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Formação de pastagens

Formação de pastagens

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(Curadoria Agro Insight)

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Hoje a curadoria é sobre a implantação de pastagens, tema que gera muitas dúvidas nos pecuaristas. Por essa razão, trouxemos algumas recomendações da Embrapa sobre como fazer a implantação correta e o manejo inicial até o primeiro pastejo.

A formação e o manejo inicial das pastagens estão entre as etapas mais importantes para a atividade pecuária.

Problemas na formação tornam a pastagem menos produtiva e mais suscetível à degradação. Dentre os principais problemas para a boa formação da pastagem destacam-se o preparo impróprio da área, o uso de sementes de baixa qualidade, a semeadura em época ou profundidade inadequada e a época inadequada do primeiro pastejo.

Preparo da área

As pastagens devem ser formadas em áreas que já foram usadas para pecuária ou agricultura e que atualmente se encontram abandonadas ou subutilizadas. Nesse caso, é necessário um preparo mais cuidadoso do solo para que, quando as sementes de capim forem semeadas, encontrem boas condições de germinação. Normalmente, é necessário o uso da grade aradora (grade pesada) ou o uso da grade niveladora para que a área seja adequadamente preparada.

Quando o solo for preparado mecanicamente com aração e passagem de grade niveladora, é importante que a semeadura da pastagem seja feita com a maior brevidade possível.

A razão para isso é que o solo não deve ficar muito tempo desprotegido (sem vegetação), exposto ao sol e à chuva, pois isso pode causar erosão, compactação e perda de matéria orgânica. No entanto, caso tenha sido incorporado muito material vegetal (ervas daninhas ou restos da cultura anterior) ao solo durante a aração, é recomendável que se espere o apodrecimento (fermentação) desse material vegetal antes do plantio. Se isto não for feito, as sementes do capim poderão morrer quando em contato com esse material em fermentação.

Sementes

A escolha (compra) das sementes e a semeadura (plantio) do capim são fases muito importantes para a boa formação da pastagem.

O produtor deve escolher sementes de boa qualidade (semente certificada) e sempre comprá-las de firmas idôneas. Antes de comprar as sementes, o produtor deve buscar a orientação de um técnico competente e não somente seguir as recomendações do vendedor de sementes.

O que o produtor deve saber sobre a qualidade das sementes de capim?

A qualidade de um lote de sementes é dada por um índice chamado valor cultural (%VC). O %VC de um lote de sementes mede o percentual (%) de sementes puras capazes de germinar desse lote.

Esse índice é calculado com base na percentagem de pureza física (que indica o percentual de contaminação do lote de sementes, por sementes de outras espécies ou resíduos inertes, como terra) e na percentagem de germinação (que indica o percentual de sementes puras que poderão germinar e produzir plantas normais) do lote.

%VC = (% Pureza x % Germinação) ÷ 100

Caso a semente oferecida no mercado não disponha de informação sobre o seu %VC, isto significa que a semente não é certificada e, portanto, é de qualidade duvidosa.

A informação sobre o %VC é muito importante no momento da escolha do lote para a compra. Por exemplo, se houver dois lotes de sementes com preços idênticos por quilograma de sementes, a melhor compra é o lote que apresentar o maior %VC.

Ou seja, o lote que apresentar a menor relação entre custo por quilograma e %VC será a melhor compra.

Melhor compra= o menor valor resultante do cálculo: R$/kg ÷ %VC

Depois de comprada a semente, a semeadura (plantio) deve ser feita o mais rápido possível. No entanto, caso seja necessário armazenar as sementes, estas deverão ser armazenadas em local seco, protegidas da umidade e do calor excessivo e sem contato direto com o chão (o ideal é que fiquem sobre estrados).

A partir do conhecimento do %VC do lote de sementes é possível calcular a taxa de semeadura, isto é, a quantidade necessária de sementes a ser utilizada na formação da pastagem.

Como calcular a taxa de semeadura para formar uma área de pastagem?

