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Controle de plantas daninhas no milho (Parte 1)

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(Curadoria Agro Insight)

Com o final da semeadura, iniciam as operações de manejo na cultura do milho. Neste sentido a curadoria Agro Insight compartilha as recomendações do sistema de produção da Embrapa para o controle de plantas daninhas.

 

As plantas daninhas representam sérios problemas para as culturas agrícolas pelos múltiplos prejuízos que ocasionam, quer dificultando ou onerando os tratos culturais , quer determinando perdas na produção pela concorrência por água, luz, nutrientes ou espaço físico. Há instituição, quando de sua ocorrência, de um processo competitivo, quando cultura e plantas daninhas se desenvolvem juntamente.

As pernícies causadas pela presença dessas plantas, entretanto, não se imputam exclusivamente à competição, mas sim a uma resultante total de pressões ambientais, as quais podem ser de efeito direto, como a própria competição e a alelopatia, ou indireto, tal qual o alojamento de insetos, doenças, interferência na colheita e outros. Esse efeito total denomina-se interferência, cujo grau de imposição à cultura do milho pelas infestantes é dado pela composição florística (por espécies que ocorrem na área, densidade e distribuição espacial da comunidade infestante), pelo período de convivência entre daninhas e cultura, por peculiaridades da cultura – espécie ou cultivar – como também por fatores relacionados à densidade de plantio e ao espaçamento entre filas de semeadura.

É notória a relevância da competição por nutrientes essenciais, pois estes, na maioria das vezes, são restritos. Ainda que o milho seja eficiente na absorção de tais elementos, não consegue acumular em si nutrientes, como as plantas daninhas fazem. Em condições de competição, o nitrogênio é um dos nutrientes de maior limitação entre milho e planta daninha. Assim, a adubação nitrogenada merece destaque em condições de alta infestação.

A disputa por espaço é configurada no momento em que a planta de milho assume uma arquitetura diferente daquela que possuiria quando isenta da presença de outras plantas, tendo alterada, por exemplo, a disposição de suas folhas, haja visto que o espaço que deveria ocupar encontra-se preenchido por outra planta. Sendo a planta do milho, sensível a tal condição de estresse, a mudança de sua conformação representa sérios prejuízos na produção.

O termo alelopatia, por sua vez, designa a ação de uma planta daninha exsudar substâncias químicas nocivas ao desenvolvimento de indivíduos da própria ou especialmente de outras espécies. Diversas plantas daninhas detêm capacidade alelopática que afetam o desenvolvimento do milho, como o capim- arroz (Echinochloa crusgalli), o capim- colchão (Digitaria horizontalis) e o capim- rabo- de-raposa (Setaria faberil). O grau de interferência das plantas daninhas pode variar de acordo com as condições climáticas e os sistemas de produção. No entanto, reduções médias motivadas pela interferência resultante da convivência do milho com infestantes têm sido descritas como da ordem de 13,1%. De modo que, em casos aparte de métodos de controle, esta redução pode chegar a aproximadamente 85% quando estas plantas não forem manejadas corretamente.

Dentre as plantas daninhas existentes, tem-se observado, no Brasil, em lavouras de milho, a ocorrência tanto de espécies dicotiledôneas, como Amaranthus spp (caruru), Cardiospermum halicacabum (balãozinho), Bidens spp. (picão -preto),Euphorbia heterophylla (leiteira), Ipomoea spp (corda -de- viola), Raphanus sativus (nabiça), Richardia brasiliensis (poaia -branca), Commelina benghalensis(trapoeraba) e Sida spp. (guanxuma), quanto de monocotiledôneas, como Brachiaria spp (papuã), Cenchrus echinatus (timbete), Digitaria spp (colchão), Echinochloa spp (capim arroz), Eleusine indica (capim pé- de- galinha) e Panicum maximum(colonião).

De modo geral, as espécies monocotiledôneas causam maiores prejuízos ao rendimento do milho do que as espécies dicotiledôneas. A composição das plantas daninhas vem sendo alterada em função de sua dinâmica populacional, de práticas culturais ineficientes e da utilização inadequada de produtos herbicidas, ocasionando elevação dos custos de produção e maiores impactos ambientais.

Objetivos do manejo de plantas daninhas

O manejo integrado tem o intuito de tornar próspera a redução de espécies indesejadas durante o período crítico de competição, f ase em que a convivência com as plantas daninhas pode causar danos irreversíveis à cultura, com consequente prejuízo ao rendimento .

Não obstante, o manejo também propicia a otimização da colheita mecanizada, poupando a proliferação de plantas daninhas, sendo garantida a produção de milho nas safras seguintes.

