(Curadoria Agro Insight)
Hoje voltamos a falar sobre o mercado de fertilizantes. Para tanto, apresentamos um resumo do Boletim Logístico publicado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), um periódico mensal que contém dados sobre os aspectos logísticos do setor agropecuário.
Boletim Logístico – Adubos e Fertilizantes
O mercado de fertilizantes iniciou o mês de outubro com algumas preocupações em relação ao abastecimento desses insumos. Após a China anunciar uma restrição às importações, dado o aumento do gás natural, impactando no aumento dos preços dos nitrogenados, bem como garantir o abastecimento para a produção doméstica; a Rússia seguiu pelo mesmo caminho, informando que, também, iria restringir as exportações de fertilizantes, com estabelecimento de cotas.
De fato, tal cenário gerou preocupações do setor agrícola nacional, tendo em vista que a Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes para o Brasil.
Contudo, o volume de importação de fertilizantes no país, continuou recorde e já está consolidado como o maior da série histórica, chegando a 33,8 milhões, caracterizando de vez um maior investimento na safra atual, bem como na indicação de um aumento de área plantada das principais commodities nacionais, como soja e milho.
Tabela 1. Importação brasileiras de Adubos e Fertilizantes de janeiro a outubro.
Ano |
Milhões de toneladas |
2021 | 33,81 |
2020 | 27,75 |
2019 | 25,64 |
2018 | 22,99 |
2017 | 23,80 |
Este cenário mundial atual pode criar mais preocupação para o abastecimento para os próximos meses e, talvez, para o próximo ano. No entanto, o governo brasileiro já iniciou tratativas com o governo e empresas russas no intuito de garantir a regularidade no fornecimento de fertilizantes, fato que diminui as preocupações.
Desta feita, seguindo o ritmo para os próximos meses, não seria difícil o Brasil importar mais de 35,0 milhões de toneladas destes insumos, principalmente pelo fato de os produtores estarem capitalizados e incentivados ao investimento no plantio, apesar da elevação significativa dos custos dos adubos, visando atingir altos níveis de produtividade.
Para se ter uma ideia, o Mato Grosso, principal estado produtor de milho, soja e algodão do país, importou de janeiro a outubro, 6,6 milhões de toneladas, um incremento de 35,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Dentre os principais produtores nacionais, somente o Maranhão teve um aumento abaixo de 9,0%.
Logística
Este cenário pode indicar um aumento no custo de movimentação de cargas, sobretudo para o Porto de Paranaguá e Santos, principais portos de internalização destes insumos. O porto de Santos, segundo a Secretaria de Comércio Exterior – Secex, saiu de 5,4 para 8,5 milhões de toneladas, de um ano para o outro. O aumento mais significativo foi do porto de Itaqui que em 2020, internalizou 657 mil toneladas e, em 2021, 2,4 milhões, ou seja, quase 4 vezes mais, indicando ser o porto do Arco Norte mais bem estruturado para o recebimento deste tipo de carga seguido pelos portos do Pará (Santarém e Barcarena).
Neste sentido, o aumento de importação de fertilizantes, pelos portos do Arco Norte, pode indicar, inclusive, a possibilidade de diminuição no custo de transporte, visto a maior possibilidade de frete de retorno (sobe com o grão e desce com o fertilizante).
Política nacional de fertilizantes
Após viagem à Rússia, na semana passada, para tratar do assunto com os maiores fornecedores de fertilizantes ao Brasil, a ministra Tereza Cristina também irá ao Canadá ainda este ano.
“Sabemos que vivemos hoje uma situação complicada pós pandemia, gerando uma expectativa não muito boa sobre o setor e com problemas no mundo todo com falta de energia. Isso trouxe insegurança para a agricultura brasileira, já que somos muito dependentes de fertilizantes. Havia uma preocupação e incerteza no mercado, então fizemos uma avaliação conjunta com o mercado e fui à Rússia”, afirmou Tereza Cristina.
No país, a ministra se encontrou com os quatro maiores produtores e com o ministro do Desenvolvimento do país, que garantiram o fornecimento dos contratos vigentes. O objetivo da viagem da ministra foi abrir negociação com os principais fornecedores de fertilizantes, produto essencial para a produção agropecuária que enfrenta restrições na oferta mundial.
Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), realizadora do Congresso, o Brasil consumiu 40 milhões de toneladas de fertilizantes em 2020. O valor representa crescimento de 12% em relação a 2019. O país é o quarto maior consumidor de fertilizantes no mundo, o que equivale a 9% desse mercado. A Rússia representa cerca de 20% do total de fertilizantes importados pelo Brasil. Recentemente, o governo russo anunciou restrições às exportações de fertilizantes nitrogenados por meio de cotas de exportação pelo período de seis meses a partir de 1º de dezembro, com o objetivo de evitar escassez no mercado interno.
O Governo Federal ainda desenvolve o Plano Nacional de Fertilizantes, que reunirá estratégias para reduzir a dependência externa a longo prazo bem como de curto prazo para mitigar efeitos eventuais e momentâneos choques de oferta. O objetivo é fortalecer políticas de incremento da competitividade da produção e da distribuição de insumos e de tecnologias para fertilizantes no país de forma sustentável, abrangendo adubos, corretivos, condicionadores e novas tecnologias.
Ouça a matéria da Rádio Mapa sobre a visita da Ministra Tereza Cristina a respeito do fornecimento de fertilizantes:
CONSIDERAÇÕES
Embora existam muitas incertezas, ao que tudo indica, para a safra 2021/2022, ainda teremos um fornecimento de fertilizantes suficientes para atender o crescimento da demanda nacional. Entretanto, o cenário atual nos alerta para a necessidade de investimentos no desenvolvimento de alternativas nacionais ao fornecimento desse insumo básico. A redução dessa dependência é fator fundamental para o crescimento do Agro nacional.
REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS
Boletim Logístico – Novembro/2021 – Adubos e Fertilizantes