Semeadura do algodão safrinha

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(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, trouxemos algumas recomendações para a semeadura do algodão safrinha.

O plantio é umas das etapas mais importantes do cultivo do algodoeiro, sendo decisivo para a obtenção de altas produtividades. Ele requer muitos cuidados, pois dele depende todo o processo produtivo. No processo de semeadura, é fundamental a escolha correta da cultivar; o uso de sementes com alta pureza genética e qualidade fisiológica (germinação e vigor); a definição da época de semeadura, do espaçamento entre fileiras e da população desejada de plantas, do equipamento e da profundidade de semeadura; a realização do tratamento de sementes com fungicidas e inseticidas; a regulagem da dose e localização do adubo de semeadura etc.

Para o cultivo do algodoeiro como segunda safra, ou “safrinha”, realizado em algumas regiões após a colheita de soja precoce ou de feijão, a semeadura do algodoeiro deve ser realizada até o final de janeiro. Em algumas situações regionais, a semeadura se estende até meados de fevereiro; porém, é enorme o risco de redução da produtividade, uma vez que existe alta probabilidade de interrupção das chuvas no período de enchimento de maçãs.

Para qualquer cultivar de algodoeiro, cultivado em regime de sequeiro, recomenda-se que a semeadura não se prolongue além de um mês, de modo a reduzir problemas com pragas, particularmente o bicudo do algodoeiro, a lagarta rosada e percevejos, que podem comprometer seriamente o manejo de pragas e o rendimento.

Sementes

O produtor que adquire uma semente de qualidade deve esperar que o seu plantio resulte na reprodução das características especificadas pela descrição da cultivar, com o máximo de uniformidade.

O controle de qualidade das sementes é regulamentado pelo Governo Federal em legislação específica que trata do comércio e fiscalização de sementes e mudas.

A legislação brasileira recente permitiu a implantação, em todo o país, de sementes certificadas. A produção de sementes envolve diferentes entidades, responsáveis pelas sucessivas etapas que resultam na disponibilização das sementes aos produtores.

Classes de Sementes

A semente certificada é o resultado de um material vegetal, de cujas características genéticas os atores envolvidos no processo produtivo têm pleno conhecimento. Para que se produza a semente certificada, o ponto de partida é uma pequena quantidade de sementes de determinada cultivar, obtida pelo melhoramento genético ou da multiplicação das sementes de uma cultivar já existente, sob condições rigorosamente controladas (Carvalho & Nakagawa, 1980).

Essa pequena quantidade de sementes, ao ser multiplicada, resulta no aparecimento de algumas classes intermediárias, até se alcançar o nível de semente certificada:

  1. Semente Genética: material de reprodução obtido a partir de processo de melhoramento de plantas, sob a responsabilidade e controle direto do seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas características de identidade e pureza genéticas. É produzida sob responsabilidade do melhorista. A partir desta, é produzida a semente básica.
  2. Semente Básica: material obtido da reprodução de semente genética, realizada de forma a garantir sua identidade genética e sua pureza varietal. Resulta da multiplicação da semente genética, produzida sob a responsabilidade do obtentor ou de uma instituição por ele autorizada. Em geral, é a partir desta classe que se produz a certificada.
  3. Semente Certificada de Primeira Geração (C1): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente básica ou da semente genética. Resulta da multiplicação da semente básica, mantendo sua pureza varietal e identidade genética e produzida sob controle da entidade certificadora.
  4. Semente Certificada de Segunda Geração (C2): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente genética, da semente básica ou da semente certificada de primeira geração. É produzida pela entidade produtora de acordo com normas estabelecidas pela entidade certificadora.
  5. Semente S1 e Semente S2:  referem-se, respectivamente, às sementes de primeira e de segunda geração da classe não certificada, com origem genética comprovada. Quando não houver tecnologia disponível para a produção de sementes genéticas da espécie, o MAPA poderá permitir a produção de “Semente S1″ e “Semente S2” sem comprovação de origem genética.

