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Previsão do clima para os próximos meses de 2023

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje a curadoria compartilha a previsão climática para os próximos meses de 2023. O conhecimento das condições de clima é fator fundamental para o planejamento das atividades agropecuárias e para a sustentabilidade dos sistemas de produção.

Prognóstico Agroclimático para o período de abril, maio e junho de 2023

Região Norte

A previsão climática produzida com o método objetivo (multimodelo – cooperação entre INPE, INMET e FUNCEME) indica o predomínio de chuvas acima da média climatológica na faixa norte da região, devido principalmente à atuação Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principalmente nos meses de abril e maio. No sul da região amazônica, a previsão é de chuvas próximas e ligeiramente abaixo da média durante o trimestre.

A temperatura média do ar deverá prevalecer em praticamente toda a região próxima da climatologia. Entretanto, no leste do Tocantins e divisa com o Pará, são previstas temperaturas ligeiramente acima da normal climatológica. Já a previsão do balanço hídrico continua indicando a manutenção de áreas com armazenamentos elevados (maiores que 80%) em praticamente toda a região, com exceção de áreas do norte de Roraima, no mês de abril. Entretanto, em áreas do extremo sul da região, além do estado de Tocantins, a redução nas chuvas poderá impactar negativamente os níveis de água no solo a partir de maio. Em áreas do extremo norte da região, como em Roraima, a previsão de chuvas dentro ou acima da média poderá ocasionar a recuperação da umidade do solo, além de manter bons níveis de água no solo nas demais áreas.

Região Nordeste

A previsão indica chuvas acima da média na faixa norte da região, ocasionadas principalmente pela a atuação da ZCIT, além do padrão de águas ligeiramente mais aquecidas próximas à costa, que também pode favorecer as chuvas na costa dos Estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. Já no oeste da Bahia, centro-sul do Piauí, Paraíba e Pernambuco, a previsão é de chuvas próximas e ligeiramente abaixo da média.

Quanto a temperatura do ar, deve ficar próxima da média histórica em quase toda região, exceto no centro e oeste da Bahia, onde as temperaturas devem ficar acima da climatologia, principalmente em junho.
Há previsão de chuvas dentro ou acima da média em grande parte da região, em especial no MATOPIBA (região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e em áreas do SEALBA (região que abrange os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia) onde o modelo continua indicando que poderá auxiliar a manutenção da umidade no solo e beneficiar as culturas de segunda safra na região, como o milho e o feijão, porém, o excesso de água poderá afetar as operações de colheita dos cultivos de primeira safra. No entanto, a partir do mês de maio, há previsão de redução das chuvas, principalmente em áreas do interior da região, fazendo com que haja diminuição dos níveis de água no solo, principalmente em áreas centrais da Bahia, o que pode impactar negativamente as culturas que se encontrem em estágios fenológicos mais sensíveis. Já em áreas do norte e da costa leste da região, a previsão indica manutenção da umidade do solo em todo o trimestre, com valores superiores a 80%.

Região Centro-Oeste

A previsão do multimodelo indica a tendência da precipitação ficar abaixo da média histórica no Mato Grosso do Sul, concordando com o período seco da região que terá início a partir do mês de maio. Para o restante da região, são previstos totais de chuva próximos do trimestre, exceto no leste do Mato Grosso onde as chuvas devem ficar ligeiramente acima da média.

As previsões indicam que as temperaturas devem ficar próximas e acima da climatologia nos próximos meses, principalmente no sudoeste do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e área central de Goiás. Os cultivos de primeira safra, em geral, foram beneficiados pelos bons acumulados de chuva e altos níveis de água no solo nos últimos meses. Em áreas do Mato Grosso, as chuvas previstas dentro ou acima da média podem contribuir para uma manutenção do armazenamento em abril, com valores maiores que 80% em grande parte do estado. No entanto, nas demais áreas, a partir do mês de abril, há previsão de redução do armazenamento hídrico por conta da diminuição das chuvas, o que pode afetar as culturas agrícolas, principalmente, as de segunda safra que já estiverem em estádios fenológicos sensíveis ou sob deficiência hídrica.

