Curadoria Semanal: Principais informações sobre o mundo do agronegócio. Atualize-se e compartilhe!
GERAIS
Exportações do agronegócio brasileiro atingem US$ 15,20 bi em junho e US$ 82,39 bi no semestre
Complexo de soja, carnes, complexo sucroalcooleiro, produtos florestais e café foram os setores que tiveram destaque neste mês
As vendas externas brasileiras de produtos do agronegócio foram de US$ 15,20 bilhões em junho de 2024, um aumento do valor das exportações comparado ao mês de maio/2024, que atingiu 15,02 bilhões. As exportações brasileiras de grãos subiram de 14,96 milhões de toneladas em junho de 2023 para 15,07 milhões de toneladas em junho de 2024 (+0,7%). Além do incremento do volume exportado de grãos, houve aumento na quantidade exportada de: açúcar de cana (+335,1 mil toneladas); celulose (+182,8 mil toneladas); algodão não cardado nem penteado (+100,1 mil toneladas); farelo de soja (+84,0 mil toneladas); café verde (+64,6 mil toneladas). Com base nesses dados, o índice de quantidade apurado para as exportações do agronegócio ficou positivo em 4,5%.
“O aumento nas exportações no primeiro semestre de 2024 reflete não só a excelência dos nossos produtos, mas também o resultado dos recordes nas aberturas de mercado e o constante diálogo com outros países. O incentivo do governo e o apoio do setor e das associações têm sido fundamentais para esse crescimento, demonstrando a força e a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional, bem como a qualidade e o rigoroso controle sanitário dos nossos produtos”, destacou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa.
Já no período acumulado dos últimos 12 meses, as exportações do agronegócio somaram US$ 166,20 bilhões, o que representou crescimento de 2,4% em relação aos doze meses imediatamente anteriores. Entre julho de 2023 e junho de 2024, os produtos do agronegócio representaram 48,6% de todas as exportações brasileiras, 0,2 ponto percentual acima da participação verificada entre julho de 2022 e junho de 2023.
DESTAQUES DOS PRODUTOS DO AGRO BRASILEIRO
Esse é o segundo maior valor registrado para a série histórica.
Neste período, os cinco principais setores do agronegócio brasileiro se destacaram significativamente nas exportações. O complexo soja liderou, alcançando US$ 33,53 bilhões, representando 40,7% do total exportado pelo agronegócio. Em seguida, o setor de carnes exportou US$ 11,81 bilhões, equivalentes a 14,3% das exportações do agronegócio. O complexo sucroalcooleiro registrou US$ 9,22 bilhões, correspondendo a 11,2% do total, enquanto os produtos florestais somaram US$ 8,34 bilhões, representando 10,1%. Por fim, o setor de café alcançou US$ 5,31 bilhões, o que equivale a 6,4% das exportações. Juntos, esses setores foram responsáveis por 82,8% das vendas externas do agronegócio brasileiro.
O setor de carnes, segundo maior exportador, apresentou um crescimento de 1,6% em comparação a 2023, atingindo US$ 11,81 bilhões. A carne bovina destacou-se, representando 48,1% do valor exportado, com US$ 5,14 bilhões, um aumento de 18,3%. A quantidade de carne bovina in natura exportada foi recorde, totalizando 1,14 milhão de toneladas, um crescimento de 29,1%.
O complexo sucroalcooleiro viu suas exportações aumentarem de US$ 5,99 bilhões em 2023 para US$ 9,22 bilhões em 2024, um crescimento de 54,1%. O açúcar, principal produto do setor, alcançou US$ 8,66 bilhões, um aumento de 62,8%. As exportações de açúcar de cana em bruto também foram recordes, tanto em valor, com US$ 7,21 bilhões, quanto em quantidade, com 14,33 milhões de toneladas.
Os produtos florestais registraram um crescimento de 11,9%, somando US$ 8,34 bilhões. A celulose foi responsável por 59,6% desse total, com US$ 4,97 bilhões, um aumento de 19,5%. A quantidade exportada de celulose também atingiu um recorde para o primeiro semestre, com quase 10 milhões de toneladas, um crescimento de 3,1%.
