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Perspectivas do setor de fertilizantes brasileiro

Mapa garante fertilizantes até outubro

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(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, trouxemos um texto da plataforma Visão de Futuro do Agro Brasileiro, sobre as perspectias do setor de fertilizantes e quais são as alternativas para atender a demanda do setor produtivo.

Nutrientes para a agricultura: condicionantes e tendências do uso de fertilizantes no Brasil

A produção nacional de fertilizantes é historicamente muito inferior à demanda interna e o seu uso cresce a cada ano (Embrapa, 2018). O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas suas importações de NPK (percentual em relação ao consumo total) aumentaram de 32% em 1988 para cerca de 70% em 2015, e para mais de 80% em 2020, com valor que supera 9 bilhões de dólares (Farias et al., 2021).

Como forma de superar essa dependência, a Embrapa (2018) apontou como estratégias a implementação de política de incentivo a aumento da produção industrial nacional e ampliação de investimentos em PD&I para o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e processos para o ambiente tropical e subtropical, visando aumentar a eficiência no uso de fertilizantes.

A fim de diminuir a dependência nacional por fertilizantes e tecnologias importadas, está em elaboração a política nacional de fertilizantes e insumos para a nutrição de plantas, a qual deve se estender de 2022 a 2050. Uma análise das patentes depositadas no País entre 2010 e 2021 concluiu que boa parte dos depósitos não se refere a produtos desenvolvidos para a agricultura tropical e há predominância de depositantes estrangeiros, sugerindo um cenário de perpetuação da dependência tecnológica (Associação Nacional para Difusão de Adubos, 2020; Brasil, 2021; Farias et al., 2021).

É importante ressaltar que as ações de PD&I terão que estar atentas às boas práticas alinhadas com o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance), uma vez que ele será base de projetos para a toda a cadeia produtiva de fertilizantes. Assim, alinha-se à tendência de fomentar a melhoria da performance agroambiental nos países agrícolas, fato que valerá também como instrumento de comercio exterior e acordos internacionais para negócios em insumos e produtos agropecuários.

Esse contexto tende a favorecer, no longo prazo, o aumento na quantidade de projetos em redes interdisciplinares envolvendo diversas organizações de excelência nas suas especialidades. Assim, os projetos poderão englobar desde a mineração até a aplicação no campo para quatro grandes cadeias: nitrogenados, fosfatados, potássicos e, sobretudo, as cadeias emergentes. Cinco cadeias emergentes se fortalecerão no País, tropicalizando os insumos para a agricultura, são elas:

1) fertilizantes orgânicos e organominerais;

2) subprodutos com potencial de uso agrícola;

3) bioinsumos/biomoléculas/bioprocessos para a nutrição vegetal;

4) nanotecnologia e novos materiais, digitalização da agricultura; e

5) remineralizadores de solo.

Dessas cinco cadeias emergentes, são esperados os seguintes resultados para o horizonte 2030: contribuição com pelo menos 20% da demanda nacional de nutrientes; contribuição de processos biológicos, aumentando para 25% a contribuição da FBN em culturas como milho, cana-de-açúcar, café trigo e pastagens, sobretudo em sistemas integrados; diminuição das emissões de GEE pela agricultura, por meio de fertilizantes de eficiência aumentada; reciclagem de resíduos e subprodutos orgânicos; e intensificação do uso de insumos biológicos, que pode chegar a uma queda de 15% das emissões de GEE na agropecuária.

Os remineralizadores, por sua vez, fornecerão uma parte importante dos nutrientes para a agricultura, de forma regionalizada. Insumos nanotecnológicos causarão aumentos da eficiência produtiva das grandes culturas como soja e milho em até 20%, e a automação será parte do manejo da agricultura de larga escala a partir de 2025.

Indicativos sobre a evolução recente dos principais avanços tecnológicos relacionados com fertilizantes

Baseado na análise de patentes registradas entre 2010 e 2021, com depositantes oriundos da Alemanha, do Brasil, dos EUA, da França, da Holanda e da Noruega, para fertilizantes nitrogenados (considerando as classificações CPC/IPC associadas a cada pedido de patente), verificou-se que ocorrem mais frequentemente os campos tecnológicos relativos a: fertilizantes contendo ureia (o fertilizante mais consumido no Brasil), compostos e aditivos para regular a urease e a nitrificação no solo; fertilizantes contendo sais de amônia ou a própria amônia (como o nitrato de amônia) e misturas de fertilizantes. Foram relevantes as composições com inibidores de urease e de nitrificação. Entre os fertilizantes nitrogenados, há relevante presença de componentes orgânicos. Conclui-se que a principal busca tecnológica no setor ocorre em termos de aumento da eficiência dos fertilizantes (estabilização de urease e nutrificação, controle de liberação, outros).

