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Gestão: o Agronegócio e suas oscilações

O Agronegócio e suas oscilações

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É ser repetitivo escrever que a agricultura é um negócio de alto risco. Em nossos artigos já detalhamos como podem ser medidos e controlado esses riscos. No entanto existe um aspecto que pode ser melhor abordado e sempre gera dúvidas: a imensa variação de preços, tanto dos insumos como das commodities produzidas na fazenda.

Essas oscilações fazem com que os proprietários percam o sono com perguntas do tipo: é hora de comprar? Será que o preço irá aumentar ou reduzir? Até onde vai essa oscilação? O fato é que é impossível ter certeza de preços futuros, e quanto mais distante maior ainda é essa incerteza. Então, o que podemos fazer? Somente se conformar e entender que essa é parte inerente ao negócio? Não!!! A primeira medida que devemos tomar é saber exatamente quais são os nossos indicadores financeiros e como eles se comportam diante das variações de mercado.

Logo no início vamos falar sobre o principal indicador que devemos ter de memória, o EBITIDA, ou seja, o nosso resultado antes da Depreciação, Amortização e Juros. Isso porque ele mede a eficiência do nosso processo, e nos fala o quanto a nossa operação gera de caixa para suportar o nosso endividamento e os investimentos que pretendemos fazer. Para que saber este indicador, já temos que ter apurado nossos custos, tanto fixos, como variáveis e determinado quais são os nossos indexadores, se eles oscilam com o dólar ou mesmo com o preço dos nossos produtos.

A margem líquida também é um indicador importantíssimo, pois nela vamos incluir custos financeiros e de depreciação. Com isso conseguimos avaliar nossa gestão como um todo, desde a parte operacional até a administrativa. Por fim, um outro indicador que vale aqui citar é a margem de contribuição, que nos mostra o quanto uma determinada cultura, talhão, variedade e etc, dão de resultado para a fazenda, ela é conseguida retirando as despesas/custos (insumos, irrigação, combustíveis, máquinas e etc.) variáveis do valor líquido de venda.

Agora com esses três indicadores em mãos, vamos avaliar em duas unidades temporais. A primeira é o passado e a outra o futuro. Só existe uma razão pelo qual temos que nos debruçar em indicadores: tomar decisões sobre o que faremos no futuro. A elaboração do planejamento é importante para traçar cenários e entender as tendências do mercado em que estamos inseridos.

Alguns questionamentos devem ser feitos enquanto elaboramos nossos planos:

  • Quais serão as culturas/variedades que iremos cultivar?
  • Qual a área que iremos destinar para cada cultura/variedade?
  • Qual o impacto de médio/longo prazo no cultivo delas?
  • Quais os custos diretos e indiretos que teremos com elas?
  • E por fim, qual a estrutura física e operacional que devemos ter?

As respostas a essas perguntas nos dará o nosso planejamento, com nosso faturamento, custos variáveis, custos fixos e os investimentos que devemos fazer para suportar a nossa operação. A partir do levantamento desses dados teremos a previsão da margem de contribuição, margem líquida e EBITIDA para o período que estamos projetando. O próximo passo então é elaborar um fluxo de caixa com as previsões de entrada (empréstimos ou vendas) e saída (desta safra ou compromisso de outras safras) de recursos mês a mês para entender os furos ocasionados por descompassos neste fluxo.

Com o planejamento econômico/financeiro em mãos, agora podemos avaliar ele em três dimensões:

  • na nossa moeda, o real;
  • em dólar;
  • pelas comodities que estamos produzindo.

Ao avaliar os números em nossa moeda (Real) estamos avaliando o que de fato ocorreu com nossos resultados, não há uma outra avaliação a se fazer quando queremos entender a situação atual da nossa empresa. Quando convertemos esses números em dólar, temos uma avaliação sem a variações cambiais que tem grande influência nos custos e na formação do preço de venda. Por fim, quando revertemos todo o nosso planejamento em unidades de produção, seja em sacas de soja, milho ou mesmo arrobas de algodão, estamos avaliando qual a relação de troca estamos tendo considerado apenas a nossa eficiência operacional.

As três dimensões são importantes para a definição de estratégia de proteção que iremos adotar. O primeiro ponto a ser observado é a relação de troca, ou seja, a previsão de colheita cobre os custos e investimento que estamos dispostos a alocar. Em unidades produzidas, qual o valor de cada um deles? Qual deles eu consigo operar com Barter (que é a troca de insumos pelos meus produtos)? É vantajoso em comparação com os outros anos? Caso a respostas a essas perguntas indiquem que essa operação vale a pena, a segurança financeira da nossa operação está garantida, deixando o produtor rural focado na produção.

É claro que não devemos comprometer todo o planejamento da colheita, já que é incerto a quantidade que será produzida, porém, se conseguirmos fazer barter dos custos, já estamos nos precavendo de grandes variações.

Outra forma de proteção é sempre fechar as vendas dos meus produtos na moeda que está indexada as minhas compras, aqui é importante pontuar:

1º. Sempre fechar na mesma moeda;

2º. Sempre colocar o recebimento para o mesmo dia do vencimento das dívidas;

3º. Da mesma forma que o barter, fechar os custos de produção e entender que pode haver variações de produtividade.

Note que nas duas formas de proteção financeira, são ações simples e corriqueiras, porém essas estratégias só serão bem executadas se tivermos os nossos números nas mãos e com isso a probabilidade de tomar a melhor decisão será imensa. Por isso, antes de se preocupar em como fazer a proteção, busque conhecer a fundo os indicadores da sua fazenda.

 

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Tags: administração, econômia, Gestão Agrícola

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