O setor de café destacou-se com vendas externas de US$ 5,31 bilhões, um crescimento de 46,1% em valor e de 52,1% em quantidade comparado ao ano anterior.
Além desses, outros produtos também apresentaram desempenhos notáveis. O algodão não cardado e não penteado atingiu um recorde de US$ 2,68 bilhões, um aumento de 236%, com 1,39 milhão de toneladas exportadas, um crescimento de 228%. O suco de laranja também bateu recorde, com US$ 1,25 bilhão em exportações, um aumento de 24%.
Fonte: Mapa 10/07/2024
Mapa abre prazo para recebimento de propostas para contratação dos recursos do Funcafé
A Portaria nº88/2024 foi publicada no DOU desta sexta-feira (12)
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 88/2023 no Diário Oficial da União (DOU), nesta sexta-feira (12), que abre o prazo para o recebimento das propostas de contratação dos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para o ano Safra 2024/25. As instituições financeiras integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) e autorizadas a operar os recursos do Funcafé, interessadas em operacionalizar os recursos para a safra 24/25, terão o prazo de oito dias corridos, contados a partir da data da publicação da Portaria, para apresentar a proposta de contratação e a documentação exigida para habilitação.
A abertura do prazo para apresentação de propostas é válida exclusivamente às instituições financeiras que firmaram contratos com o Mapa para operacionalização dos recursos do Funcafé em 2023, e que se enquadrarem no art. 1º da Resolução nº 5.138/2024, do Conselho Monetário Nacional (CMN), com as quais, caso habilitadas, serão firmados termos aditivos aos referidos contratos para alcançar a safra 24/25. Instituições financeiras que não firmaram contrato em 2023 poderão apresentar suas propostas nos termos do Edital de Credenciamento que será publicado oportunamente.
As propostas de contratação e a documentação para habilitação deverão ser enviadas à Secretaria de Política Agrícola, exclusivamente por meio do endereço eletrônico [email protected].
Fonte: Mapa 17/07/2024
Falta de clareza do conceito de bioeconomia pode ser prejudicial à Amazônia
Foto: Ronaldo Rosa
Biotecnologia, biorrecursos, biomassa, biogás, biocombustíveis, agregação de valor a produtos da biodiversidade, economia ecológica… São muitos os termos, conceitos, produtos e processos que envolvem o que a comunidade científica vem chamando atualmente de Bioeconomia. E é essa amplitude do termo, ou falta de clareza, que pode colocar em risco a sustentabilidade dos ecossistemas e das populações amazônicas, segundo trabalho publicado na revista internacional Ecological Economics.
O trabalho A lack of clarity on the bioeconomy concept might be harmful for Amazonian ecosystems and its people (Uma falta de clareza a respeito do conceito bioeconomia pode ser prejudicial aos ecossistemas amazônicos e à sua população) afirma que a bioeconomia é um termo amplo com diferentes significados e que pode se adequar a diferentes agendas científicas, políticas e mercadológicas. “Bioeconomia hoje pode incluir muitas coisas, desde as monoculturas como soja e dendê, até a extração e agregação de valor a produto não-madeireiros …” declara a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, primeira autora do artigo.
Para os países da Amazônia e sua diversidade de contextos regionais, o trabalho aponta o termo “sociobioeconomia” como uma das abordagens mais adequadas. “O termo se refere à economia da floresta e à sua sociobiodiversidade, a combinação da diversidade biológica e cultural. A sociobioeconomia ainda considera a diversidade biocultural – a interação entre sistemas naturais e culturas humanas – e as economias indígenas, tradicionais e locais baseadas na sociobiodiversidade da região”, afirma a cientista. A utilização do termo, entretanto, deve estar pautada em princípios rigorosos, como o compromisso com o desmatamento zero, equidade social e a valorização das culturas locais e da biodiversidade, sinaliza o artigo.