Para calcular a quantidade mínima de sementes que deverá ser distribuída em uma área de pastagem, é necessário conhecer o %VC do lote de sementes, o tamanho da área em que será formada a pastagem e a maneira como as sementes serão distribuídas na área (a lanço ou em sulco).

De posse dessas informações, calcula-se a quantidade mínima de sementes, com base nas recomendações de pontos de valor cultural por hectare (PVC/ha), apresentados na Tabela 1, divididas pelo %VC do lote.

Taxa mínima de semeadura (kg de sementes por hectare) = PVC/ha ÷ %VC

Tabela 1. Pontos de valor cultural por hectare (PVC/ha) de alguns capins, em função do método de plantio e da profundidade de plantio. 

Capim

No sulco

(PVC/ha)

A lanço

(PVC/ha)

Profundidade

(cm)

Marandu 320 520 2 a 6
Piatã 320 520 2 a 6
Xaraés 320 520 2 a 6
Humidicola 320 520 2 a 6
Mombaça 270 450 1 a 3
Tanzânia 270 450 1 a 3
Massai 270 450 1 a 3

Marandu, Piatã e Xaraés são cultivares de Brachiaria brizantha. Mombaça e Tanzânia são cultivares de Panicum maximum. Massai é um híbrido espontâneo de Panicum maximum e Panicum infestum. Humidicola é a Brachiaria humidicola.

Um exemplo:

  • Plantio em sulco (mecanizado) de capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. Piatã) com %VC de 40%.
  • Taxa de semeadura (kg/ha) = 320 ÷ 40 = 8kg de sementes por hectare.

Isto é, supondo-se que no exemplo acima a área tenha sido preparada corretamente, a época de semeadura esteja adequada e a profundidade de plantio esteja correta, seriam necessários pelo menos 8 kg de sementes por hectare de capim-piatã para formar a pastagem, caso a semeadura seja feita em sulcos (em linhas).

Caso o mesmo lote de capim-piatã fosse plantado a lanço na área acima, a taxa mínima de semeadura seria calculada da seguinte forma: 520 ÷ 40 = 13 kg de sementes por hectare.

Por que a profundidade correta de plantio é importante?

Quando enterradas em profundidades acima das recomendadas, as sementes podem até germinar, mas a plantinha de capim normalmente não tem força para chegar até a superfície do solo e acaba morrendo antes de emergir. Esse problema é mais grave em solos com maior quantidade de argila e menor de areia.

Quando ficam descobertas na superfície do solo, pode também ocorrer grandes perdas de sementes, pois estas podem ser destruídas por pássaros e insetos. Além disso, quando descobertas, as sementes têm mais dificuldade para absorver água (que é necessária para a germinação) e germinar. Mesmo quando conseguem germinar, muitas plantinhas de capim ressecam e morrem.

Dessa forma, é necessário que as sementes fiquem cobertas por uma fina camada de solo.

Quando o plantio for feito a lanço, principalmente em solos com baixos teores de barro, ou quando não ocorrem chuvas logo após o plantio, é necessária a passagem de grade ou rolo compactador/compressor (por exemplo, formado por pneus velhos), logo em seguida ao plantio.

O objetivo é enterrar levemente as sementes no solo, melhorando a germinação e a emergência do capim.

É correto plantar mais de um tipo de capim no mesmo pasto?

Misturar mais de um tipo de capim no mesmo pasto é uma prática errada, resultante de desinformação e, em certos casos, divulgada por pessoas mais interessadas em ganhos comerciais e com baixo conhecimento técnico sobre manejo de pastagem.

A mistura de capins no mesmo pasto vai contra os fundamentos de manejo de pastagens. Capins diferentes (espécies, ou mesmo cultivares, dentro da mesma espécie) têm ritmos de crescimento também diferentes e o gado, preferências de pastejo também distintas em relação a esses capins.

Ao misturar capins diferentes na mesma pastagem, haverá grande possibilidade de que seja diminuída a eficiência de pastejo e, como consequência, seja acelerado o processo de degradação da pastagem.