Portanto, ao usar algum método de controle de plantas daninhas na cultura do milho, o produtor deve lembrar-se que os principais objetivos são:

  1. evitar perdas devido à competição;
  2. beneficiar as condições de colheita;
  3. evitar o aumento da infestação; e
  4. proteger o ambiente

Prevenção de perdas acerca da competição

O entendimento da volubilidade, ano a ano, dos potenciais prejuízos causados por plantas daninhas ganha voga, variando o dano conforme as condições climáticas, de tipos de solo, de comunidade de plantas daninhas, de sistemas de manejo (rotação de culturas, plantio direto) etc. Assim, é necessário que o produtor de milho conheça oas possíveis perdas que as plantas daninhas venham a ocasionar em sua lavoura, uma vez que deste cuidado far-se-á subsídio para o plano de manejo.

Subsídios às condições de colheita

Os métodos de manejo da comunidade infestante poderão também ser utilizados para favorecer a colheita e não apenas para evitar a competição inicial. Às plantas daninhas que germinam, emergem e desenvolvem em meio à lavoura de milho, passado o período crítico de competição, não é devotada tamanha atenção, por não acarretarem perdas na produção. Todavia, as colheitas manual e mecânica podem sofrer contratempos. Na primeira, por exemplo, a presença da espécie Mimosa invisa Mart. Ex Colla, popularmente conhecida como malistra ou dormideira, bem como o Cenchrus echinatus (capim carrapicho), podem provocar ferimentos nas mãos dos trabalhadores. A segunda, quando realizada em lavouras com alta infestação de corda -de- viola (Ipomoea sp.) e trapoeraba (Commelinna sp.) pode ser inviabilizada, por ocasião do embuchamento dos componentes da plataforma de corte da colhedora.

Precauções quanto ao aumento da infestação

Parte do escopo do manejo de plantas daninhas remete-se à produção sustentada. Terminada a colheita da safra, com a permanência da terra em pousio, firmar-se-á a produção de sementes das espécies daninhas, condição esta que propicia o incremento de sementes das infestantes no solo, dificultando o manejo na safra seguinte. O não controle da produção de sementes proporciona maior emergência de plantas ano a ano, intensifica a dependência do uso de herbicidas, o que reflete diretamente no custo do manejo e implica menores lucratividades.

Em um sistema de produção sustentado, a manutenção da população de plantas daninhas em baixos níveis de infestação é imprescindível. Para isso, podem ser adotadas algumas técnicas, como rotação de culturas e semeadura de plantas de cobertura e de adubação verde. Culturas de cobertura, como nabo forrageiro, aveia, ervilhaca peluda, milheto, no período de entressafra, têem grande poder de supressão na emergência e no desenvolvimento das plantas daninhas. Operações de pós- colheita, como a passada de uma roçadeira ou a aplicação de herbicidas para dessecação das plantas daninhas, também podem ser realizadas para que não ocorra produção de sementes e/ou outros propágulos.

A questão ambiental

Finalmente, o último objetivo do manejo integrado é intrínseco ao controle químico, que no atual sistema de produção de milho é realizado em grande parte das áreas de plantio com herbicidas. Herbicidas são substâncias químicas que apresentam diferentes características físico-químicas e, portanto, comportamento ambiental distinto. Concorde a suas propriedades, como o coeficiente de adsorção (Kd), a constante da lei de Henry e, principalmente, a meia -vida do composto no solo, ar e água (T1/2), a formulação herbicida usada pode ser uma fonte contaminação de diferentes compartimentos ambientais, como água, ar e solo, não somente pontualmente, ou seja, nos locais em que forem aplicados, mas também em áreas adjacentes, podendo atingir áreas distantes do ponto de sua aplicação.

Produtos voláteis (que se transformam em gases) poderão contaminar o ar, produtos lixiviáveis (que sofrem movimentação no perfil do solo) poderão atingir o lençol freático subterrâneo, sendo que os ingredientes alocados nos sedimentos poderão afetar águas superficiais via transporte ou estando aí dissolvidos. A adoção de métodos de controle de plantas daninhas que minimizem ou dispensem o uso de herbicidas é desejável para tornar a atividade agrícola ambientalmente mais segura.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

Melhorança, A.L.; Karam, D.; Silva, J.A.A.; Oliveira, M.F. Plantas daninhas. In: Cultivo do Milho. 9ª edição Embrapa Milho e Sorgo, Sistema de Produção, 1, Nov/2015

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Tags: herbicida, Manejo Integrado, milho

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