Adubação nitrogenada suplementar tardia em soja vale a pena?

Fixação biológica de nitrogênio na cultura da soja

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(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, vamos tentar responder a pergunta: “Adubação nitrogenada suplementar tardia em soja vale a pena?”

Para isso, encontramos o artigo dos pesquisadores da Embrapa, Iêda de Carvalho Mendes, Fábio Bueno dos Reis Junior, Mariangela Hungria, Djalma Martinhão Gomes de Sousa e Rubens José Campo, que avaliaram a suplementação tardia de nitrogênio (N). Na sequência vamos apresentar uma síntese do trabalho e a resposta da questão!

Adubação nitrogenada suplementar tardia em soja cultivada em latossolos do Cerrado

No Brasil, as taxas de fixação biológica do nitrogênio (FBN), para a cultura da soja, variam entre 109 e 250 kg ha-1 de N, o que representa de 70 a 85% do N total acumulado pelas plantas (Boddey et al., 1990; Hungria et al., 2006a). Contudo, uma análise de vários experimentos, conduzidos principalmente nos Estados Unidos e Austrália, mostrou que o N derivado da fixação biológica na soja, nesses países, tem decrescido de 65 para 54%, provavelmente em razão do aumento da utilização de fertilizantes nitrogenados (van Kessel & Hartley, 2000).

Desde o início da expansão do cultivo da soja, em áreas de primeiro cultivo no Cerrado, na década de 1970, houve dúvidas, por parte dos agricultores, de que somente a inoculação fosse suficiente para suprir todo o N necessário para se alcançar boas produtividades.

Várias pesquisas realizadas na década de 80 (Vargas & Suhet, 1980; Vargas et al., 1982) demonstraram que, utilizando-se inoculantes de boa qualidade, com estirpes adaptadas às condições de Cerrado, a prática da adubação nitrogenada na cultura da soja era totalmente desnecessária.

Entretanto, fatores como o avanço do plantio direto na Região do Cerrado, o lançamento de cultivares com teto elevado de produtividade e resultados de pesquisa com resposta da soja à aplicação tardia de N, no pré-florescimento e no início do enchimento de grãos, voltaram a gerar dúvidas sobre a necessidade de se adubar a soja brasileira com fertilizantes nitrogenados. Informações que precisam ser avaliadas de forma sistematizada pela pesquisa, pois podem desestimular o agricultor quanto à necessidade da prática de reinoculação em soja, o que poderia acarretar prejuízos para a FBN.

Neste sentido, foi realizado um trabalho de pesquisa com o objetivo de verificar se a adubação nitrogenada, nos estádios de pré-florescimento (R1) e início do enchimento de grãos (R5), interfere na produtividade e na nodulação da soja. Foram conduzidos 15 ensaios durante sete anos, em plantio direto ou convencional.

Os resultados indicam que:

  • A utilização de fertilizantes nitrogenados em suplementação tardia para a soja, independentemente do sistema de manejo do solo, não apresenta vantagem econômica, em relação à inoculação de bradirrizóbio, em latossolos do Cerrado.
  • A nodulação da soja é prejudicada pela aplicação de 200 kg ha-1 de nitrogênio e é maior em plantio direto do que em plantio convencional. Isso ocorre porque em suas formas minerais, NO3e NH4+, o N presente no solo afeta não só a fixação biológica, mas também a nodulação das plantas, por inibir a formação ou causar senescência dos nódulos já formados (Bottomley & Myrold, 2007).
  • A inoculação da soja proporciona a melhor/relação custo/benefício, aumentando a competitividade da soja brasileira.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

MENDES, I. de C.; REIS JÚNIOR, F. B. dos; HUNGRIA, M.; SOUSA, D. M. G. de CAMPO, R. J. Adubação nitrogenada suplementar tardia em soja cultivada em latossolos do Cerrado. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.43, n.8, p.1053-1060, ago. 2008.

BODDEY, R.M.; URQUIAGA, S.; PERES, J.R.; SUHET, A.R.; NEVES, M.C.P. Quantifi cation of the contribution of N2

fi xation to fi eld-grown legumes: a strategy for the practical application of the 15N isotope dilution technique. Soil Biology and Biochemistry, v.22, p.649-655, 1990.

BOTTOMLEY, P.J.; MYROLD, D.D. Biological N inputs. In: PAUL, E.A. (Ed.). Soil microbiology, ecology and biochemistry. 3rd edition. Oxford: Academic Press, 2007. p.365-388.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R.J.; MENDES, I.C.; GRAHAM, P.H. Contribution of biological nitrogen fi xation to the N nutrition of grain crops in the tropics: the success of soybean (Glycine max (L.) Merr.) in South America. In: SINGH, R.P.; SHANKAR, N.; JAIWAL, P.K. (Ed.). Nitrogen nutrition in plant productivity. Houston: Studium Press, 2006a. p.43-93.

HUNGRIA, M.; FRANCHINI, J.C.; CAMPO, R.J.; CRISPINO, C.C.; MORAES, J.Z.; SIBALDELLI, R.N.R.; MENDES, I.C.; ARIHARA, J. Nitrogen nutrition of soybean in Brazil: contributions of biological N2 fixation and of N fertilizer to grain yield. Canadian Journal of Plant Science, v.86, p.927-939, 2006b.

VAN KESSEL, C.; HARTLEY, C. Agricultural management of grain legumes: has it led to an increase in nitrogen fi xation? Field Crops Research, v.65, p.165-181, 2000.

VARGAS, M.A.T.; PERES, J.R.R.; SUHET, A.R. Adubação nitrogenada, inoculação e épocas de calagem para a soja em
um solo sob Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.17, p.1127-1132, 1982.

VARGAS, M.A.T.; SUHET, A.R. Efeitos de tipos e níveis de inoculantes na soja cultivada em um solo de Cerrado. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.15, p.343-347, 1980

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Tags: Fixação de Nitrogênio, Glycine max., Nitrogênio, soja

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