(Curadoria Agro Insight)
A curadoria Agro insight de hoje apresenta duas novas cultivares de batata-doce biofortificadas, desenvolvidas pela Embrapa.
Para atender a demanda de agricultores e consumidores, foram lançadas pela Embrapa, três novas variedades de batata-doce: a BRS Cotinga, BRS Anembé e a BRS Nuti. A primeira é recomendada para processamento industrial na forma de chips, farinha, xarope de amido e outros produtos derivados; a segunda, para o mercado de mesa, em preparos culinários assados como purês, doces caseiros e pães; e já a terceira atende ambas as finalidades.
Em entrevista ao programa Conexão Ciência, a pesquisadora Larissa Vendrame dá detalhes sobre os novos produtos. Além de apresentar mais cores e nutrientes, as cultivares tem o triplo da produtividade da média nacional.
Segundo Vendrame, a ideia de desenvolver batatas-doces coloridas e biofortificadas surgiu da demanda de produtores que tinham dificuldade de acesso a esse tipo de produto. “As variedades disponíveis no mercado apresentavam baixa produtividade, eram suscetíveis a pragas e doenças e, além disso, os produtores não conseguiam acesso a mudas de qualidade”, explicou.
Dentre as vantagens apresentadas pelas novas cultivares está estabilidade de produção e a ampla adaptação a diferentes regiões de cultivo. “Sem contar com os compostos bioativos que elas possuem, que além de nutrir, fazem bem para a saúde humana, já que apresentam funções antioxidantes, reduzindo, assim o risco de doenças degenerativas e cardiovasculares, ressaltou.
A previsão é de que as novas cultivares de batata-doce estejam disponíveis para produção em meados de 2022, prazo em que os viveiristas licenciados já estarão comercializando as mudas. Com isso, o consumidor final poderá encontrá-las no mercado no início de 2023.
Assista aqui a entrevista na íntegra. Confira também outras entrevistas do Conexão Ciência.
Batata-doce de polpa alaranjada CIP BRS Nuti
A batata-doce CIP BRS Nuti é uma cultivar de casca rosada e polpa alaranjada com alta estabilidade de produção. Ela foi desenvolvida com a finalidade de oferecer ao mercado uma cultivar específica para industrialização na forma de chips, farinhas e corantes. Possui alto teor de betacaroteno (150 mg/kg), adaptabilidade a diferentes regiões no Brasil e hábito de crescimento semi-ereto, o que facilita o manejo entrelinha em comparação com outras cultivares. Outras características agronômicas interessantes são a boa cobertura vegetal e o bom pegamento de mudas.
A produtividade média nas diferentes regiões testadas foi de 40,5 t/ha com teor médio de matéria seca de 25%. As raízes têm formato elíptico alongado com peso médio de 360 gramas, comprimento médio de 18 cm e diâmetro médio de 7 cm. Podem ser consumidas in natura e tem potencial para uso industrial. É resistente aos nematoides-das-galhas Meloidogine incognita, M. javanica e M. enterolobii. Seu ciclo de produção varia de 150 a 180 dias, com plantio o ano todo nas regiões recomendadas, com exceção de plantio no inverno na região Sul.
A cultivar foi testada com sucesso e garantiu produtividade em várias regiões produtoras do Brasil, entre elas: Marabá (PA) Oeiras (PI), Petrolina (PE), Brasília (DF), Uberlândia (MG), Monte Carmelo (MG), Pirapozinho (SP), Canoínhas (SC), Santo Autusto (RS) e Campo Novo (RS). Ela é indicada para o plantio nesses estados, e com manejo semelhante ao de outras cultivares de batata-doce. Por ser biofortificada, a cultivar também pode ser direcionada para o atendimento de políticas públicas de saúde e segurança alimentar de populações vulneráveis.
Em 2021, a batata-doce CIP BRS Nuti foi validada em indústria de chips fritos, situada em Três Barras (SC), e obteve ótimo desempenho em relação à textura, sabor e aparência. Em testes realizados para a produção de cervejas artesanais, o resultado foi uma bebida com características diferenciadas.
Batata-doce de polpa roxa BRS Anembé
A cultivar de batata-doce BRS Anembé possui raízes com formato ovalado, com pele de cor vermelha-arroxeada, polpa de coloração roxa e profundidade dos olhos rasa. Ela destaca-se pelo teor de antocianinas totais de 184,8 mg/g, que é semelhante aos valores expressos em frutas de cor arroxeada como mirtilo, açaí e amora-preta.
A cultivar também apresenta aspectos de qualidade relevantes para a comercialização no mercado in natura, como raízes de peso mediano (aproximadamente 260 gramas), com matéria seca próxima a 37% e teor de sólidos solúveis de 15,5 °Brix. Logo, sua principalmente destinação é para mesa, em preparos culinários assados como purês, doces caseiros e pães, mas pode ser também industrializada na forma de chips, farinhas e corantes.
A produtividade da cultivar atinge o valor médio de 42,8 t/ha, superando em quase três vezes a média nacional de 14,5 t/ha. A alta produtividade foi obtida em diferentes ambientes, já que a batata-doce BRS Anembé possui ampla adaptação climática, expressa pelo bom desempenho agronômico nas diversas regiões avaliadas e épocas de plantio.