Região Sudeste

São previstas chuvas abaixo da média histórica em grande parte de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Assim como na Região Centro-Oeste, climatologicamente, existe uma redução das chuvas à medida que o inverno se aproxima. No Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais, a previsão indica totais de chuva próximos à climatologia do trimestre.

A temperatura do ar deve ficar acima da média histórica no centro-sul de Minas Gerais, São Paulo e sul do Rio de Janeiro. Nas demais áreas, as temperaturas deverão permanecer próximas à média. Assim como na Região Centro-Oeste, as condições climáticas observadas nos últimos meses foram favoráveis para a manutenção dos níveis de água no solo e para o bom desenvolvimento dos cultivos de primeira safra, principalmente em áreas do centro-sul da região. Entretanto, a previsão de chuvas dentro ou ligeiramente abaixo da média nos próximos três meses poderá afetará negativamente os níveis de água no solo em grande parte da região, principalmente em áreas do norte de Minas Gerais,
oeste de São Paulo e no Espírito Santo, causando impactos às culturas que se encontrem em fases fenológicas mais sensíveis ou sob déficit hídrico.

Região Sul

A previsão é de chuvas abaixo da média climatológica nos próximos meses, principalmente no oeste de Santa Catarina e Paraná. Na parte sul do Rio Grande do Sul, a previsão é de chuvas próximas da média climatológica.

A temperatura do ar deverá prevalecer acima da média histórica durante o trimestre, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Na Região Sul, mesmo que ocorram chuvas dentro ou abaixo da média no  Paraná e em Santa Catarina, os níveis de água no solo ainda poderão continuar altos, com valores superiores a 90%, devido aos altos volumes de chuva que foram observados nos últimos meses, o que pode beneficiar o desenvolvimento dos cultivos
de segunda safra, além das fases finais dos cultivos de primeira safra. Já no Rio Grande do Sul, as chuvas previstas próximas à média histórica serão importantes para a recuperação e manutenção do armazenamento de água no solo,
com valores maiores que 70%, além de favorecer o desenvolvimento dos cultivos de segunda safra.

Condições oceânicas observadas e tendências

A interação entre a superfície dos oceanos e a atmosfera interfere nas condições do tempo e do clima em diversas localidades no mundo. No Brasil, fenômenos como El Niño-Oscilação Sul (ENOS), no Oceano Pacífico Equatorial, e o gradiente térmico do Oceano Atlântico Tropical, também chamado de Dipolo do Atlântico, são exemplos dessa interação oceano-atmosfera que influenciam o clima no Brasil. Neste contexto, as águas mais quentes no Atlântico Tropical Sul e águas mais frias no Atlântico Tropical Norte favorecem a ocorrência de chuva em grande parte norte do Brasil (Dipolo Negativo). Caso contrário, há uma redução de chuva na região citada (Dipolo Positivo).

No mês de março/2023, áreas do Atlântico Norte mantiveram-se ligeiramente mais aquecidas em relação ao Atlântico Sul, com uma diferença de 0,04ºC, mantendo a região de Dipolo neutra, entretanto os ventos de nordeste estiveram mais intensos, transportando umidade para a costa norte do Brasil, desde o Amapá até o Ceará.

No Oceano Pacífico Equatorial, as médias mensais da área de referência para definição do evento ENOS, denominada região de Niño 3.4 (entre 170°W-120°W), vem-se observando valores de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) menores que -0,5°C, indicando condições de La Niña ao longo do ano de 2022. No entanto, a partir do início de 2023, esta anomalia sofreu um enfraquecimento da intensidade, passando de -0,7ºC em janeiro para -0,4ºC em fevereiro, valor considerado próximo a condição de neutralidade. Em março foi constado o final do fenômeno La Niña após três anos de duração, com valor de anomalia igual a zero.

O modelo de previsão de ENOS do APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa sediado na Coréia do Sul, indica uma transição da fase de Neutralidade para o início da fase quente (El Niño) nos próximos meses, com uma probabilidade superior a 70% durante o inverno. Desta forma, é fundamental acompanhar as atualizações destas previsões nos próximos boletins.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

Boletim Agroclimatológico / Instituto Nacional de Meteorologia. – v.58 n. 04 – (2023) – Brasília: Inmet, 2023.

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Tags: El Niño-Oscilação Sul (ENOS), INMET

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