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O conhecimento da Água Disponível dos solos é imprescindível para os sistemas de produção

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(Curadoria Agro Insight)

O volume de água que o solo pode armazenar de forma acessível às plantas é um parâmetro utilizado na modelagem de risco agroclimático do Brasil atualmente realizada por meio do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). O Zarc é um estudo agrometeorológico que delimita regiões de produção e épocas de plantio de acordo com suas probabilidades de perda de produção causadas por eventos meteorológicos adversos.

Seus resultados indicam “o que”, “onde” e “quando” plantar com menores riscos de perda. Essas informações podem ser usadas para avaliar quais os cultivos mais viáveis em cada município, o sistema de produção, as melhores datas de plantio, os ciclos mais indicados, a viabilidade ou não de 2ª ou 3ª safra e as práticas de manejo mais importantes ou indispensáveis. As informações do Zarc são utilizadas no Proagro e no Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural que são programas de política de gestão de risco do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Água disponível (AD)

A água que os solos podem armazenar no seu espaço poroso de modo que as plantas possam acessá-la, garantindo a vida continental no planeta, denomina-se água disponível (AD). É um parâmetro de grande importância agronômica, ecológica, meteorológica, hidrológica, assim como para predição de safras. Destaca-se também, como um parâmetro relevante para estudos de erosão do solo, cobertura vegetal, proteção ambiental, estoque de carbono e mudanças climáticas (Timlin et al., 2001; Milly; Shmakin, 2002; Rawls; Pachepsky 2002; Rawls et al., 2003; García-González et al., 2018; Yu et al., 2021). Além disso, é um importante indicador de qualidade física de solos (Hong et al., 2013) e indispensável no planejamento de cultivos irrigados (Zhou et al., 2005).

No concernente às atividades agrícolas, o conhecimento da AD é imprescindível uma vez que cada cultura possui uma demanda hídrica ideal conforme sua curva de crescimento (Monteiro, 2009). Entretanto, cabe destacar que a AD dos solos varia no espaço e no tempo em função de vários fatores edafoclimáticos.

Por isto, o conhecimento desse parâmetro é indispensável para zonear solos conforme sua AD visando apoiar as tomadas de decisão em cultivos agrícolas, sejam de sequeiro ou em condições de manejo irrigado. Neste último caso, o conhecimento da AD viabiliza planejar o manejo racional da irrigação, evitando-se desperdícios de água e de insumos, minimizando custos, além de riscos econômicos e ambientais. Em relação às demandas hídricas das culturas, até recentemente a modelagem do Zarc considerava apenas três cenários de AD no solo. Tais cenários eram concebidos em função de três grupamentos texturais: arenosa (AD = 0,7 mm cm-1); média (AD = 1,1 mm cm-1); e argilosa (AD = 1,5 mm cm-1) (Teixeira et al., 2021).

Mapa da capacidade de retenção de água nos solos de Mato Grosso do Sul contribui para o desenvolvimento agropecuário

Um mapa desenvolvido por pesquisadores da Embrapa mostra a capacidade de retenção de água dos solos no estado de Mato Grosso do Sul (MS).

O mapa foi desenvolvido em uma escala de 1:100.000, que mensura a AD em milímetro por centímetro do solo. Segundo o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos (RJ), Silvio Bhering, “Mato Grosso do Sul é o único estado brasileiro a contar com um trabalho nessa escala de detalhamento”.

O conhecimento da capacidade de reter e disponibilizar água nas diferentes classes de solos (latossolos, argissolos, neossolos etc.) auxilia no planejamento e execução de práticas agrícolas em todas as épocas do ano. As melhores épocas de plantio em função da AD estão disponíveis na página do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizado em parceria com a Embrapa, e também no aplicativo Zarc-Plantio Certo, que pode ser acessado pelo celular.

As informações sobre a AD contribuem também com políticas agrícolas específicas de incentivo a plantio de culturas com menores riscos climáticos, além de beneficiarem agências de financiamento agrícola e de assistência rural. Adicionalmente, esses dados são utilizados em modelos de crescimento de plantas e de fluxos de água em áreas rurais.