A Amazônia é a região mais biodiversa do mundo, abriga a maior floresta tropical do planeta, que é o centro de regulação do clima global, e tem uma população de cerca de 30 milhões de pessoas apenas na parte brasileira do bioma. A região abriga 59% do território brasileiro, 70% de todas as áreas continentais protegidas e 83% de todas as terras indígenas do Brasil.
Diferentes conceitos e narrativas
A trajetória do conceito envolve três visões, de acordo com a literatura científica: a bioeconomia biotecnológica, focada em tecnologias intensivas em ciência para aumentar a eficiência ambiental; a bioeconomia de biorrecursos, que propõe o aumento de produtividade e intensificação do uso do solo; e a bioeconomia voltada aos processos ecológicos que promovem a biodiversidade, entre outras questões.
Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), por exemplo, bioeconomia é “Produção, utilização, conservação e regeneração de recursos biológicos – incluindo conhecimento relacionado, ciência, tecnologia e inovação – para fornecer soluções sustentáveis (informações, produtos, processos e serviços) em todas as áreas econômicas, possibilitando a transformação para uma economia sustentável”. Já para a Comissão Europeia, bioeconomia é termo “relacionado a todos os setores de produção primária que utilizam e produzem recursos biológicos (agricultura, silvicultura, pesca e aquicultura) e a todos os setores econômicos e industriais que usam recursos e processos biológicos para produzir alimentos, rações, produtos de base biológica, energia e serviços”.
Sociobioeconomia para a Amazônia
Pelo fato de o termo ser ambíguo e pouco claro, a bioeconomia, dependendo de sua abordagem, pode também causar impactos negativos ao ambiente. Os pesquisadores apontam o exemplo da produção do fruto do açaí (Euterpe oleracea Mart.), que é o produto da bioeconomia mais proeminente da Amazônia e o primeiro a ultrapassar um valor de mercado de US$ 1 bilhão, em 2023, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o pesquisador da Embrapa, Roberto Porro, que também assina a análise, o termo bioeconomia deve ser qualificado, e dar lugar ao conceito alternativo de sociobioeconomia. “Esta [a sociobioeconomia] leva em consideração a posição expressa por povos e comunidades tradicionais, que são os protagonistas da economia da floresta, enfatizando a geração de valor a partir de produtos da sociobiodiversidade e agrobiodiversidade amazônica”, reforça o cientista.
“O conceito de sociobioeconomia pode promover sistemas econômicos alternativos, em contraste com uma abordagem mercadológica tradicional, uma vez que está alinhado com as relações harmoniosas entre as comunidades indígenas, locais e tradicionais e o seu ambiente”, aponta o artigo. Mas os autores defendem que o termo esteja embasado nos valores de justiça, ética, inclusão social, conservação da biodiversidade, equilíbrio climático e conhecimento tradicional.
Fonte: Mapa 17/07/2024
Embrapa lança edital com recursos de R$ 20 milhões para as Oepas
A Embrapa lança nesta quarta-feira (17), na plataforma TransfereGov, o edital nº 001/2024/PAC Embrapa-Oepas, destinado à seleção de propostas de projetos voltadas a promover o desenvolvimento técnico científico das instituições estaduais de pesquisa agropecuária (Oepas) que tenham como foco atividades de PD&I nos seus respectivos estados. Segundo a diretora de Pessoas, Serviços e Finanças, Selma Beltrão, esta é uma ação proveniente do orçamento da Embrapa, por meio do Programa de Aceleração e Crescimento (PAC Embrapa), que conta com o montante de até R$ 20 milhões.
“Os recursos destinados ao edital fortalecerão a rede de pesquisa nos estados, uma vez que é urgente enfrentar desafios já postos, como as emergências climáticas, saúde única, desenvolvimento regional, entre outros”, afirma a chefe da Assessoria do PAC-Embrapa e de Articulação com o Poder Executivo e Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, Petula Ponciano. Ela diz que as ações dos projetos a serem selecionados devem buscar fortalecer a capacidade das Oepas de contribuir com políticas públicas e programas sociais de segurança alimentar, energética e climática e com o desenvolvimento regional sustentável, bem como ampliar a sua atuação em parceria com instituições afins componentes do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, e parcerias internacionais.
