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Porta-enxertos para cultivares de uvas de mesa sem sementes

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje, a curadoria Agro Insight traz uma publicação de Patrícia Coelho de Souza Leão, pesquisadora da Embrapa, sobre a influênca dos porta-enxertos nos aspectos de crescimento, produção e qualidade de cultivares de uvas sem sementes.

Porta-enxertos para a produção de uvas de mesa sem sementes no Vale do São Francisco

A escolha adequada do porta-enxerto tem impacto significativo no êxito do cultivo da videira (Vitis sp.), tendo em vista a necessidade de compatibilidade e afinidade entre o porta-enxerto e a cultivar copa.

A escolha do porta-enxerto é realizada pelos produtores antes da implantação do vinhedo e no momento da aquisição das mudas, portanto, ela se torna tão importante quanto a escolha da cultivar copa pois será definitiva. Escolhas equivocadas implicam em prejuízos econômicos que não poderão ser corrigidos posteriormente, levando à necessidade de eliminação do vinhedo e substituição das plantas.

De um lado, somente após a definição desta combinação cultivar copa x porta-enxerto, o produtor poderá providenciar a produção das mudas em um viveirista credenciado. Por outro lado, não se deve buscar por uma combinação ideal copa e porta-enxerto, visto que inúmeros fatores afetam as res- postas fisiológicas e agronômicas da videira após a sua enxertia e não existe um único porta-enxerto que atenda aos diferentes objetivos e para todas as condições ambientais e de manejo.

Para auxiliar na tomada de decisão e escolha do porta-enxerto, o produtor deve dispor de informações que permitam responder as seguintes questões abaixo, considerando-se as condições edafoclimáticas específicas de cada área:

  • 1) Quais porta-enxertos promovem o desenvolvimento de plantas com vigor moderado e relação vigor e produção de frutos equilibrada?
  • 2) Quais porta-enxertos promovem aumento nos componentes de produção como brotação, fertilidade de gemas, número de cachos e, consequentemen- te, maior produtividade?
  • 3) Quais porta-enxertos promovem a produção de cachos e bagas com maior massa e tamanho e um padrão uniforme em toda a planta?
  • 4) Quais porta-enxertos promovem a melhoria dos atributos de qualidade da uva como teor de sólidos solúveis, adequada relação açúcares e acidez, cor uniforme, teor de antocianinas, polifenóis, entre outros, bem como a manu- tenção da qualidade da fruta na fase pós-colheita?
  • 5) Quais porta-enxertos promovem maior tolerância a estresses bióticos, como pragas e doenças que afetam o sistema radicular da videira?
  • 6) Quais porta-enxertos promovem melhor adaptação das videiras à estres- ses abióticos, tais como, solos pobres, rasos, compactados, mal drenados, salinos, sujeitos à restrição ou excesso de água temporários, características comuns nos solos do Semiárido?

Dificilmente um único porta-enxerto poderá responder a todas as questões acima. Portanto, elas devem ser priorizadas considerando-se as maiores li- mitações de cada vinhedo e os objetivos do produtor.

A) Porta-enxertos

Existem centenas de cultivares de porta-enxertos disponíveis, obtidos por diferentes programas de melhoramento, a maioria deles entre os séculos XIX até meados do século XX, objetivando atender a problemas específicos de cada região produtora. Portanto, somente o desenvolvimento de pesquisa local poderá avaliar o comportamento dos porta-enxertos em cada condição ambiental, ressaltando-se, ainda, que as respostas das combinações copa x porta-enxerto resultam das suas interações com o ambiente e com o manejo do vinhedo, o que pode resultar em diferentes respostas para o mesmo por- ta-enxerto dentro de uma mesma região vitivinícola. Além disso, a influência do porta-enxerto sobre a cultivar copa tende a mudar entre as fases juvenil e adulta das plantas, o que aumenta a complexidade destes estudos, levando à necessidade de pesquisas de longa duração e sob condições edafoclimáticas e de manejo bem caracterizadas e específicas, não permitindo extrapolar os resultados para outras condições ambientais e cultivares.

Porta-enxertos de videira têm a capacidade de se adaptar a características adversas do solo, tais como restrição hídrica, elevada umidade, níveis exces- sivos ou deficientes de macro e micronutrientes, salinidade, como também podem prevenir pragas e doenças que afetam o sistema radicular como filoxera, nematoides, fusariose e outros fungos que provocam declínio e morte de plantas.

