O milho (Zea mays L.) é o cereal mais produzido no mundo, apresenta importância econômica e social, sendo empregado na alimentação humana, animal e seus grãos podem ser consumidos secos ou verdes. Este último é mais conhecido como milho verde e possui maior valor agregado de venda.
Atualmente, o mercado sementeiro de milho é muito competitivo, sendo comandado por cerca de 10 empresas. E dentre elas, o uso das melhores técnicas para aumento de produtividade, mas sobretudo, na manutenção da qualidade genética, física e fisiológica. Um fator muito importante a ser considerado é a utilização de sementes certificadas, pois
esse está interligado aos acréscimos tecnológicos em lavouras, nas mais diferentes culturas, essas por sua vez desenvolvidas e produzidas conforme os exigentes padrões do Sistema Brasileiro de Sementes e Mudas.
A semente é um dos principais insumos da agricultura e sua qualidade é um dos fatores primordiais no estabelecimento de qualquer cultura. A qualidade de sementes é um somatório de todos os atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários que afetam a capacidade da semente em originar plantas de alta produtividade.
Tratando-se da produção de sementes de milho, a hibridação é um método utilizado no melhoramento das sementes, onde ocorre a eliminação da inflorescência masculina das plantas genitoras femininas, para a obtenção do cruzamento, que, por sua vez, é um procedimento oneroso. No momento da semeadura, as partes masculina e feminina são semeadas alternadamente entre linhas, para a eficiência no transporte do pólen. A planta masculina é a responsável por oferecer pólen às plantas fêmeas. Os parentais são semeados em períodos concomitantes dos ciclos no florescimento, e posteriormente a polinização, executa a destruição dos machos para não ocorrer mistura de espigas durante a colheita.
O processo de despendoamento ou de remoção do pendão da fêmea deve ser efetuado antes da liberação do pólen. Geralmente esse mecanismo é realizado em função da fertilização, estimulando assim a brotação de gemas laterais. A relação de linhas fêmea e macho depende, dentre outros fatores, da capacidade de polinização das plantas consideradas masculinas, e do porte das plantas. As sementes são colhidas apenas nas linhas das plantas fêmea, que possuem as sementes hibridas, e as linhas de plantas masculinas são destruídas após a fertilização, com exceção de alguns híbridos duplos.
Durante o processo de produção de semente, vários são os fatores que podem influenciar na homogeneidade do lote de semente, entre eles, a população de plantas, o grau de maturação das sementes, fertilidade do solo, método de colheita e o beneficiamento. Porém, especificamente para sementes de milho, uma das etapas mais decisivas e importantes no processo produtivo é garantir que exista a coincidência do florescimento entre as plantas macho e fêmea, também chamado de hibridação, para que sejam transferidas as características do parentais, qualquer fator que interfira nesse processo, ocasiona redução da qualidade genética do híbrido.
Para isso, as principais empresas sementeiras usam técnicas de inspeção nos campos de semente de milho, para que sejam identificadas situações que possam comprometer nesse processo de hibridação.
No processo de vistorias de campos busca-se controlar as misturas de cultivares que, se presentes em níveis de risco, que comprometam a pureza genética, ocasionariam prejuízos aos usuários de sementes e agricultores em decorrência da perda de produtividade ou do elevado custo de produção em face da necessidade de uso de agroquímicos em elevadas quantidades para o manejo de pragas.
Entre os fatores que compõem o processo de produção, a inspeção de campos é uma das mais importante para a obtenção de sementes de alta qualidade em termos de pureza genética, física e sanitária, pois é nessa etapa que são avaliados se esses fatores atendem aos padrões de qualidade estabelecidos para cada cultura.
Com as informações obtidas através das inspeções de campo, ação mitigatórias podem ser executadas, desde o período vegetativo até o final do florescimento, visando a redução dos fatores que podem ocasionar problemas na qualidade genética dos campos de semente de milho. Caso tais ações não sejam eficientes, pode ocorrer a perda total da
produção de semente desse campo. Na inspeção de campo, o funcionário destinado para essa função, deve realizar um levantamento completo de todos os fatores que possam influenciar a qualidade genética do campo de produção de semente.
As principais atividades são de identificação das plantas fêmeas que estão no período em que o estigma está receptivo ao pólen, quantificar as plantas fêmeas que ainda possuem pendão polinizando, verificar se há alguma planta de milho, com similaridade no período de florescimento, dentro do raio de isolamento, levantamento de plantas atípicas, com similaridade no período de florescimento e quantificar as plantas macho que estão liberando pólen. Por meio de um caminhamento ao longo do campo de forma amostral, para que o levantamento não seja tendencioso, com 30 repetições por dia, sendo que as visitas são realizadas com intervalos de 02 dias (no máximo) por campo, assim procura-se ter uma tomada de decisão com dados confiáveis.
A contagem poderá ser iniciada de qualquer lado, ou direção, desde que escolhidos ao acaso. Uma vez selecionado o primeiro ponto de contagem, o funcionário responsável pela inspeção de campo deverá fazer contagem em 100 plantas fêmeas, sendo que deverão ser escolhidas as plantas na primeira linha de plantio deste bloco. Na segunda contagem deve-se considerar a segunda linha de plantio e assim sucessivamente.
Por meio desses dados levantados na inspeção de campo, consegue-se ter uma noção se o campo está passando por algum possível problema externo, que seria algum pólen adventício, e consequentemente uma tendência de queda da qualidade genética.