Gestão eficiente na propriedade rural

gestão propriedade rural agtech

Seja bem-vindo(a) a Newsletter da Agro Insight, um espaço de artigos autorais e curadoria sobre tecnologias, sustentabilidade e gestão para o agro.

Se você ainda não é assinante, junte-se a mais de 8 mil profissionais do Agro, consultores e produtores rurais que recebem gratuitamente conteúdos de qualidade selecionados toda semana, adicionando o seu e-mail abaixo:

(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, trouxemos um texto da pesquisadora Mariana de Aragão Pereira, da Embrapa Gado de Corte, sobre a gestão da propriedade rural. Uma leitura muito importante para todo produtor rural.

Trata-se de quatro pilares da administração para uma gestão eficiente da propriedade rural: planejamento, organização, direção e controle. Uma gestão adequada exige que todas essas funções sejam executadas, minimamente, nas diversas áreas envolvidas na atividade pecuária: produção, comercialização, pessoas e finanças. Além disso, é importante que a gestão da propriedade seja trabalhada de forma integrada, responsiva e com uma visão sistêmica, reconhecendo a dinâmica dos processos produtivos e gerenciais.

Importância

O contínuo processo de transformações socioeconômicas, políticas, culturais e tecnológicas globais aumentam a complexidade da atividade agropecuária e, consequentemente, dos processos de tomada de decisão nesse setor. Além disso, o aumento das preocupações com a segurança e inocuidade dos alimentos, com o meio ambiente e com o bem-estar animal passaram, ainda mais fortemente, a fazer parte deste processo decisório. Esse novo momento exige dos produtores a melhoria de seus processos e suas habilidades gerenciais, permitindo-lhes maior sucesso nas decisões e melhor desempenho econômico, financeiro e operacional do negócio.

Diretrizes para a gestão da propriedade rural

 Para que uma fazenda atenda aos requisitos mínimos de gestão, as seguintes ações devem ser desenvolvidas:

a) Planejamento

Compreende a definição de objetivos e metas, e as ações voltadas para sua consecução. Pode ser definido para os horizontes de longo, médio e curto

O planejamento de longo prazo, considerado estratégico, define as grandes diretrizes e os valores do negócio. Nesta instância de planejamento, algumas das ações recomendadas são:

  • Definir objetivos e metas para o negócio como um todo, e para a pecuária de corte, em específico;
  • Definir os principais públicos, produtos e canais de comercialização (por exemplo: carne para exporta- ção ou para o mercado doméstico? Atuação em nichos de mercado? Venda de genética bovina ou gado comercial? );
  • Definir o sistema de produção e o nível tecnológico a serem adotados, e a infraestrutura necessária;
  • Prever a origem dos recursos, se financiamentos ou recursos próprios; e,
  • Analisar e definir a estrutura jurídica e o plano de sucessão familiar, quando for o

O planejamento de médio prazo, também conhecido como tático, na pecuária normalmente compreende o horizonte de um ano a dois anos, podendo se estender até três anos, a depender do objeto de planejamento, das estratégias e do sistema de produção adotado. Sugere-se que esta instância seja realizada no início de cada ano-calendário ou ano-agrícola (ou no período mais conveniente), compreendendo os seguintes pontos:

  • Revisar metas, objetivos e ações propostas para o ano, diante das expectativas de mercado para o período que se inicia (ciclo de alta, de baixa, tendência das exportações e consumo doméstico, crises, preços de insumos e combustíveis );
  • Prever receitas e despesas, estimando um fluxo de caixa;
  • Programar investimentos e seu cronograma de desembolsos;
  • Planejar a execução dos calendários de manejo sanitário, reprodutivo e nutricional; e,
  • Prever as necessidades de contratação, dispensa e/ou capacitação de pessoal.