Além destes aspectos, a sua influência sobre a fisiologia, desenvolvimento, vigor da planta, produtividade, características físicas e físico-químicas da uva e dos produtos elaborados tem sido demonstrada em numerosos estudos realizados com diferentes cultivares copa e condições ambientais.

Desse modo, a enxertia e utilização de porta-enxertos têm crescido em to- das as regiões vitivinícolas no mundo, mesmo naquelas mais tradicionais e resistentes a mudanças. Entretanto, os benefícios advindos desta prática dependem da escolha adequada do porta-enxerto em função de cada cultivar copa e condições edafoclimáticas de cada região produtora.

Os resultados de pesquisa realizadas pela Embrapa Semiárido nas últimas décadas somados à experiência de campo do setor produtivo definiram um grupo de porta-enxertos que têm demonstrado compatibilidade e afinidade com as cultivares de videira utilizadas no Vale do São Francisco. Estes porta- enxertos foram desenvolvidos pelo programa de melhoramento genético do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), são eles: o IAC 572 (‘Jales’), IAC 313 (‘Tropical’) e IAC 766 (‘Campinas’), como também ‘Harmony’ (Estados Unidos), ‘Paulsen 1103’ (Itália) e ‘SO4’ (Alemanha). Outros foram introduzi- dos recentemente, com poucas informações de pesquisa, não sendo ainda amplamente utilizados como ‘Freedom’ e ‘Salt Creek’ ou ‘Ramsey’ (Estados Unidos) e ‘101-14 Millardet et de Grasset ou 101-14 MGt (França).

B) Efeito dos porta-enxertos sobre as cultivares

Vigor

Não houve influência do porta-enxerto no vigor de videiras ‘BRS Vitória’ e ‘BRS Isis’. A massa média dos ramos eliminados pela poda nas videiras ‘BRS Vitória’ variou de 5 kg, sobre o porta-enxerto Paulsen 1103, até 6 kg de ramos por planta, no IAC 572. Por sua vez, nas videiras ‘BRS Isis’, foram observa- dos valores desde 3,6 kg por planta, sobre o porta enxerto IAC 313, até 4,75 kg nas videiras enxertadas sobre ‘Paulsen 1103’. O vigor das videiras apre- sentou alternância entre os ciclos de produção, excesso de carga e produti- vidades muito elevadas resultaram em ramos fracos, pouco vigorosos, com menor massa dos ramos na poda seguinte.

Brotação e fertilidade de gemas

Não foram observados efeitos do porta-enxerto na brotação e fertilidade de gemas das cultivares BRS Vitória e BRS Isis. A percentagem de brotação média dos porta-enxertos foi similar nas duas cultivares (73% e 74%, respectivamente), com pequenas variações entre porta-enxertos.

O índice de fertilidade de gemas, que mede o número de cachos por broto nos ramos da última poda, também apresentou pequenas diferenças entre os porta-enxertos, com valores médios de 0,74 e 0,84 cachos por broto nas videiras ‘BRS Vitória’ e ‘BRS Isis’, respectivamente.

Produtividade

O porta-enxerto teve influência no aumento de produtividade das videiras BRS Isis e BRS Clara, mas não afetou de forma significativa a cultivar BRS Vitória. Na cv. BRS Vitória a produtividade foi elevada em todos os porta-enxertos, variando de 25 t/ha no porta enxerto Freedom até 29 t/ha nas videiras enxertadas sobre ‘Paulsen 1103’ e ‘IAC 313’, correspondendo a um incremento de 14% na produtividade sobre estes últimos porta-enxertos.

Nas videiras ‘BRS Isis’, a produtividade foi muito elevada em todos os porta-enxertos, variando de 48,8 t ha ano-1 no ‘SO4’, até 66,6 t ha ano-1 no ‘IAC 572’ e representam um aumento de 68% em relação à produtividade média de 25 t ha ciclo-1 no Vale do São Francisco, confirmando o elevado potencial produtivo desta cultivar, independente do porta-enxerto utilizado.