Segundo Petula, cada uma das instituições participantes poderá apresentar, na plataforma TransfereGov, uma proposta de projeto conforme os termos estabelecidos no edital. “A inscrição pode ocorrer em mais de uma linha de projeto, para execução em até 12 meses a partir da data de assinatura do convênio”, esclarece a chefe da Assessoria do PAC-Embrapa. As Oepas foram distribuídas em três grupos, tendo sido considerado o número de pesquisadores de seus respectivos quadros de empregados permanentes. Cada um desses grupos terá um valor total previsto para 2024 e cada instituição, um valor limite (veja tabela abaixo sobre agrupamentos e valores).
“Esse novo PAC mostra um reconhecimento da Embrapa em relação a importância das Oepas . Isso é importante porque engrandece o nível de pesquisa. A notícia boa é que o recurso para a Embrapa já está liberado. Então, as OEPAS vão fazer a inscrição no convênio e serão beneficiadas ainda este ano para investir em equipamentos e maquinários agrícolas de inovação”, diz o vice-presidente Nacional de Pesquisa Agropecuária da Asbraer, Gilson dos Anjos Silva. Segundo ele, o edital resulta de um diálogo positivo entre a Asbraer e a Embrapa.
Grupo | Quadro de pesquisadores | Valores totais previstos 2024 | Quantidade de instituições participantes | Valores previstos para cada instituição |
A | Acima de 80 | R$ 10.000.000,00 | 5 | R$ 2.000.000,00 |
B | Entre 30 e 80 | R$ 6.000.000,00 | 4 | R$ 1.500.000,00 |
C | Abaixo de 30 | R$ 4.000.000,00 | 7 | R$ 571.428,57 |
Fonte: Mapa 17/07/2024
Um plano de ações e instruções estratégicas para operacionalizar a implementação de ação climática sobre a agricultura e a segurança alimentar, conforme decidido na COP27, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, realizada em 2022 no Egito. Este foi o principal resultado da 60ª Reunião dos Órgãos Subsidiários da Convenção do Clima (SB60), realizada em Bonn, na Alemanha, em junho. O encontro foi preparatório para a COP29, a ser realizada em Baku, capital do Azerbaijão, em novembro deste ano. Marcelo Morandi, chefe da Assessoria de Relações Internacionais (Arin), e Gustavo Mozzer, supervisor de Políticas Globais da Arin, participaram da reunião pela Embrapa, em apoio aos negociadores do Itamaraty e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Para Morandi, a execução desse plano transformará a COP30, a ser realizada em Belém (PA) no próximo ano, numa excelente oportunidade para o Brasil se posicionar como provedor de soluções de sustentabilidade na agricultura, energia e uso da terra. Segundo ele, o plano de trabalho envolve quatro grandes conjuntos de atividades, a começar pela criação de um roteiro de ações estratégicas, a serem desenvolvidas até a COP31, que promovam a implementação de projetos e políticas públicas para adaptação da agricultura às mudanças climáticas e garantia da segurança alimentar.
Outro ponto importante é o estabelecimento de bases para a elaboração anual, pelo Secretariado da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança de Clima (UNFCCC), de um relatório síntese sobre os avanços alcançados pelos países e as dificuldades a serem superadas, inclusive com financiamentos. O plano inclui também um calendário de oficinas técnicas anuais com temas relativos aos objetivos do Sharm el-Sheikh Joint Work on Agriculture and Food Security (SSJWA), em busca de mecanismos para superar as dificuldades relatadas, discussão de novos temas e compartilhamento de experiências de implementação de ações de adaptação às mudanças climáticas.