“O uso criterioso do calendário agrícola para o plantio em épocas com menores riscos, que varia entre as diferentes culturas nas diferentes regiões, permite reduzir as perdas da colheita por falta e por excesso de água. Possibilita o planejamento das práticas agrícolas relacionadas ao preparo e plantio e, quando seguido de forma parcimoniosa, reduz as perdas financeiras para os agricultores e o pagamento de seguros rurais”, relata o pesquisador da Embrapa Solos, Wenceslau Teixeira.

Os resultados apresentados nesse estudo se baseiam na metodologia apresentada no Boletim 282 da Embrapa Solos e são apoiados em cálculos de médias ponderadas de valores da AD dos diferentes solos existentes nas regiões do Mato Grosso do Sul.

O estado do MS, em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa e ensino brasileiras, tem investido no levantamento dos seus solos, potencialidades e aptidões. Esse é apenas um dos resultados que esses estudos vão gerar em prol do melhor planejamento do uso das terras do estado, potencializando seu uso, aumentando a produtividade e reduzindo os riscos climáticos de perdas das lavouras.

O mapa está disponível para todos os interessados, desde agricultores que pretendem planejar melhor seu calendário de plantio, representantes da assistência técnica, governo para aprimoramento de políticas agrícolas, além de agências financiadoras e de seguros rurais.

AD e o uso sustentável da água no Agro

O conhecimento da AD viabiliza planejar o manejo racional da irrigação, evitando-se desperdícios de água e de insumos, minimizando custos, além de riscos econômicos e ambientais.

A água é essencial para a agricultura, que responde por 72% da extração de água doce do mundo, tornando-se, de longe, o maior consumidor de água. É crucial para a produção de alimentos, pois permite a produção de mais de 95% dos alimentos cultivados em terra firme. Até 2050, para atender à demanda futura, a produção mundial de alimentos, fibras e vegetais precisará aumentar em 50% em relação a 2012. Para atingir essa meta, serão necessários 35% adicionais de recursos hídricos.

Dia Mundial da Água

No dia 22 de março foi comemorado o Dia mundial da Água. A água é um dos recursos mais preciosos do mundo e faz da Terra um planeta único e cheio de vida. É essencial para a segurança alimentar, nutrição, saúde, energia, biodiversidade, meio ambiente e outras economias.

No entanto, os recursos de água doce têm diminuído em todas as regiões do mundo nos últimos 30 anos e a disponibilidade global de água, bem como sua qualidade, está diminuindo a um ritmo alarmante. Os problemas relacionados à água, como secas e inundações, estão se agravando devido às mudanças climáticas, colocando os recursos hídricos do planeta sob pressão cada vez maior. A gestão inadequada dos recursos hídricos, aliada à poluição, tem levado à intensificação do estresse hídrico e à degradação dos ecossistemas relacionados à água ―com repercussões negativas na saúde humana, nas atividades econômicas e no abastecimento de água, alimentos e energia – bem como na redução da biodiversidade aquática.

Atualmente, estamos demorando muito para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)6 como parte da Agenda 2030, esta é a promessa de que todas as pessoas terão água limpa e saneamento até 2030.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

Embrapa/Notícias – Mapa inédito aponta a capacidade de retenção de água nos solos de Mato Grosso do Sul. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Recursos naturais. Março de 2013.

ARAUJO FILHO, J. C. de; BARROS, A. H. C.; GALVÃO, P. V. M.; TEIXEIRA, W. G.; LIMA, E. de P.; VICTORIA, D. de C.; ANDRADE JUNIOR, A. S. de; XAVIER, J. P. de S.; LUMBRERAS, J. F.; COELHO, M. R.; BACA, J. F. M.; MONTEIRO, J. E. B. de A.; OLIVEIRA, F. C. S. F. de; SILVA FILHO, A. D. da; BARROS, J. P. F. G. Avaliação, predição e mapeamento de água disponível em solos do Brasil – Rio de Janeiro : Embrapa Solos, 2022. (Boletim de pesquisa e desenvolvimento / Embrapa Solos, ISSN 1678-0892 ; 282).

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