As produtividades excessivas obtidas em todos os porta-enxertos, principal- mente no ‘IAC 572’, teve consequências negativas na qualidade dos frutos, como no desenvolvimento de cor uniforme e acúmulo de açúcares. Nos anos de 2017 e 2018, quando foram encontradas as maiores produtividades, as uvas apresentaram atraso na maturação e desuniformidade na cor. Para evitar esses efeitos indesejáveis, o controle do número de cachos, de acordo com a densidade adequada para cada cultivar, é uma prática cultural imprescindível para evitar sobrecarga de produção em cultivares de alto potencial produtivo como BRS Ísis e BRS Vitória, pois permite a produção de uvas com um padrão de qualidade elevado, uniforme e estável, bem como assegura a manutenção das reservas de carboidratos nas plantas, necessá- rias para o próximo ciclo de produção.

O porta-enxerto teve uma importante influência no aumento da produtividade de videiras ‘BRS Clara’, destacando-se o porta-enxerto ‘Paulsen 1103’ com 25 t ha-1 e ‘SO4’ com 20 t ha-1. Por sua vez, porta-enxertos muito vigorosos como ‘IAC 572’ não devem ser utilizados porque reduzem drasticamente a produtividade de videiras ‘BRS Clara’.

Número de cachos

Videiras ‘BRS Vitória’ enxertadas sobre ‘Paulsen 1103’ apresentaram maior número de cachos (104 cachos por planta) do que àquelas enxertadas sobre ‘IAC 572’ e ‘SO4’ (87 cachos) e ‘Freedom’ (88 cachos).

Na cultivar BRS Isis, o porta-enxerto não teve influência no número de cachos, observando-se valores elevados em todos os porta-enxertos, com médias que variaram de 78 cachos por planta sobre ‘SO4’ até 100 cachos por planta nas videiras enxertadas sobre ‘IAC 572’.

De um lado, o número de cachos nas videiras ‘BRS Clara’ foi afetado pelo porta-enxerto, com destaque para ‘Paulsen 1103’, com média de 65 cachos e ‘Harmony’, com 64 cachos. Por outro lado, o menor número de cachos nos porta-enxertos do grupo IAC foi consequência de dificuldades no pegamento dos frutos, o que ocasionou elevado aborto de flores e está relacionado ao maior vigor induzido por estes porta-enxertos, com crescimento vigoroso de brotações que constituíram o dreno mais forte durante a pré e plena flora- ção, desequilibrando a partição de fotoassimilados. Portanto, a adoção de porta-enxertos com vigor moderado associado a práticas de manejo para o controle do desenvolvimento vegetativo das plantas são recomendados para a produção satisfatória de uvas ‘BRS Clara’.

Massa e tamanho do cacho

Os cachos de uvas ‘BRS Vitória’ apresentaram massa média de 205 g, atingindo valores sobre o porta-enxerto IAC 313, em média, de 215 g, o que contribuiu para a maior produtividade observada sobre este porta-enxerto.

Os porta-enxertos influenciaram o alongamento do cacho, obtendo-se cachos com média de 15,5 cm sobre ‘Freedom’, maiores que aqueles de videiras enxertadas sobre ‘Paulsen 1103’ e ‘SO4’.

A largura dos cachos da cultivar BRS Vitória variou de 6,8 cm, nos porta-enxertos Paulsen 1103 e SO4, até 7,8 cm, no porta-enxerto IAC 313. Portanto, apesar de o porta-enxerto Paulsen 1103 favorecer maior número de cachos e produtividade, ele reduziu o comprimento médio dos cachos, comprometendo o alcance de um padrão uniforme de tamanho de cachos das uvas ‘BRS Vitória’.

Os cachos de uvas ‘BRS Ísis’ apresentaram massa média de 343 g, com diferenças apenas entre dois porta-enxertos ‘IAC 313’, com o qual foram obtidos os cachos com maior massa (363 g), e ‘Harmony’, com os menores valores (328 g). Os demais porta-enxertos apresentaram valores intermediários entre eles.

Comportamento similar também foi observado no comprimento do cacho, não se registrando grandes variações entre porta-enxertos, encontrando-se, em média, cachos com 18,3 cm de comprimento, bem como na largura do cacho, que apresentou os menores valores nas videiras enxertadas sobre ‘Harmony’ (9,5 cm), quando comparadas aos cachos daquelas sobre ‘IAC 572’ (10,8 cm).