Por fim, o plano prevê a operacionalização de um portal on-line para acompanhamento de todas as ações e compartilhamento de experiências e até mesmo para negociação de financiamentos das iniciativas de implementação das ações de mitigação e adaptação da agricultura às mudanças climáticas. Morandi entende que as oficinas técnicas e o portal serão meios excelentes para dar visibilidade à agricultura tropical praticada no Brasil, com suas boas práticas, políticas e planos de sustentabilidade (ABC+, Renovabio, etc) e torná-los conhecidos de forma mais consistente com vistas a seu financiamento.
Gustavo Mozzer observa que outro ponto importante da reunião foi a discussão sobre o início do processo de “transparência aprimorada”, segundo qual até o final do ano os países deverão encaminhar o primeiro relatório bianual com a atualização dos dados das emissões de gases de efeito estufa e detalhamento das estratégias domésticas de implantação das políticas de adaptação às alterações climáticas.
Novo foco de monilíase do cacaueiro no Amazonas e medidas para conter a praga
Foto: Cícero Silva
O momento para iniciar a irrigação e a quantidade correta da água aplicada são fundamentais para o melhor uso dos recursos hídricos. Para estabelecer esses parâmetros para a cultura do trigo no Cerrado, pesquisadores da Embrapa definiram o momento ideal para iniciar a irrigação de forma a utilizar a menor lâmina possível de água mantendo a máxima produtividade da lavoura.
A pesquisa considerou a água disponível para a planta armazenada no solo na profundidade de 40 centímetros. Nesse espaço, ficam concentradas cerca de 80% das raízes. As análises mostraram que quando as plantas usam 40% da capacidade de água disponível no solo (CAD) é o momento ideal para começar a irrigação. “Buscamos o máximo potencial produtivo do trigo e a maior eficiência no uso da água e esse ponto ocorreu com o esgotamento de 40% da CAD”, explica Jorge Antonini, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF) e um dos responsáveis pelo estudo.
O estudo utilizou a BRS 394, cultivar de trigo da Embrapa que se destaca por seu alto potencial produtivo, curto ciclo de produção e excelente qualidade para a indústria de panificação. “Esses dados para cultivares de alto desempenho são inéditos. Com os novos parâmetros, os produtores rurais podem produzir a mesma quantidade de grãos gastando menos água, o que pode tornar o cultivo do trigo na região mais sustentável e o negócio, mais rentável”, afirma Alexsandra de Oliveira, também pesquisadora da Embrapa.
A pesquisa atualizou referências sobre a necessidade de irrigação de cultivares antigas de trigo, não mais recomendadas para a região. Enquanto os materiais utilizados na década de 1990 obtinham média produtiva de 4,5 toneladas por hectare (t/ha), a BRS 394 tem produtividade média de 7 t/ha. Para as variedades de alto desempenho, o trabalho mostrou que elas exigem maior frequência de irrigação, como informa Antonini: “A cultivar BRS 394 mostrou que podemos deixar esgotar somente 40% da CAD. Se usarmos mais do que isso, a planta entra em estresse e seu rendimento diminui”.
Apesar de precisar de um maior número de aplicações de irrigação, a quantidade de água total usada durante o ciclo de produção não diferiu significativamente em relação às variedades antigas, apesar de as novas variedades terem um potencial produtivo muito maior. “Mas é importante que o produtor faça esse manejo, para que não haja perda no rendimento”, ressalta.
Necessidade de água de acordo com a fase da lavoura
O estudo também apontou a necessidade de água de acordo com a fase de desenvolvimento da planta. No experimento, o desenvolvimento da cultura foi acompanhado no campo, com registro da duração de cada fase, em dias, contados a partir da data da semeadura. “Nos estádios iniciais da lavoura [estabelecimento e perfilhamento], o consumo de água é menor. À medida que o ciclo da cultura avança, aumenta a necessidade por água, com ápice na fase de floração. A partir daí, a quantidade de água pode ser reduzida”, observa Muller.
Segundo o cientista, essa variação ocorre de acordo com a quantidade de folhas. Quanto maior a área foliar, mais a planta perde água para a atmosfera. Por isso, a floração é a fase mais exigente em irrigação, quando a planta tem o máximo de folhas. Depois, as folhas e os grãos começam a secar.