Referente à duração do ciclo de produção, do plantio até a colheita, dependendo da soma térmica do período e da região de cultivo, foram observados valores que variaram de 130 a 140 dias. A cultivar apresenta hábito de crescimento rasteiro, com média de comprimento das ramas de 3,26 m.
Do ponto de vista de resistência a pragas e doenças, a cultivar de batata-doce BRS Anembé é resistente aos nematoides-das-galhas Meloidogyne javanica, e medianamente resistente à praga de solo broca-da-raiz (Euscepes postfasciatus, Coleoptera, Curculionidae). É suscetível ao fungo mal-do-pé (Plenodomus destruens).
Nos anos de 2018 a 2019, A BRS Anembé foi submetida à validação agronômica em Brasília-DF, Pelotas-RS, Uruana-GO, Presidente Prudente-SP, Estiva-MG e Petrolina- PE, e aguarda resultados de validação em Alagoas, sendo indicada para plantio nesses estados.
Batata-doce de polpa roxa BRS Cotinga
A batata-doce BRS Cotinga é uma cultivar de casca e polpa de coloração arroxeada intensa com ampla adaptabilidade a ambientes de cultivo e alta estabilidade de produção. Foi desenvolvida com a finalidade de oferecer ao mercado uma cultivar específica para industrialização na forma de chips, mas também pode ser recomendada para processamento industrial como farinha, fécula, tapioca, xarope de amido e outros produtos derivados.
A coloração arroxeada da batatas-doce BRS Cotinga deriva do seu alto teor de antocianinas, pigmentos naturais responsáveis pelos tons de azul, roxo e vermelho em alimentos como frutas, raízes e folhas. Ela apresenta teor de antocianinas totais de aproximadamente 154 mg/g, semelhante a frutas de cor arroxeada (mirtilo, açaí e amora-preta).
Seu teor de matéria seca ultrapassa 32% e ela possui sólidos solúveis acima de 11 °Brix, características de qualidade importantes para o processo de industrialização. Suas raízes tem peso médio (358,91 g) e formato alongado (comprimento médio de 17,56 cm e diâmetro de 7,05 cm), apresentando constrições e venação, características que reforçam seu uso prioritário na indústria. A produtividade médica da cultivar, em diferentes ambientes, atinge 45 t/ha, sendo mais que o triplo que a média nacional de 14,5 t/ha. Seu ciclo varia de 130 a 140 dias, e o plantio pode ser realizado durante o ano todo nas regiões recomendadas, com exceção de plantio no inverno na região Sul.
A cultivar BRS Cotinga é exigente em calor, tolerante a baixas temperaturas e sensível a geadas, como qualquer cultivar de batata-doce. Em regiões mais frias, deve ser cultivada preferencialmente nos meses de altas temperaturas, que favorecem o crescimento das raízes. Ela apresenta resistência ao nematoide Meloidogyne javanica, a insetos-praga de solo como broca-de-raiz, vaquinhas e larva-arame.
Nos anos de 2018 a 2019, BRS Cotinga foi submetida à validação agronômica em Brasília-DF, Pelotas-RS, Uruana-GO, Canoinhas-SC, Presidente Prudente-SP, São Carlos-SP, Mococa-SP, Petrolina-PE e Estiva-MG, sendo indicada para plantio nesses estados. Em 2021, foi validada em uma indústria de chips fritos, situada em Três Barras-SC, mostrando ótimo desempenho em textura, sabor e aparência. Também foi testada para a produção de cervejas artesanais, resultando numa bebida com características diferenciadas em relação ao mercado.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
Embrapa/Notícia: Batatas-doces coloridas e biofortificadas atendem demanda do setor produtivo. Comunicação.
APHAEL AUGUSTO DE CASTRO E MELO, CNPH; LARISSA PEREIRA DE CASTRO VENDRAME, CNPH; GIOVANI OLEGARIO DA SILVA, CNPH; GEOVANI BERNARDO AMARO, CNPH; LUCIMEIRE PILON, CNPH; JORGE ANDERSON GUIMARAES, CNPH; JADIR BORGES PINHEIRO, CNPH; RICARDO BORGES PEREIRA, CNPH. BRS Anembé: nova cultivar de batata-doce de polpa roxa, rica em antioxidantes. Embrapa Hortaliças, 2021.
CIP BRS Nuti: batata-doce. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2021.
BRS COTINGA: batata-doce roxa para processamento industrial. Embrapa Hortaliças, 2021.
LARISSA PEREIRA DE CASTRO VENDRAME, CNPH; RAPHAEL AUGUSTO DE CASTRO E MELO, CNPH; GIOVANI OLEGARIO DA SILVA, CNPH; GEOVANI BERNARDO AMARO, CNPH; LUCIMEIRE PILON, CNPH; JORGE ANDERSON GUIMARAES, CNPH; JADIR BORGES PINHEIRO, CNPH; RICARDO BORGES PEREIRA, CNPH. BRS Cotinga: nova cultivar de batata-doce de polpa roxa para processamento industrial – produtiva, com ampla adaptabilidade e rica em antioxidantes. Embrapa Hortaliças, 2022. (Embrapa Hortaliças. Circular técnica, 177)
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Alguma experiência na região do semi-árido nordestino?
Alguma experiência na região do semi-árido nordestino?35 anos de olericulura e fruiculura irrigadas.