Já o planejamento de curto prazo, ou operacional, envolve ações de rotina e, por essa razão, ocorre mais frequentemente, de acordo com o tipo de tarefa e estratégias definidas. Por exemplo, um planejamento semanal ou mensal pode indicar quais as tarefas prioritárias e quem são os responsáveis, considerando quem estará de folga ou de férias etc. Este planejamento deve ser feito por escrito e, de preferência, ser colocado em murais em local de fácil acesso, como áreas de circulação dos trabalhadores.

b) Organização

Corresponde ao estabelecimento das relações entre funções, pessoas e fatores físicos, de forma clara e Nesta diretriz, deve-se:

  • Definir como os recursos (físicos, humanos e financeiros) serão usados na produção;
  • Organizar fisicamente os estoques de insumos, produtos, equipamentos, resíduos e outros materiais para reduzir os desperdícios e otimizar o uso do tempo e dos recursos; e,
  • Registrar e organizar os diversos processos necessários à produção e à administração.
c) Direção

Trata de garantir a execução do planejado de forma eficaz, por meio de motivação, liderança e clareza nas instruções dadas à equipe, coordenando suas ações. Esta função administrativa envolve:

  • Delegar responsabilidades, definindo atribuições e recompensas (estratégias de motivação);
  • Dirigir e supervisionar as atividades, emitindo ordens e verificando sua execução;
  • Preparar e expor, com clareza, os cronogramas das tarefas a serem realizadas, preferencialmente de forma visível, usando, por exemplo, quadros e murais;
  • Identificar problemas de capacitação de pessoal, para dar suporte à definição de prioridades no treinamento dos trabalhadores;
  • Atender a todas as exigências legais de ordem social, trabalhista, fiscal, sanitária e ambiental, conforme descritas nos respectivos capítulos deste
d) Controle

Corresponde ao acompanhamento das atividades, confrontando-as com os planos desenvolvidos para identificar e corrigir as falhas e, com isso, assegurar o cumprimento das metas

  • Registrar e manter atualizados o controle do rebanho (inventário animal) e o manejo sanitário;
  • Registrar e acompanhar indicadores de desempenho técnico e econômico da atividade (consulte a seção bônus deste Manual, com indicadores altamente recomendados pelo BPA);
  • Manter o registro de todos os insumos utilizados na propriedade, tais como vacinas, medicamentos, defensivos agrícolas, fertilizantes e suplementos alimentares, anotando data de aquisição, fabricante e validade;
  • Registrar as receitas e as despesas realizadas (em caderno, planilha eletrônica, aplicativo ou software gerencial) e comparar àquelas planejadas; e,
  • Calcular os totais de receitas, despesas e, no mínimo, a margem bruta mensal e

Recomendações adicionais

  • Ter um planejamento por escrito contendo objetivos e metas, os meios para alcançá-los, as responsabilidades e o cronograma de execução;
  • Orientar trabalhadores para que estes reconheçam com clareza suas funções, responsabilidades e critérios para recompensas, se houver;
  • Promover a capacitação de trabalhadores para que desenvolvam suas atividades de forma segura, eficaz e eficiente;
  • Possuir instalações e equipamentos adequados à escala e à tecnologia do sistema de produção e que ofereçam segurança ao trabalhador e aos animais;
  • Dispor de instrumentos de controle de desempenho, como fichas zootécnicas e livro-caixa, que podem ou não ser informatizados;
  • Calcular indicadores financeiros, com base no balanço patrimonial anual, o que dá uma ideia da “saúde financeira” do negócio;
  • Calcular o custo de produção e as margens (margem bruta e margem operacional, entre outras), avaliando o desempenho econômico da atividade; e,
  • Informatizar a fazenda é essencial para quem pretende trabalhar com pecuária de precisão. A informatização pode ser implantada gradualmente, a partir de processos manuais consolidados de coleta de A automatização tem se tornado mais acessível, assim como o uso de drones e de aplicativos com as mais diversas finalidades, além de outras tecnologias da informação que visam o aprimoramento da gestão das fazendas. A Embrapa disponibiliza aos produtores várias dessas tecnologias digitais gratuitamente.

BIBLIOGRAFI E LINKS RELACIONADOS

PEREIRA, M. de A. Gestão da propriedade rural. In: Boas práticas agropecuárias: bovinos e bubalinos de corte: manual orientador. 3ª Edição – Revista e ampliada, 66p., 2022.

 

Se inscreva na nossa Newsletter gratuita

Espaço para parceiros do Agro aqui

Tags: Administração rural, app, car, função da propriedade rural, Segurança alimentar

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

abril 2024
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930  
LinkedIn
YouTube
Instagram