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Sementes de algodão: Atenção com esse insumo fundamental!

Controle biológico algodão

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(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje vamos tratar de um dos insumos mais importantes para uma lavoura de sucesso, a semente. Nesse sentido, trouxemos um texto do sistema de produção do algodão, elaborado pelos pesquisadores da Embrapa, Alderi Emidio de Araujo e Vicente de Paula Queiroga.

Semente

O produtor que adquire uma semente de qualidade deve esperar que o seu plantio resulte na reprodução das características especificadas pela descrição da cultivar, com o máximo de uniformidade.

A legislação brasileira recente permitiu a implantação, em todo o país, de sementes certificadas. A produção de sementes envolve diferentes entidades, responsáveis pelas sucessivas etapas que resultam na disponibilização das sementes aos produtores.

Abaixo, são descritos os papéis das diferentes entidades envolvidas na produção de sementes como segue:

Entidade certificadora

É considerada entidade certificadora o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou pessoa jurídica por este credenciada para executar a certificação de sementes e mudas. Essa entidade pode produzir a semente certificada. Entretanto, esse papel vem sendo desempenhado pelo setor privado, por meio de contratos estabelecidos entre o obtentor da cultivar e uma entidade produtora.

Entidade produtora

Pode ser do setor público ou privado. Caracteriza-se por ser responsável pelo nível de qualidade constante do certificado. Quem emite o certificado, de acordo com as análises realizadas, é a entidade certificadora; porém, quem se responsabiliza perante o cliente consumidor pelo que consta no certificado é a entidade produtora.

Cooperante

É o indivíduo em cuja área agrícola são produzidas as sementes. Quando a entidade produtora não dispõe de área suficiente para produzir toda a semente a que se propõe, faz contratos específicos com outros produtores para este fim.

No Cerrado brasileiro, para a produção de sementes de algodão, normalmente, a entidade produtora é também cooperante, uma vez que produz as sementes em sua própria área agrícola.

Classes de Sementes

A semente certificada é o resultado de um material vegetal, de cujas características genéticas os atores envolvidos no processo produtivo têm pleno conhecimento. Para que se produza a semente certificada, o ponto de partida é uma pequena quantidade de sementes de determinada cultivar, obtida pelo melhoramento genético ou da multiplicação das sementes de uma cultivar já existente, sob condições rigorosamente controladas (Carvalho & Nakagawa, 1980).

Essa pequena quantidade de sementes, ao ser multiplicada, resulta no aparecimento de algumas classes intermediárias, até se alcançar o nível de semente certificada:

Semente Genética: material de reprodução obtido a partir de processo de melhoramento de plantas, sob a responsabilidade e controle direto do seu obtentor ou introdutor, mantidas as suas características de identidade e pureza genéticas. É produzida sob responsabilidade do melhorista. A partir desta, é produzida a semente básica.

Semente Básica: material obtido da reprodução de semente genética, realizada de forma a garantir sua identidade genética e sua pureza varietal. Resulta da multiplicação da semente genética, produzida sob a responsabilidade do obtentor ou de uma instituição por ele autorizada. Em geral, é a partir desta classe que se produz a certificada.

Semente Certificada de Primeira Geração (C1): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente básica ou da semente genética. Resulta da multiplicação da semente básica, mantendo sua pureza varietal e identidade genética e produzida sob controle da entidade certificadora.

Semente Certificada de Segunda Geração (C2): material de reprodução vegetal resultante da reprodução da semente genética, da semente básica ou da semente certificada de primeira geração. É produzida pela entidade produtora de acordo com normas estabelecidas pela entidade certificadora.

Semente S1 e Semente S2:  referem-se, respectivamente, às sementes de primeira e de segunda geração da classe não certificada, com origem genética comprovada. Quando não houver tecnologia disponível para a produção de sementes genéticas da espécie, o MAPA poderá permitir a produção de “Semente S1″ e “Semente S2” sem comprovação de origem genética.

Estabelecimento de campo para produção de sementes

O estabelecimento de um campo de produção de sementes requer uma série de medidas, cujo objetivo principal é evitar que as sementes sofram contaminação genética ou varietal durante qualquer uma das fases do processo produtivo. As principais medidas a serem tomadas visando a produção de sementes são:

  1. Definição da cultivar.
  2. Registro do produtor ou contrato firmado com o obtentor da cultivar.
  3. Escolha da área.
  4. Isolamento dos campos de produção; e
  5. Purificação ou “roguing”.

