas para suco no Vale do São Francisco, e em outras regiões tropicais, é a latada. Esse sistema apresenta um elevado custo de implantação, ao redor R$ 120.000,00 por hectare. No entanto, ele permite elevadas produtividades, que vão de 30 a 45 ton/ha por safra, podendo atingir 50-70 ton/ha/ano, somando-se as duas colheitas realizadas no Vale do São Francisco (PEREIRA et al., 2018).

 

Foto: Embrapa

A qualidade dos sucos provenientes de uvas conduzidas no sistema latada é superior à obtida nos elaborados com uvas oriundas do sistema em espaldeira, principalmente no que se refere aos teores de antocianinas, à intensidade de cor e à atividade antioxidante (PEREIRA et al., 2018). Isso ocorre porque o sistema em latada, nas condições de clima tropical semiárido do Vale do São Francisco, possibilita um maior sombreamento dos cachos e uma melhor proteção aos frutos, resultando em temperaturas mais baixas das bagas, principalmente durante o período diurno, o que promove maiores concentrações de antocianinas nos sucos (SANCHEZ-RODRIGUEZ et al., 2016).

Imagem: Embrapa

Sistema de sustentação do tipo espaldeira

O sistema em espaldeira apresenta um custo de implantação que gira em torno de R$ 80.000,00/hectare, 30% menor do custo do outro sistema, e tem sido adotado por algumas empre- sas na região do Vale do São Francisco visando, principalmente, facilitar a realização de colheita mecânica.

No Vale do São Francisco, os vinhedos cultivados em sistema de condução do tipo espaldeira, normalmente com ramos ascendentes, estão produzindo entre 10-15 ton/ha/safra, o que leva a uma produção anual, somando-se as duas colheitas, de 20 a 30 ton/ha/ano.

Como mencionado anteriormente, no Vale do São Francisco, variáveis relacionadas à qualidade dos sucos em espaldeira ficam, muitas vezes, abaixo dos resultados obtidos com o sistema em latada (PEREIRA et al., 2018). Contudo, em relação ao teor de sólidos solúveis totais (ºBrix) e à acidez total, sucos elaborados com uvas provenientes de videiras sustentadas em espaldeira não apresentam, normalmente, diferenças significativas, quando comparados com os sucos elaborados com uvas originárias de vinhedos conduzidos em latada (FERREIRA et al., 2018; PEREIRA et al., 2018).

Já a demanda hídrica de videiras conduzidas em espaldeira é, geralmente, inferior à da latada, uma vez que o uso de água pela cultura é proporcional à superfície foliar que intercepta a radiação solar incidente, o que equivale à porcentagem da área sombreada pela copa (CONCEIÇÃO et al., 2017). Esse fator pode ser determinante, principalmente em áreas com escassez de recursos hídricos.

Imagem/Foto: Embrapa

Considerações

A escolha do sistema de sustentação para a produção de uvas para suco vai depender de diversos fatores técnicos, econômicos e sociais. De um modo geral, se houver disponibilidade de recursos financeiros, o sistema latada, apesar de ser mais caro, ainda é o mais indicado para a produção de uvas para sucos em condições tropicais, em função das maiores produtividades e da melhor qualidade dos frutos e do suco.

Por outro lado, quando a disponibilidade hídrica ou os recursos financeiros forem limitados, pode-se cultivar videiras para suco em sistema de condução do tipo espaldeira, em função dos menores custos de implantação e da menor demanda de água (CONCEIÇÃO et al., 2017; MAIA et al., 2015; MIELE; MANDELLI, 2015). Além disso, as espaldeiras podem ser implantadas gradualmente, fileira por fileira, reduzindo, ainda mais, os custos de instalação (MAIA et al., 2015).

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

PEREIRA, G. E.; CONCEIÇÃO, M. A. F.; DUTRA, M. da C. P.; LIMA, M. dos S. Sistemas de condução de videiras para a produção de uvas para suco em regiões tropicais. Bento Gonçalves, RS: Embrapa Uva e Vinho, 2019. (Embrapa Uva e Vinho. Comunicado Técnico, 211).

