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Retrospectiva 2021 – Mercado do Algodão

ALGODÃO: Mercado mundial aquecido

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje trouxemos uma retrospectiva do mercado do algodão em 2021. A análise é realizada pelo Prof. Dr. Joaquim Bento S. Ferreira Filho, Prof. Dr. Lucilio Alves, Ana Luisa Corrêa e Hillary Batista de Oliveira.

Menor produção e firme demanda externa levam preço a recorde nominal.

Os preços do algodão em pluma estão em movimento de alta desde meados de 2020 e, em 2021, renovaram – de forma consecutiva – os patamares máximos nominais da série histórica do Cepea. O impulso veio das elevações dos valores internacionais, do alto patamar do dólar frente ao Real e do aumento da paridade de exportação, que também atingiu recorde no ano, em um ambiente de menor produção doméstica e de demanda internacional firme. Além disso, o bom volume da produção já comprometida via contratos a termo para exportação reduziu a disponibilidade no spot.

Entre 30 de dezembro de 2020 e o final de dezembro de 2021, a paridade de exportação acumulou alta de 48%, impulsionada pela valorização de 8,7% do dólar frente ao Real e pelo aumento significativo de 47% do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) no mesmo período. Em 2021, o primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (ICE Futures) avançou em torno de 45%. Vale considerar que os contratos também registraram os maiores valores desde suas respectivas aberturas.

Assim, depois de subir 42% ao longo de 2020, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou expressivos 68,23% em 2021, fechando em R$ 6,4085/lp no dia 30 de dezembro. No primeiro semestre, o aumento foi de 23,16% e, no segundo, de 37%. Apenas nos dois primeiros meses de 2021, a elevação foi de mais de 30%. A média de dezembro foi de R$ 6,3615/lp, um recorde, em termos nominais. Ao se considerar a inflação (IGP-DI, base em nov/21), o preço médio de dezembro/21 foi o maior desde abril/11, quando chegou em R$ 8,3193/lp.

No primeiro trimestre, a recuperação do consumo em toda a cadeia têxtil foi acima das expectativas dos agentes do setor, o que acabou pressionando os estoques de passagem em relação ao que se esperava e elevando a demanda de compradores nacionais. No segundo trimestre, o mercado brasileiro ficou ainda mais atrativo que o internacional, tendo em vista a paridade de exportação. Como consequência, em abril, as tradings começaram a participar mais das negociações do mercado doméstico, aumentando a oferta, o que resultou em queda de preços naquele mês. Além disso, o período foi marcado das restrições, devido ao avanço da pandemia de covid-19 no País.

Já em maio, o volume disponível de algodão da safra 2019/20 era cada vez mais restrito, e os agentes já se mostravam preocupados com possíveis impactos causados pelos efeitos climáticos nas lavouras da próxima temporada. Assim, o Indicador atingiu média de R$ 5,1563/lp em maio, até então, o recorde mensal da série do Cepea, iniciada em julho de 1996, e diferença de 23% frente à paridade de exportação, a maior em quatro anos e cinco meses.

Em junho, por sua vez, os preços voltaram a cair, visto que as indústrias não estavam conseguindo repassar os aumentos dos custos da matéria-prima na mesma proporção para os seus produtos. E, com isso, estas unidades faziam apenas compras pontuais e envolvendo baixos volumes. A partir de julho, mesmo com a entrada mais volumosa da temporada 2020/21, os valores estiveram em firme movimento de alta mensal – o que se observa até atualmente.

No geral, ao longo do segundo semestre, produtores estiveram focados na colheita, no beneficiamento, na classificação e no cumprimento de contratos a termo. Os vendedores ativos seguiram firmes e elevando os preços pedidos, baseados na menor produção da safra 2020/21, no maior volume de pluma já comercializado e nos estoques mais baixos. Do lado comprador, demandantes que precisaram de lotes tiveram que ceder e pagar valores maiores para novas aquisições. Outra parcela das empresas, por sua vez, esteve resistente em aceitar os reajustes, devido aos períodos de fracas vendas no varejo.

Estimativas da safra 2020/21

De acordo com a Conab, houve redução de 17,7% na área semeada na safra 2020/21 frente à anterior, somando 1,37 milhão de hectares. Além disso, com a queda de 4,5% na produtividade (1.721 kg/ha), a produção caiu 21,4%, totalizando 2,36 milhões de toneladas. A Conab estima consumo de 725 mil toneladas na temporada 2020/21, 21% maior que o da safra anterior e, inclusive, superior ao das temporadas antes da pandemia. Com suprimento projetado em 4,1 milhões de toneladas e as exportações estimadas em 2 milhões de toneladas, o estoque de passagem em dezembro/21 é estimado em 1,4 milhão de toneladas pela Conab.

Exportação

Segundo a Secex, de janeiro a dezembro, o Brasil exportou 2,02 milhões de toneladas de pluma, 5% inferior ao recorde de 2020.

USDA

A produção mundial da temporada 2020/21 foi estimada em 24,3 milhões de toneladas, 7,7% abaixo da anterior (2019/20); já o consumo global foi indicado em 26,3 milhões de toneladas, elevação de expressivos 17,3%, diante da retomada das fábricas e do comércio depois das restrições para conter a pandemia. Quanto à comercialização mundial, a temporada 2020/21 registrou recorde, com as importações estimadas em 10,67 milhões de toneladas (aumento de 20,1% frente à temporada anterior) e as exportações, em 10,55 milhões de toneladas (avanço de 17,7%). Assim, o estoque mundial teve queda de 8,9% frente à safra 2019/20, para 19,29 milhões de toneladas.

Caroço de algodão

Os preços de caroço de algodão em pluma que já haviam registrado recordes em 2020, mas renovaram as máximas em 2021. O estímulo veio da forte demanda e da alta nos valores de produtos concorrentes, como a soja e o milho.

REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS

FERREIRA FILHO, J.B..S.; ALVES, L.; CORRÊA, A.L.; OLIVEIRA, H.B. CEPEA: RETROSPECTIVAS DE 2021.

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Tags: algodão, Exportação, Mercado

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