O diagnóstico nacional, dessa mesma análise, para os fertilizantes fosfatados e potássicos concluiu que a principal busca tecnológica no setor ocorre em termos de tecnologias relativas a: correlação aos fertilizantes nitrogenados (especialmente na utilização de compostos de fosfato de amônio, tais como MAP e DAP); inserção de matriz orgânica na composição do fertilizante; aditivos; presença de micronutrientes (como boro, zinco, cobre); inovações relativas à forma do fertilizante (como fertilizantes na forma líquida); técnicas de granulação; tecnologias de revestimento e/ou encapsulamento; composições com propriedades de liberação modificada ou controlada; composições em que há presença de enxofre (muitas vezes na forma elementar ou no revestimento); tecnologia de polímeros; composições contendo microrganismos; presença de ácidos fúlvico e húmico; polifosfatos; nanotecnologia embarcada; micronização; fertilizantes potássicos a partir das fontes mais convencionais, como o cloreto e o sulfato de potássio; fertilizantes potássicos obtidos a partir de rochas vulcânicas; fertilizantes a partir de resíduos animais; fertilizantes oriundos de resíduos da cadeia sucroalcooleira; fertilizantes potássicos produzidos por meio de processos térmicos.

Ações e temáticas em ascensão no horizonte de 2030

  • Fortalecimento de redes nacionais de PD&I aplicadas aos nutrientes para a agricultura.
  • Aperfeiçoamento de sistema nacional de informações e dados que possibilitem recomendações técnicas e estratégicas para o aumento da eficiência no aproveitamento de nutrientes na mineração, indústria e agricultura brasileira.
  • Introdução na matriz de produção de fertilizantes, ou no fornecimento de nutrientes, de processos biológicos, por meio de insumos biológicos, biomoléculas, engenharia genética.
  • Desenvolvimento de novos métodos que analisem a fertilidade do solo e o estado nutricional diretamente no campo, levando a informação para um sistema de interpretação e recomendação de fertilizantes para as diversas culturas.
  • Conhecimento sobre os minerais estratégicos e nutrientes no território brasileiro, por meio de novas tecnologias em pesquisa e transformação mineral para a cadeia de fertilizantes e nutrição de plantas.
  • Criação de tecnologias para o aumento da eficiência no uso dos fertilizantes no campo, novos materiais e tecnologias industriais para o controle da liberação de NPK dos fertilizantes no solo e na água.
  • Preparação de novas rotas tecnológicas industriais com fontes de energia limpa e mais eficientes por meio da produção e aproveitamento de amônia verde.
  • Geração de tecnologias para que seja viabilizado o processo de fixação biológica de nitrogênio para sistemas biológicos pouco eficientes (feijão, cana-de-açúcar, milho, café, hortaliças, arroz e pastagens); viabilização industrial; e validação agronômica de inoculantes micorrízicos e de bactérias promotoras do crescimento vegetal e de tolerância à seca.
  • Geração de tecnologias para a disponibilização do “legado P” – reversão de fósforo não lábil para lábil – nos solos brasileiros para a nutrição das plantas.
  • Criação de rotas tecnológicas para a produção de fertilizantes fosfatados e fontes de NPK para as plantas, a partir do uso de coprodutos e/ou resíduos sólidos da mineração, e transformação mineral química da indústria de fertilizantes, da agroindústria, da atividade urbana, dos tratamentos de efluentes, com segurança ambiental e sanitária.
  • Desenvolvimento de nanofertilizantes para aumento da produtividade de culturas agrícolas.
  • Criação de ferramentas tecnológicas e indicadores para monitoramento e valoração de tecnologias limpas de sustentabilidade ambiental para a cadeia de fertilizantes.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

VISÃO de futuro do agro brasileiro: Megatendências/Intensificação Tecnológica e Concentração da Produção. Brasília, DF: Embrapa, 2022.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PARA DIFUSÃO DE ADUBOS.  Anuário Estatístico de 2020. São Paulo: 2019. Disponível em: anda.org.br. Acesso em: 23 set. 2021.

BRASIL. Decreto nº 10.605, de 22 de janeiro de 2021. Institui o Grupo de Trabalho Interministerial com a finalidade de desenvolver o Plano Nacional de Fertilizantes. Diário Oficial da União: seção 1, p. 1, 25 jan. 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/decreto/d10605.htm. Acesso em: 23 set. 2021.EMBRAPA. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/visao/o-futuro-da-agricultura-brasileira. Acesso em: 28 set. 2021.

FARIAS, P. I. V.; FREIRE, E.; CUNHA, A. L. C.; POLIDORO, J. C.; ANTUNES, A. M. S. Input assurance for Brazilian food production. Fertilizer Focus, v. 38, n. 1, p. 52-54, Jan./Feb. 2021.

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Tags: Bioinsumos, Fertilizantes, remineralizadores

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