Todos os porta-enxertos utilizados promoveram o desenvolvimento de cachos com massa e tamanho adequados para atender às exigências dos mercados, entretanto, a escolha de um porta-enxerto que promove maior comprimento e largura do cacho como ‘IAC 572’ na cv. BRS Ísis podem representar ganhos não apenas na aparência dos cachos, mas também na produtividade.

Não houve influência do porta-enxerto na massa, comprimento e largura dos cachos de uvas ‘BRS Clara’, que apresentaram massa média de 223 g, comprimento de 18,6 cm e largura de 7,2 cm. Entretanto, observou-se uma tendência de cachos maiores nas videiras enxertadas sobre ‘Paulsen 1103’ que promoveu aumento de 23% na massa, 9% no comprimento e 16% na largura do cacho comparado ao porta-enxerto IAC 572.

Massa, comprimento e diâmetro da baga

O porta-enxerto Harmony aumentou a massa (4,4 g) e o diâmetro da baga (17,8 mm) de uvas ‘BRS Vitória’, quando comparado aos porta-enxertos Paulsen 1103, SO4 e IAC 572. O comprimento da baga não foi influenciado pelo porta-enxerto, embora nota-se uma tendência de maiores comprimentos sobre os porta-enxertos Harmony e IAC 766. Portanto, os porta-enxertos Harmony, Freedom e IAC 766 favoreceram o crescimento da baga de uvas ‘BRS Vitória’.

A cultivar BRS Ísis destaca-se pelo tamanho grande das bagas, obtendo-se média geral para os sete porta-enxertos de 6 g, 27,8 mm de comprimento e 19,2 mm de diâmetro. O porta-enxerto afetou a massa e o comprimento da baga, com destaque para IAC 313, que promoveu o desenvolvimento de bagas com maior massa (6,3 g) e comprimento (28,5 g). Bagas com menor massa e comprimento foram observadas nas videiras enxertadas sobre ‘SO4’. Poucas variações foram observadas no diâmetro da baga de uvas ‘BRS Isis’ entre os porta-enxertos. Por sua vez, a cultivar BRS Clara apresenta bagas de tamanho pequeno, com médias de 2,6 g 19,7 mm, e 15 mm para massa, comprimento e diâmetro da baga, respectivamente.

Sólidos solúveis totais (SS), acidez titulável (AT) e relação SS/ AT

Houve influência do porta-enxerto no teor de sólidos solúveis das uvas ‘BRS Vitória’, sendo os maiores valores obtidos nas videiras enxertadas sobre ‘Freedom’ e ‘IAC 572’, ambos com 20 °Brix, bem como ‘SO4’ e ‘IAC 313’ (19,8 °Brix). No porta-enxerto Harmony foram colhidas uvas com menor teor de sólidos solúveis (18,5 °Brix). Entretanto, as uvas apresentaram teor de sólidos solúveis satisfatórios em todos os porta-enxertos (média de19,5 °Brix), estando de acordo com as recomendações do ponto de colhei- ta adequado para a cultivar BRS Vitória (Maia et al., 2012; Leão; Lima, 2016).

Na cultivar BRS Isis o porta-enxerto não afetou o teor de sólidos solúveis, obtendo-se média de 16,5 °Brix, de acordo com os teores de sólidos solú- veis observados para esta cultivar em diferentes regiões produtoras do País (Ritschel et al., 2013; Leão et al., 2016). Uma redução no teor de sólidos so- lúveis foi observada nos ciclos de produção nos quais foram obtidos produtividade excessiva e sobrecarga das videiras, com prejuízos para a maturação e a qualidade da uva. Portanto, o controle da densidade de cachos em cultivares de fertilidade de gemas elevada como BRS Isis e BRS Vitória deve ser realizado para prevenir a redução no acúmulo de açúcares que depreciam o sabor da uva.

Também não houve efeitos do porta-enxerto no teor de sólidos solúveis de uvas ‘BRS Clara’, cujos valores variaram de 17,5 °Brix nas uvas colhidas sobre o porta-enxerto Harmony até 19,2 °Brix, sobre ‘IAC 313’. Portanto, o teor de sólidos solúveis foi adequado para essa cultivar em todos os porta-enxertos estudados.

