Consórcios forrageiros na segunda safra contribuem para o sistema de produção

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje, na curadoria Agro Insight trouxemos um texto do pesquisador Flávio Jesus Wruck (Embrapa Agrossilvipastoril), que destaca o uso de consórcios forrageiros no período da segunda safra, como forma de incrementar a sustentabilidade dos sistemas de produção intensivos, como soja-milho.

Foto: Gabriel Faria

Por que usar consórcios forrageiros na segunda safra?

Nos últimos anos, poucas culturas foram mais rentáveis para o agricultor do que a dobradinha soja e milho. Porém, nem sempre as condições climáticas permitem a semeadura da segunda safra em toda a área dentro da janela preconizada pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). Além disso, a repetida sequência dessas culturas pode trazer problemas agronômicos. Nesses casos, os consórcios forrageiros de segunda safra são uma boa alternativa para o produtor.

Conforme a combinação de espécies, é possível obter diferentes serviços ecossistêmicos, como o aumento da matéria orgânica no solo, melhoria da microbiota, fixação biológica de nitrogênio, ciclagem de micro e macro nutrientes, redução de população de plantas daninhas, descompactação do solo, mitigação de nematóides, entre outros. Há ainda a melhoria da qualidade da forragem para as áreas de integração lavoura-pecuária (ILP).

A escolha das espécies a serem usadas no consórcio deve ser feita levando-se em conta a necessidade agronômica daquele talhão e as características edafoclimáticas da região. Em Mato Grosso, pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril e da Universidade Federal de Mato Grosso – campus Sinop, vêm testando mais de 20 combinações de consórcios, sejam eles de duas espécies ou policonsórcios, com até seis materiais.

As braquiárias são as gramíneas mais utilizadas, com destaque para as B. ruziziensis e as B. brizantha, notadamente as cultivares BRS Piatã e a BRS Paiaguás. Elas devem ocupar pelo menos 70% (em matéria seca) do consórcio, podendo produzir mais de 10 toneladas de matéria seca por hectare, enquanto o mínimo recomendado para um bom sistema de plantio direto é em torno de 5 t/ha.

Como a maior parte dos consórcios ainda está em pesquisa ou validação, temos poucas publicações sobre eles. Porém no Canal da Embrapa no Youtube, ao fazer a busca por “Consórcios forrageiros”, é possível encontrar palestras realizadas em dias de campo com recomendações para vários deles. Destacaremos a seguir três consórcios:

Sistema Gravataí (Capim + feijão-caupi)

Recomendado para a ILP, será pastejado pelo “boi-safrinha”. Além de melhorar o teor de proteína bruta da dieta animal, irá possibilitar maior produção de massa de forragem e aumento do nitrogênio no solo. Após a colheita da primeira safra, o feijão-caupi deve ser semeado em linhas espaçadas de 0,5 m entre si, numa taxa de semeadura de 4 a 6 sementes por metro linear (80 a 120 mil plantas/ha). A braquiária pode ser semeada em linha, com taxa de semeadura entre 3,5 a 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis. Cerca de 40 dias depois, o gado deve ser inserido na área.

Capim + Crotalária ochroleuca/C. spectabilis

Consórcios de Crotalaria ochroleuca ou C. spectabilis com gramíneas do gênero Brachiaria, como B. ruziziensis e B. brizantha Cvs. BRS Paiaguás e BRS Piatã têm como principais finalidades reduzir a população de nematóides do solo em áreas de soja, tanto em SPD quanto em ILP,  incrementar nitrogênio no solo pela fixação biológica (FBN), além de produzir forragem em grande quantidade e de boa qualidade (valor nutritivo) no período seco do ano. A C. spectabilis deve ser, preferencialmente, semeada diretamente em linhas espaçadas de 0,5 m entre si, com 20 sem/m linear (~7 kg/ha) ou a lanço, com 60 sem/m2 (~ 10 kg/ha). Já a C. ochroleuca  deve ser, preferencialmente, semeada a lanço, com 60 sem/m2 (~4 kg/ha) ou diretamente em linhas espaçadas de 0,5 m entre si, com 20 sem/m linear (~2,5 kg/ha). Independentemente da crotalária, a braquiária pode ser semeada em linha, com taxa de semeadura entre 3,5 a 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis. Nestas taxas de semeaduras, as crotalárias não ultrapassarão 25% da matéria seca da forragem, podendo ser pastejada diretamente por bovinos na ILP. Ainda poderão estocar mais de 120 e 150 kg/ha de N na palhada quando a leguminosa for, respectivamente, C. ochroleuca e C. spectabilis.

Capim com nabo forrageiro 

O Nabo forrageiro poderá ser consorciado com gramíneas do gênero Brachiaria, como B. ruziziensis e B. brizantha Cvs. BRS Paiaguás e BRS Piatã. As principais finalidades são ciclar nutrientes, notadamente potássio (mais de 340 kg/ha de K2O estocado na palhada) e descompactar o solo, especialmente nos primeiros 20 cm de profundidade, em áreas de soja tanto em SPD quanto em ILP, além de produzir forragem em grande quantidade e de boa palatabilidade no período seco do ano. É possível misturar muito bem as duas sementes e semeá-las tanto em linha (semeadura direta) quanto a lanço, seguida de uma incorporação leve (grade niveladora fechada ou correntão-faca). O nabo forrageiro (cultivares Siletina, AL 1000 ou IPR 116), semeado a lanço, deverá disponibilizar aproximadamente 55 sem/m2 ou 5 kg/ha. Já a braquiária pode ser semeada em linha, com taxa de semeadura entre 3,5 a 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

EMBRAPA/NOTÍCIAS – Por que usar consórcios forrageiros na segunda safra? Produção vegetal. Janeiro de 2023.

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Tags: B. brizantha, B. ruziziensis, braquiaria, braquiárias, Comsórcio forrageiro, crotalaria, feijão caupi, Integração Lavoura-Pecuária, nabo forrageiro, opção para segunda safra, sistema gravataí, Vigna unguiculata

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