Portanto, deve ser evitado o plantio de mais de um tipo de capim no mesmo pasto.

Como saber se a população de plantas de capim está adequada para a formação da pastagem?

Após a emergência das plantas de capim no solo, o produtor deve avaliar se a população dessas plantas está adequada para a formação da pastagem.

Para avaliar se a população de plantas está ideal, o produtor pode seguir a seguinte recomendação:

  1. Três semanas após a semeadura, percorrer diversos pontos da pastagem, contando, em cada um desses pontos, o número de plantinhas de capim que aparecem em uma área de um metro quadrado (1 m x 1 m) de solo.
  2. Se na maioria desses pontos o número de plantinhas de capim estiver dentro do limite ideal, então a pastagem poderá ser bem formada.
  3. Caso existam muitas falhas, a formação estará comprometida e serão necessárias algumas medidas para correção, como a ressemeadura total da área ou das áreas falhas.
  4. O número mínimo de plantas por metro quadrado de solo é:

• Brachiaria (Marandu, Piatã, Xaraés, Humidicola, etc) – 15 a 20 plantas por metro quadrado
• Panicum (Mombaça, Tanzânia, Massai, etc.) – 20 a 40 plantas por metro quadrado

Qual a época ideal para o primeiro pastejo?

O primeiro pastejo tem a finalidade de ajudar a formação da pastagem, estimulando o perfilhamento basal do capim, isto é, aumentando o diâmetro das touceiras do capim.

Um erro de manejo muito comum na formação da pastagem é o atraso excessivo para o primeiro pastejo.

O principal motivo para esse atraso é que o produtor espera que o capim produza sementes. No entanto, o que geralmente ocorre, sobretudo em capins com hábito de crescimento entouceirado, como o capim-mombaça, é que o pastejo muito tardio estimula o envaretamento (alongamento excessivo dos colmos) e o acamamento das touceiras de capim, diminuindo o perfilhamento basal e a eficiência de uso da forragem.

Quando isso ocorre, muitos produtores acabam optando por queimar o pasto, a fim de retirar o excesso de capim passado e estimular a rebrotação e o perfilhamento.

Quando queima o pasto em formação, o produtor está indiretamente queimando dinheiro e jogando fora parte da fertilidade do solo. Portanto, é um ato danoso e desesperado, praticado por quem não soube manejar o pasto corretamente.

O ideal é que o primeiro pastejo seja leve e rápido, feito antes do florescimento, normalmente entre 45 e 80 dias após a semeadura, com animais jovens (não muito pesados).

Nesse primeiro pastejo, é possível que algumas plantas de capim sejam arrancadas com a raiz, pela boca do boi. No entanto, não haveria grande prejuízo para a formação da pastagem, pois geralmente essas plantas não seriam dominantes, isto é, seriam plantas com poucas raízes e com poucas chances de competir com as plantas mais vigorosas, que se estabeleceram mais cedo.

A altura ideal para o primeiro pastejo dos principais capins varia de 10 a 70 cm, conforme Tabela 2.

Tabela 2. Altura para o primeiro pastejo.

Forrageira Altura do 1º pastejo
Mombaça 60 – 70 cm
Tanzânia 55 -65 cm
Massai 40 – 50 cm
Paiaguás, Piatã, Xaraés, Marandu 30 – 40 cm
Decumbens 20 – 30 cm
Tupi, Humidicola 10 – 20 cm

Observação

O primeiro pastejo deve ser leve, com pouca remoção de forragem (em torno de 50%) para estimular o perfilhamento.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

– DIAS-FILHO, M. B. Formação e manejo de pastagens. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2012. 9 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Comunicado técnico, 235).

– COSTA, J. A. A. da; QUEIROZ, H. P. de. Formação de pastagens: Fazendo Certo!. Folder, 2014

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Tags: formacao-de-pastagem, forrageira, implantacao, plantar capim, renovacão-de-pastagem, tipos de capim

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