Rendimento do trigo no Cerrado é maior do que no Sul
No Cerrado, devido ao regime de chuvas da região, só é possível cultivar o trigo no inverno com irrigação. A expansão dessas lavouras depende de um manejo adequado da água, principalmente pelos custos que essa operação representa para os sistemas produtivos. Cerca de 90% do trigo brasileiro é cultivado na região Sul. No entanto, a cultura vem crescendo no Centro-Oeste do Brasil com a produção de um grão de alta qualidade para a panificação industrial. “Com os cálculos atualizados para irrigação das lavouras no Cerrado, a pesquisa indica que é possível levar o trigo para áreas de cultivo não tradicionais com um uso racional da água, fator importante no contexto das mudanças climáticas e do aumento da demanda por alimentos no mundo”, reforça Oliveira.
Fonte: Embrapa 17/07/2024
Zarc aponta 80% de chance de sucesso para plantio de arroz irrigado em grande parte do Tocantins
Foto: Daniel Fragoso
Uma atualização recente do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) aponta que, no período de 1º de outubro a 20 de novembro, a chance de sucesso do plantio de arroz irrigado no Tocantins é de 80%, considerando os efeitos do clima. O estado é hoje o terceiro maior produtor nacional dessa cultura e o mais proeminente da Região Norte. O Zarc é uma ferramenta fundamental para auxiliar os produtores tocantinenses na gestão de riscos e contribuir para expandir a área de cultivo, tanto em áreas de várzeas como em plantios irrigados em outras áreas.
Atualmente, cerca de 20% do arroz brasileiro é produzido em ambiente tropical, com destaque justamente para o Tocantins, que responde por cerca de 6% do total nacional. Os demais 80% são cultivados em condições subtropicais, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, os dois primeiros do País.
A produção em ambiente tropical é importante porque, além de facilitar a logística de distribuição para os estados do Norte e do Nordeste, diminui os riscos de oferta causados por impactos de fenômenos climáticos severos no ambiente subtropical. São, portanto, locais que se complementam em termos de fortalecer a produção nacional e, sobretudo, a segurança alimentar dos brasileiros. Fatores climáticos são os que mais influenciam a produtividade em diversas culturas agrícolas; no caso do arroz, não é diferente. Na região sudoeste do Tocantins, foco do estudo, as variáveis climáticas que mais limitam a produção do arroz irrigado são a luminosidade e as altas temperaturas.
A época ideal de semeadura, uma das principais informações disponibilizadas pelo Zarc, tem papel fundamental como prática de manejo que reduz os riscos climáticos. Isso ocorre porque, seguindo as orientações, o produtor rural aumenta as chances de que as fases consideradas críticas ou sensíveis da planta não coincidam com o período de maior frequência dos fenômenos climáticos adversos.
O arroz no Tocantins
O Tocantins é o terceiro maior produtor de arroz do Brasil, atrás apenas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A colheita da safra de arroz 2023/2024 foi finalizada e a estimativa é que sejam alcançadas 619 mil toneladas com o grão, um aumento de cerca de 19% em relação à safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Esse montante é obtido, principalmente, em sistema irrigado em cerca de 100 mil hectares, o que corresponde a aproximadamente 95% da área total plantada com arroz no Tocantins. Os principais municípios produtores são Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão. A produção abastece o mercado interno e estados vizinhos das regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
Rodrigo Sérgio, analista da Embrapa Arroz e Feijão (GO), estima que em torno de 88 mil hectares (90% da área total com arroz) no Tocantins sejam plantados com sementes geradas pela Embrapa. Oito cultivares com a genética da empresa são importantes para a orizicultura do estado. Em relação ao cultivo em sistema irrigado, destacam-se a BRS A706 CL, a BRSA705, a BRS A704, a BRS Catiana e a BRS Pampeira. No que diz respeito ao sistema de produção de terras altas, as principais cultivares são a BRS A504 CL,a BRS A502 e a BRS Esmeralda.