Teste de germinação

O principal atributo da qualidade fisiológica de qualquer lote de semente é a porcentagem de germinação, que representa a capacidade da semente em dar origem a uma plântula normal e sadia.

A porcentagem de germinação é determinada por meio do teste de germinação, com o objetivo de avaliar as sementes tanto para fins de plantio como para comercialização.

As sementes usadas no teste de germinação são originadas da fração “semente pura” e devem ser contadas sem discriminação quanto ao tamanho e aparência.

O prazo para a avaliação da germinação é de 2 semanas, sendo a primeira e segunda contagens com 7 e 14 dias; é quando as plântulas são avaliadas.

O poder germinativo das amostras testadas é a média da porcentagem das plântulas normais, presentes em 4 ou 8 repetições. Considera-se uma plântula normal aquela que apresenta características indicativas de sua capacidade de, sob condições favoráveis, crescer e se transformar em planta normal.

O potencial de germinação das amostras testadas pode ser avaliado pelo próprio cotonicultor por meio de testes de emergência no campo ou em areia.

No teste de areia, que é o mais simples, para cada amostra, utilizam-se 4 repetições de 50 sementes cada uma, que devem ser semeadas em caixas de madeira, de 22 cm x 30 cm x 10 cm, contendo cerca de 4 kg de solo de textura média. Devem-se fazer 5 sulcos em cada uma e colocar 10 sementes por sulco. A quantidade de água a ser aplicada nas caixas de solo deve ser controlada para evitar encharcamento. Em geral, de 7 a 10 dias após a semeadura, dependendo da temperatura ambiental, ocorre a germinação quando se realiza a contagem das plântulas emergidas, ou seja, aquelas cujas partes aéreas se apresentarem normais.

O resultado do teste de germinação da amostra analisada deve ser de pelo menos 80%, com um mínimo admissível de 75%.

Grau de umidade

O objetivo desta análise é determinar o teor de água nas sementes por métodos adequados em análises de rotina, que se baseiam na perda de massa das sementes secas em estufa.

A determinação deste critério é importante, porque o teor de umidade das sementes afeta diversos processos biológicos. Se a semente for armazenada com teor de umidade superior ao ideal, pode ocorrer o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos, inclusive a indução de sua germinação.

O teor de água máximo tolerável para a amostra de sementes de algodão é de 12%, pois favorece a manutenção da germinação e possibilita a conservação das sementes em ambiente aberto, durante 6 a 8 meses, podendo acarretar nesta faixa ataque de insetos.

