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LIVRO: Entenda o que é a matéria orgânica do solo e porque ela é tão importante para a agropecuária

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(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, trouxemos uma dica de livro. Trata-se de um livro sobre a matéria orgânica do solo, escrito por pesquisadores da Embrapa e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP).

Como sabemos, a matéria orgânica é um dos principais atributos do solo, sendo determinantes para os processos biológicos, químicos e físicos do solo.

Entendendo a matéria orgânica do solo em ambientes tropical e subtropical

A matéria orgânica interage com os componentes do solo, regula a disponibilidade de nutrientes, tampona a acidez, diminui a toxidez de Al e de metais pesados, controla o teor de água e o aporte de nutrientes em função do aporte
de palhas e de resíduos orgânicos, além de otimizar processos naturais de aporte de nutrientes, como o de fixação de N2 (Stevenson, 1994; Fageria, 2012; Johnston et al., 2009). Além disso, a matéria orgânica é substrato e fonte de energia e nutrientes para a biota do solo. Por isso, regula a atividade e diversidade microbianas, determinando no solo as taxas de diversos processos (hidrólise da ureia, nitrificação, mineralização, denitrificação, humificação, solubilização,
complexação e outros) mediados pelos microrganismos e por seus complexos enzimáticos (Baldock; Nelson, 2000, Stevenson; Cole, 2008; Fageria, 2012).

A intensidade da interação dos compostos orgânicos com os componentes e fases (líquida, sólida, gasosa e viva) do solo, e com as plantas (raiz e rizosfera) é determinada pelo teor, pools e natureza química das classes de compostos orgânicos presentes no sistema solo-planta (Figura 1). O maior (60% – 80% do C total) pool de matéria orgânica no solo é de substâncias húmicas (Weil; Brady, 2016), que são compostos quimicamente estabilizados e menos suscetíveis à decomposição, portanto, moléculas com maior tempo de residência no ambiente.

As substâncias húmicas são condicionantes importantes de várias propriedades do solo, como capacidade de troca de cátions (CTC), complexação e transporte de nutrientes, além de atuarem como ativadoras de enzimas na planta e modularem a atividade de transportadores de nutrientes na membrana plasmática, ou seja, regulam vários processos fisiológicos e bioquímicos envolvidos na absorção de nutrientes pelas plantas (Nardi et al., 2016; Olaetxea et al., 2018; Jindo et al., 2020; Nardi et al., 2021).

Livro pioneiro sistematiza conhecimentos sobre matéria orgânica em solos tropicais e subtropicais

A Embrapa Meio Ambiente acaba de lançar o livro “Entendendo a matéria orgânica do solo em ambientes tropical e subtropical”, primeiro no mundo que busca sistematizar informações sobre estudos realizados há mais de cinco décadas nestes ambientes. As informações contidas no livro poderão colaborar com a agricultura brasileira, além de outros países com climas tropical e subtropical.

Os editores do livro, Wagner Bettiol e Cristiano Andrade da Embrapa Meio Ambiente, Ladislau Martin Neto da Embrapa Instrumentação, Carlos Silva da Universidade Federal de Lavras e Carlos Cerri da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), uniram os principais especialistas do Brasil para elaborar esta obra, que na realidade é um tratado sobre matéria orgânica do solo nestes ambientes. São 788 páginas de informações divididas em 27 capítulos e inteiramente grátis para a comunidade.

De acordo com Bettiol, o desafio de aumentar a quantidade de matéria orgânica nas camadas superficiais do solo em ambientes tropical e subtropical pode ser vencido em grande parte das áreas agrícolas, mas é preciso identificar práticas de manejo que permitam alocar mais carbono no sistema e reduzir as perdas. Ele comenta que, desde a adoção do plantio direto a partir da década de 1970, na região sul do Brasil, com a preservação do recurso solo pela redução da erosão e o uso de rotação de culturas, percebeu-se, de forma mais clara, a importância de se preservar ou aumentar a matéria orgânica do solo, o que é discutido amplamente na publicação.

“No livro também são encontrados exemplos de como novas tecnologias podem ser geradas a partir da base conceitual disponível no Brasil e em outros países”, comenta Cristiano Andrade. De acordo com ele, os autores discutem amplamente sobre a matéria orgânica do solo, demonstrando a sua importância para aumentar a produtividade agrícola, para melhorar a qualidade dos solos, para sequestrar carbono e atuar como uma ferramenta para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Os autores geraram e compilaram informações das últimas décadas a fim de demonstrar a importância da conservação da biodiversidade para aumentar a produção agrícola de forma sustentável e para mitigar as emissões de gases de efeito estufa nos ambientes tropical e subtropical.

Bettiol explica que, no tocante à agricultura, “é fundamental o avanço e correção de rumos na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, escassez hídrica, distribuição irregular das chuvas e alteração do ciclo de pragas e doenças entre outras, no uso racional e eficiente dos recursos minerais, na viabilização de fontes alternativas de nutrientes, na redução da dependência internacional de insumos, como os fertilizantes e pesticidas, na prevenção da degradação dos solos, na redução de uso de pesticidas químicos pelo adequado manejo do ambiente produtivo e na ampliação do uso dos bioinsumos. Praticamente, todos esses aspectos têm relação com a matéria orgânica do solo, foco deste livro”.

Todas essas práticas de manejo e sistemas de produção para uma agricultura de baixa emissão de carbono estão representadas no livro, como os modernos sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que incorporam as premissas do plantio direto, que crescem no país para a produção integrada de grãos, carne, leite e madeira, viabilizando a recuperação de áreas extensas de pastagens degradadas.

Também são discutidos em capítulos os resíduos, gerados a partir das colheitas dos alimentos e sua transferência para as agroindústrias ou para o meio urbano, que podem e devem ser retornados ao solo agrícola, como fonte de nutrientes e matéria orgânica. “No Brasil, temos casos de sucesso na reciclagem de resíduos, como o do setor de açúcar e etanol, nos quais todos os resíduos gerados são utilizados diretamente no próprio sistema de produção, além da geração de energia, o que está alinhado com conceitos de governança ambiental, social e corporativa (ESG – environmental, social and governance) e economia circular, muito embora essa evolução conceitual, normativa e tecnológica no setor ocorra desde a década de 60”, comenta Cristiano Andrade.

Os engenheiros agrônomos Walter Silva e Alfredo Tsuzuki, ambos da Associação Brasileira de Insumos para Agricultura Sustentável, comentam que o livro supre uma necessidade dos diferentes atores que atuam no mercado de matéria orgânica, como as empresas de fertilizantes orgânicos e organominerais, condicionadores de solo e substratos.

A publicação atende a cinco objetivos de desenvolvimento sustentável, da ONU, especificamente o ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável, ODS 7 – Energia acessível e limpa, ODS 12 – Consumo e produção sustentável, ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima e o ODS 15 – Vida terrestre.

O livro pode ser a cessado aqui.

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Tags: biologia do solo, matéria orgânica do solo, Nutrição de plantas, ods, ods-2, ods12, ods13, ods15, ods7

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