Não houve influência do porta-enxerto na acidez titulável dos frutos em nenhuma das cultivares de uvas. As uvas ‘BRS Vitória’ e ‘BRS Clara’ apresentam teores intermediários de acidez, com pequenas variações entre porta-enxertos, cujas médias foram de 0,52 mg 100mL-1 e 0,49 mg 100mL-1, respectivamente. Os valores de acidez apresentados por essas cultivares estão adequados, pois favorecem a percepção de sabor agradável da uva e a manutenção de sua qualidade na fase de pós-colheita. Por sua vez, as uvas ‘BRS Isis’ apresentaram baixa acidez em todos os porta-enxertos estudados, com média de 0,38 mg 100mL-1.

A relação SS/AT é um importante atributo de qualidade para percepção do sabor e aceitação do consumidor. Os valores recomendados variam entre as diferentes cultivares. Por exemplo, na cultivar Crimson Seedless, a uva colhida com relação SS/AT entre 35-40 obteve melhor aceitação do consumidor (Jayasena; Cameron, 2008).

Não houve influência do porta-enxerto na relação SS/AT das cultivares BRS Vitória, BRS Isis e BRS Clara, com valores médios de 38, 56 e 44.

C) Considerações finais

Na cultivar BRS Vitória, o número de cachos, comprimento do cacho, massa e diâmetro da baga responderam de forma diferenciada em função dos porta-enxertos utilizados. Os porta-enxertos Paulsen 1103 e IAC 313 aumentaram a produtividade, mas o porta-enxerto Paulsen 1103 reduziu o comprimento do cacho, o que constitui uma característica negativa, considerando-se a importância do alongamento e padronização no tamanho do cacho de uvas ‘BRS Vitória’. Os porta-enxertos Harmony, Freedom e IAC 766 promoveram aumento na massa e diâmetro da baga, e podem ser utilizados para incrementar estas características, o que é recomendado, tendo em vista que as uvas ‘BRS Vitória’ possuem bagas pequenas e promover o aumento do tamanho da baga resulta, de modo geral, em incrementos na produtividade do vinhedo.

Na cultivar BRS Isis foram observadas diferenças entre dois porta-enxertos quanto à produtividade, número de cachos, massa e largura do cacho, mas- sa e comprimento da baga, o que demonstra que, mesmo nestas variáveis, houve pouca resposta ao porta-enxerto utilizado. Portanto, todos os porta-enxertos podem ser utilizados nesta cultivar.

Na cultivar BRS Clara, o porta-enxerto Paulsen 1103 promoveu aumentos significativos na produtividade e número de cachos e deve ser recomendado para esta cultivar no Vale do São Francisco. Por sua vez, os porta-enxertos ‘IAC 572’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’ não devem ser utilizados porque podem aumentar o aborto de flores e reduzir a produtividade.

Além do desempenho agronômico, outras informações relacionadas às características de qualidade das uvas em diferentes porta-enxertos, como também o comportamento em relação a doenças e pragas que afetam a videira no Vale do São Francisco devem ser consideradas para a recomendação de porta-enxertos para o cultivo das videiras ‘BRS Vitória’, ‘BRS Ísis’ e ‘BRS Clara’ na região.

Os resultados obtidos aplicam-se a condições específicas de solo, idade da planta e manejo do vinhedo e, portanto, devem ser compreendidas como uma tendência e de maneira relativa, evitando-se extrapolações para condições muito distintas.

Além da escolha adequada do porta-enxerto, é imprescindível garantir a qualidade genética e sanitária das mudas, uma vez que muitas doenças são disseminadas pelo material de propagação infectado. Portanto, recomenda-se que as mudas enxertadas sobre os porta-enxertos mencionados neste trabalho sejam adquiridas de viveiristas credenciados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa), reduzindo os riscos de mistura varietal e ocorrência de doenças durante a implantação do vinhedo.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

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HORTIFRUTI BRASIL: anuário 2019 2020: retrospectiva 2019 e perspectiva 2020. Piracicaba, 2020. Edição especial. JAYASENA, V.; CAMERON, I. °Brix/acid ratio as a predictor of consumer acceptability of Crimson Seedless tabel grapes. Journal of Food Quality, v. 31, n. 6, p. 736-750, 2008. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1745-4557.2008.00231.x.

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Tags: porta-enxerto, semente, Uva, uva de mesa

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