Cuidados importantes durante a semeadura

  • Para a semeadura do algodoeiro recomendam-se as semeadoras-adubadoras, que trabalham em linhas, colocando as sementes no solo, em densidade, espaçamento e profundidade recomendados para o algodoeiro e, ao mesmo tempo, deposita o adubo na profundidade e doses indicados. O uso dessas máquinas facilita os tratos culturais e o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.
  • O dimensionamento das máquinas interfere na qualidade do processo produtivo e, principalmente, na qualidade e quantidade da produção final. Máquinas menores e em menor número do que o necessário para a área a ser semeada, demandam maior velocidade de trabalho para que a semeadura se dê na época adequada, aumentando a chance de falhas ou alteração do estande, dificultando o controle de plantas daninhas e diminuindo a produtividade. Deve-se considerar que a semeadora-adubadora trabalhando a 5,5 km/hora, semeia de 25 a 35 ha, a cada oito horas de trabalho.
  • A semeadura deve ser feita em nível, o que diminui a erosão e evita, ao máximo, os arremates. Estes, além de diminuírem o rendimento da operação de semeadura, podem promover remontes de linhas aumentando o gasto de semente e dificultando os tratos culturais durante o ciclo da cultura.
  • A uniformidade de distribuição das plantas dentro da linha de cultivo é tão importante quanto a população de plantas (n° de plantas m-2). Falhas na distribuição de sementes levam a perdas por baixo estande ou por competição intraespecifica (entre as plantas). A qualidade da semeadura é definida no momento em que as sementes são adquiridas, pois semente de boa qualidade implica em regulagens mais simples, precisas e satisfatórias. Por isso as sementes devem ser de alta qualidade, puras, padronizadas e com alto poder germinativo. Sementes com a qualidade requerida e semeadora bem regulada induzem a distribuição ideal, não havendo necessidade de raleação (arranquio de plântulas para que o n° de plantas/m2 fique próximo ao ideal).
  • Durante a semeadura, a regulagem da semeadora pode sofrer modificações, devido a variações na superfície do terreno, na umidade e no teor de argila do solo. Portanto, recomenda-se aferir periodicamente essa regulagem.
  • Atualmente, o algodoeiro é cultivado em dois sistemas com espaçamentos entre linhas distintos: sistema convencional com espaçamento entre linhas igual ou superior a 0,76 m e sistema adensado com espaçamento entrelinha igual ou menor que 0,76 m. No sistema convencional, a semeadura é realizada como “safra” principal ou primeira safra e também de segunda safra em plantios feitos antes do final do mês de janeiro (principalmente em MT). Normalmente, são utilizadas de 6 a 12 sementes por metro, com população entre 70.000 a 120.000 plantas/ha. Nesse sistema, o processo de colheita é feito, obrigatoriamente, com colheitadeiras de fusos, as quais garantem algodão com excelente qualidade, uma vez que este tipo de equipamento é bastante seletivo, colhendo com o mínimo de contaminação da fibra.
  • O sistema de semeadura adensada, normalmente, é feito no espaçamento de 0,45 m nas entrelinhas. É um sistema adotado pelos agricultores que cultivam o algodoeiro no período de “segunda safra, ou safrinha” em plantios feitos tardiamente (normalmente em fevereiro), após a colheita de feijão ou de soja de ciclo curto, semeados no início da estação chuvosa. Nesse sistema, como o período de disponibilidade hídrica ao algodoeiro é menor, o número de nós e o seu ciclo tendem a ser reduzidos, devendo-se priorizar cultivares de ciclo curto ou médio, com porte menor. Devido ao pouco crescimento do algodoeiro, a população de plantas usada pode chegar a 200.000 plantas por hectare, dependendo da cultivar. No sistema adensado em segunda safra, a colheita mecanizada pode ser feita com colheitadeiras equipadas com plataforma de fusos adaptadas ou com colheitadeiras com plataformas de pente, que são mais baratas e as mais comumente utilizadas. Entretanto, vale ressaltar que a contaminação da fibra é maior quando são usadas colheitadeiras de pente, e por isso o cuidado na condução da lavoura deverá ser redobrado, uma vez que a presença de plantas daninhas ou de maçãs imaturas, e problemas na desfolha, podem agravar ainda mais a contaminação da fibra. Em razão dessas questões de dificuldade de colheita e contaminação/qualidade de fibra, cada vez mais têm sido cultivadas cultivares de algodoeiro de ciclo precoce ou médio, no período de safrinha, com espaçamento de 76 cm entre as fileiras, com população de plantas entre 120.000 a 160.000 plantas/ha.
