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Manejo adequado da doença açucarada do sorgo

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(Curadoria Agro Insight)

A mela é reconhecida na planta pela presença de gotas açucaradas de coloração rosa a castanha, espessas, que saem das inflorescências.

Foto: Dagma Silva

Importância e distribuição

A doença açucarada do sorgo ou “ergot” ou mela da panícula, foi constatada pela primeira vez no Brasil em 1995. Atualmente, essa doença tem ocorrido de maneira severa e generalizada em todas regiões do Brasil, tornando-se um sério problema para as indústrias de sementes e para os produtores de grãos e ou forragens de sorgo. Como o patógeno infecta, somente, o ovário não fertilizado, durante a antese todos os fatores ambientais e biológicos que afetam a produção e vigor do pólen e/ou impedem a abertura normal das anteras vão favorecer o patógeno a induzir e desenvolver a doença açucarada. O agente causal dessa doença é fungo Sphacelia soghi forma imperfeita de Claviceps africana. A forma imperfeita (durante a qual ocorre a produção de conídios) do fungo é mais frequente na natureza onde os conídios estão contidos na exsudação das flores infectadas em três formas: os microconídios e os macroconídios e os conídios secundários.

Sintomas

Os primeiros sintomas da doença podem ser observados no ovário de três a cinco dias após a infecção. O ovário infectado apresenta-se com uma coloração cinza enrugado, em contraste com verde escuro e arredondado de um ovário sadio e fertilizado. Com a evolução da infecção, a base do ovário é substituída por uma estrutura estromática que gradualmente, estende-se para cima. Externamente, os sintomas evidenciam-se de 5 a 10 dias após a inoculação na forma de gotas de coloração rósea, pegajosas, adocicadas que exudam dos ovários infectados. Sob condições de alta umidade, um fungo saprófita Cerebella volkensii cresce sob as gotas que convertem em uma massa negra e amorfa. Sob condições de alta temperatura e de baixa umidade, há um ressecamento da exudação que se transforma em uma crosta esbranquiçada e dura que facilmente, se destaca da panícula. No interior das glumas, finalmente, a estrutura do fungo (estroma) pode transformar-se em esclerócio.

Controle

A indisponibilidade de genótipos de sorgo resistentes a S. sorghi e o estabelecimento da doença só em flores não fertilizadas fazem com que se adotem medidas de controle que associem técnicas de manejo da cultura de modo a se obter uma boa produção de pólen na lavoura e a utilização de fungicidas. As principais medidas de manejo são:

  • uso de cultivares bem adaptadas a região de plantio e mais tolerantes a baixas temperaturas;
  • semeadura em épocas adequadas, de modo a se evitar que o período de florescimento não coincida com baixas temperaturas;
  • remoção de plantas remanescentes e de plantas hospedeiras secundárias do patógeno;
  • adequação da proporção de linhagens macho-estéreis e restauradoras em campos de produção de sementes para garantir uma boa disponibilidade de pólen, uma vez que a infecção não ocorre em flores fertilizadas;
  • programação do plantio a fim de que haja uma boa coincidência de florescimento entre as linhagens macho e fêmeas para garantir uma rápida fertilização;
  • aplicação de fungicidas a base de tebuconazole. A aplicação de fungicida deve ser realizada durante o período de florescimento. Esta medida de controle deve ser restrita a área de produção de sementes.

Nesta safra, muitos produtores de sorgo enfrentaram problemas com a doença conhecida como ergot, mela ou doença açucarada. Essa doença, que ocorre muito em condições mais frias, tem medidas de controle estabelecidas, conforme recomendam pesquisadores. “Vários relatos da ocorrência da mela têm sido feitos por agricultores que estão iniciando o cultivo de sorgo em áreas onde pouco se conhece a cultura. Em muitas delas, o sorgo tem entrado como opção ao milho safrinha, por causa das altas perdas por enfezamentos”, diz a pesquisadora Dagma Dionísia da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo.