Cuidados a serem tomados no processo de produção de sementes de algodoeiro

Taxa de cruzamento natural: também conhecida como taxa de alogamia. É considerada bastante baixa no Cerrado, em função da baixa população de abelhas silvestres, grande extensão de lavouras comerciais e alta frequência de aplicação de inseticidas que provocam a morte de insetos polinizadores. Esta taxa varia de 0% a 15% no Estado de Mato Grosso.

Misturas mecânicas: podem ocorrer durante as operações de plantio, colheita e armazenamento, beneficiamento, ensacamento e deslintamento. Devem ser tomadas medidas preventivas visando evitar as misturas, destacando-se entre estas: evitar o plantio de algodão em área previamente plantada com algodão; passar corrente de ar com uso de compressor pelos fusos da colheitadeira e dutos da algodoeira; limpar as máquinas entre o beneficiamento de uma cultivar e outra; eliminar uma pequena parte do material beneficiado após a mudança de cultivar.

Degeneração genética natural: fenômeno que ocorre de forma natural, principalmente quando a cultivar é derivada de hibridação interespecífica. Para minimizar tal problema, deve-se evitar o plantio sucessivo de algodão em uma mesma área e isolar os campos de produção de sementes.

O isolamento de um campo de produção de sementes de algodão deve levar em consideração as seguintes distâncias entre campos cultivados com diferentes variedades:

Isolamento de campos para produção de sementes básica, certificada, S1 e S2

250 metros entre cultivares diferentes;

800 metros entre espécies diferentes.

Inspeções no campo

O objetivo das inspeções nos campos de produção de sementes é comparar a qualidade dos mesmos, com os padrões de lavoura recomendados oficialmente (Tabela 1). Estas inspeções visam assegurar que as sementes não estejam contaminadas, física ou geneticamente além dos limites tolerados (Vieira & Beltrão, 1999).

Os campos de produção de sementes de algodoeiro devem ser inspecionados, pelo menos, duas vezes visando confirmar os padrões de isolamento, presença e incidência de plantas fora do padrão, de plantas de outras espécies, raças e cultivares, ervas daninhas proibidas e doenças, entre outros. Os estádios fenológicos onde as inspeções devem ocorrer são os seguintes:

Pré-floração: compreendido o período de crescimento vegetativo que precede o florescimento;

Floração: período em que as flores estão abertas, o estigma receptivo e a antera liberando pólen. Para fins de inspeção, 5% ou mais de plantas florescidas, caracteriza o período de floração;

Pré-colheita: quando 50% das maçãs encontram-se abertas, as sementes se aproximam da maturação fisiológica e estão completamente formadas. É possível que, inspeções posteriores, sejam necessárias.

Tabela 1. Padrões oficiais mínimos de sementes exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Fatores de Qualidade Níveis de tolerância
Básica Certificada 1 Certificada 2
Germinação 70% 75% 75%
Pureza 98% 98% 98%
Outras espécies cultivadas/350g1 zero 1 1
Outras espécies de algodão2 zero zero zero
Sementes silvestres

Sementes nocivas toleradas/1000

1

1

2

2

2

2

Sementes nocivas proibidas/1000

 

Presença adventícia de OGM em semente convencional3

Zero

 

1%

Zero

 

1%

Zero

 

1%

 

Plantas atípicas (inclusive algodão árboreo

 

1/10.000

 

1/2.000

 

1/1.000

Fonte: MAPA.

Existem, também, padrões de sanidade de sementes de algodão definidos por uma comissão que trata desse assunto em nível nacional (Tabela 2)

Tabela 2. Proposta de padrões de tolerância de patógenos em sementes de algodoeiro.

Patógenos Classes de sementes
Básica Certificada1 Certificada2
C. gossypii var. cephalosporioides 0 0 0
Fusarium oxysporum f. sp vasinfectum 0 0 0
Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum 0 0 0

Fonte: Menten (1997).

Qualidade física e fisiológica das sementes

Para cultivos altamente tecnificados, como aqueles conduzidos em regime de irrigação, a qualidade da semente é de fundamental importância, pois a utilização de sementes de alta qualidade pode prevenir problemas na lavoura e prejuízos financeiros decorrentes de desuniformidade e falhas na emergência. Fracassos em algodoais nas várias regiões produtoras do país são frequentes, por causa, principalmente, da utilização de sementes de origem e qualidade desconhecidas.