CONCEIÇÃO, M. A. F.; TECCHIO, M. A.; MOURA, M. F.; SILVA, M. J. R. da. Demanda hídrica de videiras para a produção de uvas destinadas à elaboração de suco na região noroeste de São Paulo. Bento Gonçalves, RS: Embrapa Uva e Vinho, 2017. 8p. (Embrapa Uva e Vinho. Comunicado Técnico, 203).

FERREIRA, T. de O.; COSTA, R. R. da; ANDRADE NETO, E. R. de; LIMA, M. A. C. de. Qualidade da uva “BRS Magna” sob influência de sistemas de condução e porta-enxertos Do Submédio do Vale do São Francisco: segundo ciclo de produção. In: JORNADA DE INTEGRAÇÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO DA EMBRAPA SEMIÁRIDO, 3., 2018, Petrolina. Anais… Petrolina: Embrapa Semiárido, 2018. 235-239. (Embrapa Semiárido. Documentos, 284).

MAIA, J. D. G.; GARRIDO, L. da R.;CONCEIÇÃO, M. A. F. Manejo da uva “Niágara” em regiões tropicais. Informe Agropecuário, v. 36, n. 289, p. 30-40, 2015.

MIELE, A.; MANDELLI, F. Sistemas de condução da videira: latada e espaldeira. In: SILVEIRA, V. da; HOFFMANN, A.; GARRIDO, L. da (Eds.). Produção integrada de uva para processamento: implantação do vinhedo, cultivares e manejo da planta. Brasília, DF: Embrapa, 2015. v. 3, cap. 3, p. 41-49.

PADILHA, C. V. da S. ; MISKINIS, G. A. ; SOUZA, E. A. O. de; PEREIRA, G. E.; OLIVEIRA, D. de; BORDIGNON-LUIZ, M. T.; LIMA, M. dos S. Rapid determination of flavonoids and phenolic acids in grape juices and wines by RP-HPLC/ DAD: Method validation and characterization of commercial products of the new Brazilian varieties of grape. Food Chemistry, v. 228, p. 106-115, 2017.

PEREIRA, G. E.; CONCEIÇÃO, M. A. F.; DUTRA, da C. P.; LIMA, M. dos S. Características físico-químicas de sucos de uvas de vinhedos conduzidos em espaldeira e latada. Revista Brasileira de Viticultura e Enologia, v. 10, n. 10, p. 110-116, 2018.

RITSCHEL, P. S.; MAIA, J. D. G. Embrapa Uva e Vinho: cultivares de uva. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2019. 1 fôlder. RITSCHEL, P. S.; MAIA, J. D. G.; PROTAS, F. da S.; GUERRA, C. C.; PEREIRA, G. E.; LIMA, M. dos S. A viticultura e a agroindústria de suco de uvas americanas em um mercado em crescimento. Territoires du Vin, v. 9, p. 1-9, 2018.

SANCHEZ-RODRIGUEZ, L. A.; DIAS, C. T. dos S.; SPÓSITO, M. B. Fisiologia e produção da videira ‘Niágara Rosada’ nos sistemas de condução em espaldeira e em Y. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 51, n. 12, p. 1948-1956, 2016.

SANTOS, H. P. dos. Aspectos ecofisiológicos na condução da videira e sua influência na produtividade do vinhedo e na qualidade dos vinhos. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2006. 9p. (Embrapa Uva e Vinho. Comunicado Técnico, 71). Disponível em: https://ainfo.cnptia. embrapa.br/digital/bitstream/CNPUV/8806/1/ cot071.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

SPAYD, S. E.; TARARA, J. M.; MEE, D. L.; FERGUSON, J. C. Separation of sunlight and temperature effects on the composition of Vitis vinifera cv. Merlot berries. American Journal of Enology and Viticulture, v. 53, n. 3, p. 171-182, 2002.

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Tags: Espaldeiramento, Produção de uvas, Regiões tropicais, Sistemas de condução, Uva, Uva para suco, Videira, Videiras, Viticultura Mais InformaçõesBaixar publicação (PDF)

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