Aspectos gerais da colheita e pós-colheita de grãos

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje, a curadoria Agro Insight compartilha a primeira parte da publicação da Embrapa sobre colheita e pós-colheita da soja.

A colheita constitui uma importante etapa no processo produtivo da soja, principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavoura destinada ao consumo ou à produção de sementes. Essa etapa deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio de ponto de colheita (R8), segundo a escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), a fim de evitar perdas quantitativas e qualitativas de produto.

Fatores que afetam a eficiência da colheita

Para reduzir perdas é necessário que se conheçam as suas causas, sejam elas físicas ou fisiológicas. A seguir, são abordadas algumas causas “indiretas” de perdas na colheita.

  • Topografia e superfície do solo: a irregularidade da superfície do terreno pode promover a perda de grãos de soja na colheita, principalmente por interferir na altura de corte das plantas. Quando o microrrelevo for muito irregular e a barra de corte, mesmo flexível, não conseguir acompanhar o contorno da superfície, as plantas de soja podem ser cortadas acima do ponto de inserção das primeiras vagens, resultando em perda. O fator topográfico, conferindo aos talhões inclinações elevadas, afeta fortemente a colheita mecanizada da soja. O deslocamento da colhedora transversal à inclinação do terreno provoca a concentração lateral do fluxo de material nos mecanismos de separação e limpeza, o que promove saída de grãos a partir das peneiras. Em deslocamento ascendente, a passagem do material trilhado pelos mecanismos de separação e limpeza será acelerada, o que também provoca perdas de grãos. Nesses casos, recomenda-se a redução da velocidade de operação, de forma que a taxa de alimentação seja menor e, consequente- mente, o volume de material a passar pelos sistemas de separação e limpeza seja adequado.
  • Inadequação da época de semeadura, do espaçamento e da densidade: a semeadura da soja em época inadequada pode acarretar baixa estatura das plantas e inserção das primeiras vagens rente ao solo. O espaçamento entre linhas e/ou a densidade de semeadura inadequados podem reduzir o porte das plantas ou aumentar o acamamento delas, o que, consequentemente, refletirá em maiores perdas na colheita.
  • Cultivares não adaptadas: o uso de cultivares não adaptadas a determinadas regiões pode prejudicar a operação de colheita, decorrente da manifestação de características agronômicas indesejáveis nas plantas de soja.
  • Retardamento da colheita: em lavouras destinadas à produção de sementes, muitas vezes a espera por menores teores de umidade para efetuar a colheita pode provocar a deterioração das sementes, pela ocorrência de chuvas inesperadas e consequente elevação da incidência de patógenos. Quando a lavoura for destinada à produção de grãos, o problema não é menos grave, pois quanto mais seca estiver a lavoura, maior poderá ser a deiscência, ha- vendo ainda casos de reduções acentuadas na qualidade do produto.
  • Umidade inadequada: a soja, quando colhida com teor de umidade entre 13% e 14%, tem minimizados os problemas de danos mecânicos e latentes nos grãos/sementes. A colheita de produto com teor de umidade superior a 14% resultará em uma maior incidência de danos mecânicos latentes, ao passo que, quando realizada com teores abaixo de 13%, estará suscetível ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra.

Principais causas das perdas

A subestimação da importância econômica das perdas e a consequente falta de monitoramento (avaliação com método adequado) do processo de colheita são as principais causas de ocorrência de perdas/desperdícios de grãos/sementes durante o processo de colheita da soja.