O uso de sementes de elevada qualidade possibilita a obtenção de estande uniforme, com plantas vigorosas e sadias, aumentando significativamente a chance de sucesso das operações e práticas culturais durante o ciclo da cultura.

Vantagens do uso de sementes de elevada qualidade

O bom desempenho das plântulas sob condições desfavoráveis é a principal vantagem quando são oriundas de sementes vigorosas, entre outras arroladas a seguir:

  • Maior resistência das plântulas às pragas e doenças iniciais.
  • Estabelecimento mais rápido de um estande uniforme, que contribui para maior precocidade das plantas.
  • As plântulas são mais tolerantes ao estresse hídrico inicial.
  • As necessidades de replantio são significativamente reduzidas.
  • A quantidade de sementes por área é menor.
  • A emergência é mais rápida e o crescimento do sistema radicular, mais vigoroso.

Critérios para controle de qualidade

A análise de sementes é essencial para o controle da qualidade na comercialização, sendo esta realizada em laboratórios oficiais credenciados.

Para a avaliação de um lote de sementes, analisa-se uma pequena amostra, extrapolando-se o resultado para o lote em questão. É importante que a amostra seja representativa do lote analisado, que deve ser homogêneo, a fim de expressar sua real qualidade.

Análise de pureza

A pureza diz respeito à composição física de um lote de sementes, demonstrando a limpeza do campo de produção e a eficiência da colheita e do beneficiamento. É feita em laboratório, com base nas metodologias prescritas nas Regras para Análise de Sementes, e separam-se na amostra os seguintes componentes:

  • Sementes puras: sementes pertencentes à cultivar em análise.
  • Outras sementes: sementes de outras cultivares ou espécies.
  • Material inerte: tudo o que não é semente e está presente na amostra.

O grau de pureza da amostra analisada deve ser, no mínimo, de 98%.

Teste de germinação

O principal atributo da qualidade fisiológica de qualquer lote de semente é a porcentagem de germinação, que representa a capacidade da semente em dar origem a uma plântula normal e sadia.

A porcentagem de germinação é determinada por meio do teste de germinação, com o objetivo de avaliar as sementes tanto para fins de plantio como para comercialização.

As sementes usadas no teste de germinação são originadas da fração “semente pura” e devem ser contadas sem discriminação quanto ao tamanho e aparência.

O prazo para a avaliação da germinação é de 2 semanas, sendo a primeira e segunda contagens com 7 e 14 dias; é quando as plântulas são avaliadas.

O poder germinativo das amostras testadas é a média da porcentagem das plântulas normais, presentes em 4 ou 8 repetições. Considera-se uma plântula normal aquela que apresenta características indicativas de sua capacidade de, sob condições favoráveis, crescer e se transformar em planta normal.

O potencial de germinação das amostras testadas pode ser avaliado pelo próprio cotonicultor por meio de testes de emergência no campo ou em areia.

No teste de areia, que é o mais simples, para cada amostra, utilizam-se 4 repetições de 50 sementes cada uma, que devem ser semeadas em caixas de madeira, de 22 cm x 30 cm x 10 cm, contendo cerca de 4 kg de solo de textura média. Devem-se fazer 5 sulcos em cada uma e colocar 10 sementes por sulco. A quantidade de água a ser aplicada nas caixas de solo deve ser controlada para evitar encharcamento. Em geral, de 7 a 10 dias após a semeadura, dependendo da temperatura ambiental, ocorre a germinação quando se realiza a contagem das plântulas emergidas, ou seja, aquelas cujas partes aéreas se apresentarem normais.

O resultado do teste de germinação da amostra analisada deve ser de pelo menos 80%, com um mínimo admissível de 75%.

Grau de umidade

O objetivo desta análise é determinar o teor de água nas sementes por métodos adequados em análises de rotina, que se baseiam na perda de massa das sementes secas em estufa.

A determinação deste critério é importante, porque o teor de umidade das sementes afeta diversos processos biológicos. Se a semente for armazenada com teor de umidade superior ao ideal, pode ocorrer o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos, inclusive a indução de sua germinação.

O teor de água máximo tolerável para a amostra de sementes de algodão é de 12%, pois favorece a manutenção da germinação e possibilita a conservação das sementes em ambiente aberto, durante 6 a 8 meses, podendo acarretar nesta faixa ataque de insetos.

REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS

Cultura do Algodão no Cerrado: Sementes

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Tags: algodão, embrapa, semente

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