  • A semeadura do algodoeiro no Cerrado é feita mecanicamente, com semeadora tratorizada. Deve ser efetuada em curva de nível ou, pelo menos, em sentido perpendicular ao escorrimento das águas. A profundidade de semeadura deverá fixar-se entre 3 cm e 5 cm, conforme a textura e a capacidade de armazenamento de água do solo. De maneira geral, quanto maior a capacidade de retenção de água do solo, menor a profundidade de semeadura. Solos de textura arenosa e com baixa capacidade de armazenamento de água requerem maior profundidade que os solos de textura argilosa. Para os arenosos, recomenda-se a semeadura a 5 cm de profundidade e, para os argilosos, a 3 cm.
  • O fertilizante deve ficar no mínimo 5 centímetros ao lado e abaixo da semente. Quanto maior o índice salino ou ácido do adubo mais distante este deve ficar da semente.
  • Para a semeadura, a umidade do solo deve estar próxima da capacidade de campo (nesse caso, ao se apertar um punhado de terra entre os dedos, a terra adquire a forma de um cilindro, por ex., sem produzir excesso de água que escorreria entre os dedos). Isso permitirá boa geminação e favorecerá a emergência uniforme. A germinação ocorre entre 18 e 24 horas após a reidratação da semente e, a emergência, de quatro a dez dias após a semeadura. No chamado “plantio no seco”, a semente permanecerá viável (considerando que as sementes são previamente tratadas) no solo, germinando após as primeiras chuvas.
  • A temperatura ótima do solo para a germinação das sementes do algodoeiro é de 25°C a 30°C. Temperaturas baixas (~ 11°C) ou elevadas (>40°C) prejudicam a germinação do algodoeiro. Quando a umidade do solo é excessiva o teor de oxigênio disponível é muito reduzido fazendo com que o crescimento inicial das raízes seja paralisado. A germinação pode ainda não ocorrer devido a casos de impermeabilidade do tegumento, a substâncias inibidoras (acido abscísico) produzidas pela própria semente e a teores elevados de alúminio (Al+3) no solo (fato este que não se espera que ocorra no SPD pois, entre outras ações, antes da implantação aplicou-se corretivos e, a cada dois anos, novas aplicações de calcário devem ter sido realizadas).
  • A população de plantas por unidade de área tem forte relação com a produtividade final. Recomenda-se que haja de 80 mil a 120 mil plantas ha-1 para o espaçamento entre fileiras de 0,80 a 0,90 m, com 8 a 12 plantas m-1 de linha. Qualquer alteração no espaçamento e na densidade de plantas deve ser feita com muito critério, uma vez que, pode influenciar o crescimento e o desenvolvimento do algodoeiro e, neste caso, sugere-se manter de 8 a 12 plantas m-2.
  • Deve-se cuidar para que o espaçamento entre fileiras obedeça ao espaçamento das linhas da colheitadora. Nesse sentido, a semeadora deve ter o mesmo numero de linhas da colheitadora ou pelo menos, obedecer a seus múltiplos. Além disso, o espaçamento entre fileiras pode se constituir em excelente forma de controle de plantas daninhas, pois tanto o início, quanto a duração do período critico da competição planta daninha x algodoeiro, dependem do espaçamento dessa cultura.
  • A semeadura do algodoeiro é variável com a região. A cultivar pode ser a Delta Opal (verificar sugestões de cultivares em Sistema de Produção para o Brasil Central – Informações Complementares), semeada no espaçamento de 91 cm entre linhas, perfaz a quantidade de 11 kg ha-1 de sementes.
  • No tratamento das sementes (atenção: verificar quais os tratamentos que foram realizados pelo fornecedor de sementes) aplicam-se fungicidas e inseticidas, numa mesma operação, com equipamentos específicos. Os fungicidas e doses são: tolifluanida (16,8 g ha-1 ou 300 g do produto comercial/100 kg de sementes) + pencicurom (4,9 g ha-1 ou 150 g do produto comercial/100 kg de sementes) + triadimenol (3,9 g ha-1 ou 200 g do produto comercial/100 kg de sementes). Os inseticidas e doses são: tiametoxam (2,7 g ha-1 ou 300 g do produto comercial/100 kg de sementes) + dietolato (protetor contra fitotoxidez do herbicida clomazone) na dose de 108 g ha-1 de pc (produto comercial).
  • A adubação feita na linha de semeadura deve conter nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, enxofre, zinco, boro, cobre e manganês. Trinta e cinco porcento do potássio são aplicados na linha e, o restante, em cobertura.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

STAUT, L.A.; HERNANI, L.C. Semeadura. Embrapa. Acesso em 07/02/2023.

ARAUJO, A.E.; QUEIROGA, V. de P. Cultura do Algodão no Cerrado. In: Sistema de Produção Embrapa. 2ª edição. Embrapa Algodão, Sistema de Produção, 2, Jun/2017.

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Tags: algodão, Cultivar, Gossypium hirsutum, População de planta, safrinha, Variedade

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