Apesar de seu potencial de perdas, essa doença pode ser evitada pelos agricultores com o uso de práticas adequadas de manejo antes da semeadura e durante a fase de florescimento do sorgo. “Usar cultivares adaptadas à região e semear na época mais adequada são práticas que ajudam a evitar a doença açucarada do sorgo. Isso porque a severidade da doença é favorecida por temperaturas mínimas de ± 13 °C a 19 °C e umidade relativa de 76% a 84% e por condições desfavoráveis ao fornecimento de pólen”, explica a pesquisadora.

“É recomendado fazer a remoção das plantas remanescentes de sorgo e das plantas hospedeiras secundárias do patógeno (Tabela 1). Além disso, deve-se adequar a proporção de linhagens macho-estéreis e restauradoras em campos de produção de sementes para garantir uma boa disponibilidade de pólen, uma vez que a infecção não ocorre em flores fertilizadas. E para uma rápida fertilização, o agricultor deve programar o plantio para que haja boa coincidência de florescimento entre as linhagens macho e fêmea”.

Outro detalhe a ser observado é se há nas sementes formação de estruturas de sobrevivência dos fungos, chamadas de escleródios. “Nesse caso, pode-se colocar as sementes de molho em solução de cloreto de sódio a 5%, para que os resíduos flutuem e sejam eliminados do lote”, ensina Silva. Para a aplicação de fungicidas precisam ser escolhidos os produtos registrados no Agrofit/Mapa. “As aplicações devem se iniciar já na emissão da folha bandeira e continuar de cinco em cinco dias até a finalização do florescimento. Atualmente, vinte produtos comerciais estão disponíveis no Mapa para controle da mela (Tabela 2).

Vale ressaltar que sempre é importante realizar a rotação entre os princípios ativos/grupos químicos para evitar pressão de seleção sobre o fungo e perda desses princípios ativos”, pontua. A pesquisadora esclarece também que “não há riscos, apesar de haver uma grande preocupação dos produtores sobre a possibilidade de toxicidade da mela do sorgo para consumo de grãos ou silagem, por parte de humanos e de animais, diferentemente do que ocorre com outras espécies desse gênero de fungos”.

Como reconhecer a mela

O sorgo é uma cultura que se adapta a diferentes condições edafoclimáticas do Brasil, mas pode ser afetada por diversas doenças.  No Brasil, a mela foi constatada pela primeira vez em 1995, em toda a região Centro-Sul do País, com ocorrência generalizada em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Santa Catarina.

“A doença, também chamada de ergot ou doença açucarada, é causada pelo fungo Sphacelia sorghi. Ela é reconhecida na planta pela presença de gotas açucaradas de coloração rosa a castanha, espessas, que saem das inflorescências. Essas gotas açucaradas contêm os conídios do fungo, que são dispersos por meio de insetos, atraídos pelos açúcares. Também são formas de dispersão o vento e respingos de água. Em fases mais avançadas, pode haver formação de escleródios esbranquiçados (estruturas de sobrevivência de fungos) que são contaminantes de lotes de sementes”, explica a pesquisadora Dagma Silva.

“A mela causa perdas quantitativas e qualitativas no sorgo, principalmente na produção de sementes de híbridos, quando se usam linhagens macho-estéreis, que são altamente suscetíveis ao fungo S. sorghi. O fungo coloniza o ovário não fertilizado e por esse motivo, nas flores infectadas, não ocorre a produção dos grãos. Dessa forma, ocorrem grandes perdas.”, salienta.

“Já as perdas qualitativas acontecem porque as gotas açucaradas atraem fungos oportunistas. Esses fungos colonizam as gotas, dando aspecto escurecido similar a um carvão. Além disso, a gota açucarada cai sobre as folhas e sobre os grãos que porventura foram produzidos, dificultando a colheita, já que eles ficam grudados uns aos outros”, complementa Silva.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

Embrapa/Artigo – Manejo adequado pode evitar a mela do sorgo. Embrapa Milho e Sorgo, 2022.

DA SILVA, D.D.; COTA, L.V.; DA COSTA, R.V. Cultivo do Sorgo: Doenças. Sistema de Produção Embrapa.

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Tags: doenca-acucarada, ergot, mela-do-sorgo, sorgo, Sphacelia sorghi

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