A relevância do papel desempenhado pelas cultivares da Embrapa no Tocantins emergiu nos últimos cinco anos e, conforme o analista, reflete o trabalho de melhoramento genético do arroz que foi sendo aprimorado ao longo de mais de quatro décadas e remonta também à história de projetos de irrigação, como o Projeto Rio Formoso (1979), de sistematização de extensas áreas de várzeas.
Fonte: Embrapa 17/07/2024
Monitoramento semanal das condições das lavouras
Atualizado em 15 de julho
Algodão – 16,7% colhido. Em MT, a ocorrência de dias mais quentes e noites frias têm favorecido a incidência de mosca-branca. Também é verificada a alta ocorrência do bicudo. Nas áreas mais precoces, a colheita alcançou cerca de 12% da área. Na BA, a colheita evoluiu e alcançou cerca de ¼ da área. As lavouras remanescentes estão em maturação e formação de capulho e em boas condições. Em MS, a colheita iniciou nas regiões Norte e Nordeste. Há registros de danos devido ao excesso de chuvas, em algumas áreas, apresentando apodrecimento de maçãs. Nas regiões Sul, a escassez das precipitações limita o potencial produtivo. No MA, cerca de 25% da área foi colhida e as demais lavouras estão em maturação em boas condições fitossanitárias. Em GO, a colheita das lavouras de sequeiro está em fase final e apresenta boa qualidade de pluma. As áreas mais tardias, manejadas sob irrigação, estão em fase de formação e maturação dos capulhos. Em MG, a colheita das lavouras de sequeiro segue em bom ritmo e apresenta boa qualidade de pluma. No PI, o clima seco favoreceu a maturação e a colheita alcançou 25% da área.
Feijão 2ª safra – Na BA, as chuvas foram efêmeras e não prejudicaram a maturação e a colheita do feijão-caupi, que seguiu em bom ritmo. As lavouras de feijão-cores irrigado estão em enchimento de grãos e também demonstram boas condições. Em MG, a colheita foi finalizada e o rendimento ficou aquém do potencial produtivo, principalmente pelas poucas chuvas nas fases reprodutivas e pela maior incidência de mosca-branca.
Feijão 3ª safra – Em MG, mesmo com a escassez de chuvas, as lavouras apresentam bom desenvolvimento em razão da irrigação. As primeiras áreas semeadas iniciaram a fase de maturação e as condições gerais são boas. Em GO, o ritmo da colheita ainda é lento e a maioria das lavouras está nas fases de floração e enchimento de grãos. As condições gerais das lavouras são boas, especialmente pela suplementação hídrica por irrigação. Na BA, continuam os registros de chuvas leves, que têm favorecido o desenvolvimento das lavouras, concentradas no Nordeste.
Milho 2ª Safra – 74,2% colhido. Em MT, a colheita mantém o ritmo acelerado, restando apenas os talhões marginais. A produtividade se mantém próximo às estimativas iniciais. No PR, a colheita avança, com amplitude nas produtividades médias, principalmente no Noroeste, devido à irregularidade climática durante o ciclo. Em MS, as chuvas ocorridas paralisaram a colheita no Centro-Sul do estado. Em GO, a colheita avança dentro da normalidade e ultrapassa a metade da área semeada. Os grãos continuam apresentando boa qualidade, mas com peso específico abaixo ao de outras safras. Em SP, a colheita progride e as produtividades estão muito abaixo das estimadas inicialmente, devido aos déficits hídricos ocorridos nos meses anteriores. Em MG, a colheita evolui no estado e confirma-se as perdas de produtividade em função do ataque de pragas e, principalmente, pelas irregulares precipitações ocorridas durante o ciclo. No TO, a colheita se aproxima do quarto final das áreas semeadas e as produtividades têm sido variáveis no estado. No MA, as lavouras do Sul do estado têm apresentado produtividades abaixo das esperadas devido ao ataque de pragas e ao plantio ter sido realizado fora da janela ideal. No PI, a colheita avança em ritmo normal, com rendimentos abaixo das estimativas iniciais. No PA, o tempo mais seco permitiu avanço na colheita em todas as regiões.