  • Má regulagem e operação inadequada da colhedora: na maioria das vezes, é causada pelo pouco conhecimento do operador sobre regulagens e operação da colhedora. O trabalho harmônico entre o molinete, a barra de corte, a velocidade da operação e os ajustes dos sistemas de trilha, separação, limpeza e transporte é fundamental para uma colheita eficiente, bem como o conhecimento de que a perda tolerável de grãos é de, no máximo, uma saca de 60 kg/ha (Silveira; Conte, 2013). A velocidade do molinete deve ser um pouco superior à da colhedora e é recomendado que o mesmo opere com seu eixo central um pouco à frente da barra de corte (de 0,15 m a 0,30 m), de modo que os pentes do molinete toquem o terço superior das plantas. Para ajustar a rotação ideal do molinete de 1,0 m a 1,2 m de diâmetro é necessário fazer uma marca na ponta do mesmo, em relação ao seu eixo e regular a sua rotação para cerca de 9,5 voltas em 20 segundos (para velocidade da colhedora até 5,0 km/h) ou, no máximo, 12,5 voltas em 20 segundos (para velocidade de 6,0 km/h). Para molinetes de 0,9 m de diâmetro, ajustar a rotação do mesmo para cerca de 10,5 voltas em 20 segundos (velocidade até 5,0 km/h) ou, no máximo, até 15 voltas em 20 segundos (velocidade 6,0 km/h).

Indica-se colher com velocidades entre 4,0 km/h e 6,5 km/h. Para estimar a velocidade de deslocamento da colhedora são sugeridos dois métodos:

a) em um período de tempo de 20 segundos, contar o número de passos largos (padrão adotado de aproximadamente 0,90 m/passo), ao caminhar na mesma velocidade e ao lado da máquina. Multiplicar o número de passos pelo fator 0,16 para obter a velocidade em km/h. Se o número de passos variar entre 25 e 41, o deslocamento da colhedora está de acordo com a recomendação;

b) dispondo de uma trena ou uma corda, marcar e depois medir a distância percorrida em 20 segundos de deslocamento, dividir o resultado por 20 e multiplicar por 3,6 para obter a velocidade em km/h.

Tipos de perdas e onde elas ocorrem

Tendo em vista as várias causas de perdas que ocorrem numa lavoura de soja, os tipos ou as fontes de perdas podem ser definidos da seguinte maneira:

  • perdas antes da colheita, causadas por deiscência natural ou pelas vagens caídas ao solo antes da colheita;
  • perdas causadas pela plataforma de corte, que incluem as perdas por debulha, por altura de inserção e por acamamento das plantas na frente da plataforma;
  • perdas por trilha, separação e limpeza, constituídas pelos grãos que tenham passado pela colhedora durante a operação.

Como avaliar as perdas

Para avaliar as perdas de grãos durante a colheita da soja, recomenda-se a utilização do copo medidor desenvolvido pela Embrapa que, ao correlacionar volume com massa, permite a determinação direta da perda tolerável (até 1 saco de 60 kg/ha) ou do desperdício (valores acima de 60 kg/ha), em sacas/ha, pela simples leitura no nível impresso no próprio copo. O método de determinação das perdas consiste, basicamente, de duas operações – a coleta dos grãos em uma área de- limitada de 2,0 m2 e a leitura direta desses em uma escala. A armação correspondente a uma área de 2,0 m2 para a coleta dos grãos pode ser feita de ripas de madeira e barbante. Uma medida fixa e padrão de armação de 4,0 m de largura por 0,5 m de comprimento pode ser adotada. Armações com dimensões variáveis podem também ser confeccionadas, em função da largura da plataforma de corte da colhedora; para deter- minar a medida do comprimento (X) desse tipo de armação, divide-se o número dois pela largura (Y) da plataforma (X=2/Y). Por exemplo, para uma plataforma de 9,1 m de largura, o valor do comprimento da armação será: 2,0/9,1 = 0,22 m ou 22 cm (Silveira; Conte, 2013). Para a determinação da perda total de grãos, após a passagem da colhedora, coloca-se a armação, coletam-se todos os grãos e todas as vagens de seu interior; uma vez debulhadas as vagens, deposita-se a totalidade dos grãos no copo medidor e obtém-se, diretamente, o valor da perda total naquele ponto de amostragem. Outros detalhes do método de avaliação e do uso do copo medidor encontram-se em Silveira e Conte (2013).

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

LORINI, I.; SILVEIRA, J. M.; OLIVEIRA, M. A. de; MANDARINO, J. M. G.; HENNING, A. A.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; BENASSI, V. T.; CONTE, O.; HENNING, F. A. Colheita e pós-colheita de grãos. Capítulo em Livro Técnico-Científico, p. 317-345, 2020.

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Tags: avaliação de perdas, colheita da soja, perdas

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