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Mercado de bioinsumos no Brasil

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(Curadoria Agro Insight)

A curadoria de hoje é sobre o uso de bioinsumos na agricultura. Desta forma, trouxemos o resumo do capítulo “Mercado e perspectivas dos bioinsumos no Brasil” do livro Bioinsumos na cultura da soja. A autoria do capítulo é dos pesquisadores Amália Cristina Piazentim Borsari e Leila Campos Vieira.

O termo bioinsumo foi definido na legislação brasileira em 2020 pelo Decreto no 10.375 que instituiu o Programa Nacional de Bioinsumos (PNB) com intuito de padronizar e incentivar o desenvolvimento e uso destes produtos no Brasil (Brasil, 2020). De acordo com o PNB, é considerado bioinsumo todo produto, processo ou tecnologia de origem vegetal, animal ou microbiana, destinado ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos agropecuários, nos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas, que interfiram positivamente no crescimento, no desenvolvimento e no mecanismo de resposta de animais, de plantas, de microrganismos e de substâncias derivadas e que interajam com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos. Trata-se de uma categoria ampla de insumos, que envolve uma miríade de possíveis soluções, cujos principais representantes são os produtos relacionados à nutrição vegetal, como inoculantes e biofertilizantes, ao estímulo, como os bioestimulantes, e ao controle de pragas, doenças e plantas daninhas, como os produtos biológicos de controle, ou defensivos biológicos, incluindo os semioquímicos.

Duas legislações brasileiras regulam os bioinsumos em destaque, a lei 7.802/89 de Agrotóxicos e a lei 6.894/80 de Fertilizantes e Inoculantes. Há, contudo, algumas diferenças a serem salientadas quando se faz referência a biofertilizantes e bioestimulantes, pois a definição e regulamentação internacional difere da que vem sendo utilizada no Brasil. Em algumas classificações encontradas na literatura, o termo biofertilizante inclui os inoculantes e os bioestimulantes. Além disto, a regulamentação do Brasil não traz clareza na definição de produtos bioestimulantes. Neste sentido, há uma certa confusão na análise destes grupos para a mensuração do mercado no Brasil em comparação aos dados internacionais.

A utilização de bioinsumos vem crescendo no Brasil e no mundo devido aos fatores relacionados às questões regulatórias, de mercado e de manejo das culturas. O mercado global de biológicos para agricultura, que envolve biodefensivos, inoculantes, bioestimulantes e biofertilizantes, foi estimado em US$9,9 bilhões em 2020 e, nesse rol, apenas os produtos biológicos de controle, respondem por US$5,2 bilhões (IHS Markit, 2021).

A expectativa é a de que o mercado mundial de bioinsumos continue apresentando elevada taxa de crescimento, alcançando um valor acima de US$ 10 bilhões para biodefensivos e US$ 3 bilhões para bioestimulantes.

Perspectivas

As tecnologias à base bioinsumos vivem um momento muito favorável no Brasil e no mundo. Há forte disposição, especialmente no Brasil, de pesquisadores, produtores, consultores e engenheiros agrônomos para conhecer e adotar novas tecnologias que permitam o enfrentamento de condições climáticas sabidamente desafiadoras, que afetam sobremaneira o desenvolvimento das plantas e as condições de sanidade das lavouras. Cada vez mais se consolida a visão de que os produtos de base biológica podem compor, junto a produtos químicos, variedades/biotecnologias e tratos culturais, diferentes e mais eficientes estratégias para o controle realmente integrado de pragas e doenças.

As soluções disponíveis vão além do controle destinado a garantir a sanidade e têm sido utilizadas para melhorar o aproveitamento de nutrientes e de água, aumentando a resiliência dos cultivos. Felizmente, muitas das soluções citadas, ambientalmente amigáveis, já se mostram também viáveis economicamente.

O momento é especialmente favorável porque acomoda de forma confortável toda a cadeia produtiva. O movimento de consolidação do mercado, tanto da indústria de insumos como da distribuição, coincide com a necessidade de agregar produtos de base biológica ao portfólio de soluções, de forma a garantir o melhor acesso ao produtor, que procura soluções integradas.

Na mesma linha, o forte impulso a tecnologias que envolvem o gerenciamento de dados e monitoramento de doenças e pragas, atreladas ao uso de equipamentos de aplicação com precisão, como drones, incorporam e impulsionam o uso de produtos biológicos, pois a maior eficácia destes produtos também está correlacionada à aplicação correta e tempestiva.

Do ponto de vista da demanda final, a crescente pressão do mercado consumidor, nacional e internacional, exigindo práticas mais sustentáveis no campo vem completar o elo que faltava. Os bioinsumos são percebidos como opções indispensáveis ao manejo, que viabilizam a entrega ao consumidor final de um produto seguro.

Portanto, o cenário dos bioinsumos no Brasil, que impulsiona a pesquisa básica e aplicada atrelada à indústria, gerando inovações, e que oferece ao produtor novas tecnologias e permite a produção de alimentos de forma sustentável, apresenta forte tendência de crescimento para os próximos anos, em níveis acima dos projetados para o mundo.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

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Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.375-de-26-de-maio-de-2020-258706480. Acesso em: 29 out. 2021.

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Tags: biodefensivos, bioestimulantes, biofertilizantes, Bioinsumos, inoculantes

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