O Seminário Técnico do Trigo do Cerrado 2023 apresentou palestras técnicas, debates e o lançamento de uma nova cultivar de trigo para a região
Se a safra de trigo em 2023 no Sul do Brasil foi marcada por desafios aos agricultores, devido ao excessivo volume de chuvas causado pelo El Niño, no Cerrado ela foi marcada por um aumento na produção. De acordo com dados publicados pela Revista Globo Rural, a safra do cereal na região deve ultrapassar 1,5 milhão de toneladas, valor 55% maior que em 2022. Desde 2018, a área de trigo aumentou cerca de 150% no Cerrado, valor que ilustra o crescimento que a cultura vem apresentando no Centro-Oeste do país. Esse crescimento, porém, traz desafios, que precisarão ser encarados se o Brasil quiser alcançar a tão discutida autossuficiência do cereal.
Para o analista de mercado da Safras & Mercado, Élcio Bento, o principal desafio do trigo nessa região é o logístico. “A distância dos estados do Cerrado até o porto faz com que competir com trigos de outras origens internacionais seja bastante complicado. Temos fretes que inviabilizam a exportação, que é o grande mercado de trigo atualmente”, menciona. Por outro lado, Élcio também vê importantes vantagens para a cultura na região. “O Cerrado produz um trigo de excelente qualidade e que entra no mercado antes do principal fornecedor do país, que é a Argentina, e antes dos dois principais produtores internos, Rio Grande do Sul e Paraná. Então, estar no mercado antes que esses gigantes internos e externos certamente se apresenta como uma vantagem para o trigo no Cerrado”, pontua.
Esse assunto introduziu o Seminário Técnico do Trigo do Cerrado 2023, evento promovido pela Biotrigo Genética, nesta quarta-feira (6). O seminário ocorreu em Uberlândia (MG) e reuniu cerca de 200 representantes da cadeia tritícola do Brasil central.
Expandindo a temática trazida por Élcio, mas com foco na qualidade industrial, o painel ‘Qualidade: da semente à farinha’ abordou a realidade e oportunidades do trigo para a indústria e moinhos do Cerrado. “Ouvindo as demandas desses setores, nós, como Biotrigo, podemos entender o que é necessário em termos de qualidade para o trigo nessa região e repassar ao melhoramento. Isso terá como resultado o lançamento de cultivares ainda mais adaptadas à região e que entreguem para a indústria as características que ela busca, assim como para o produtor ainda mais produtividade e segurança no campo, especialmente pensando em brusone”, destaca a gerente de desenvolvimento de produto para indústria da Biotrigo, Kênia Meneguzzi.
Como explorar as janelas de semeadura no Cerrado
O evento também apresentou uma palestra sobre como o agricultor pode explorar as janelas de semeadura das cultivares no Cerrado. Conforme o gerente de produto da Biotrigo, Paulo Kuhnem, o cultivo de trigo em sequeiro é marcado por um balanço de risco de seca e de brusone no momento da semeadura. “O produtor busca semear o mais cedo possível para aproveitar mais água e reduzir o risco de seca no período de enchimento de grãos, mas se ele antecipar muito o plantio, há a possibilidade da ocorrência de brusone da folha e espiga. Então, o ideal é fazer um balanço”, indica. Em sistema irrigado, o ponto de atenção deixa de ser o estresse hídrico e passa a ser o atraso do plantio dos cultivos subsequentes, que ocorrem em setembro. “Por isso, o ciclo da cultivar passa a ser um fator de escolha no cultivo irrigado. Normalmente, o agricultor prefere ciclos curtos”, afirma Paulo.
Cultivar com excelente resistência à brusone da espiga é lançada
O seminário apresentou mais um lançamento da empresa em 2023, Biotrigo Valente. A cultivar, de ciclo médio/precoce, oferece um elevado potencial produtivo e estabilidade de rendimento. Além desses fatores, Valente apresenta ainda um conjunto de características que a tornam especialista em ambientes de sequeiro. Dentre elas, estão um excelente vigor de planta, tolerância à seca e nível de resistência à brusone da espiga. “Esses fatores trazem maior segurança na janela de semeadura de Valente, com menor risco de perdas na abertura de plantio, devido à excelente resistência à brusone da espiga, e no fechamento, por sua tolerância ao estresse hídrico”, comenta o melhorista da Biotrigo, Francisco Gnocato.
Valente é a primeira cultivar inteiramente desenvolvida pelo programa de melhoramento da Biotrigo no Cerrado. Por isso, vem mostrando excelente adaptação às condições da região. “É uma cultivar que traz maior segurança ao produtor, entrega potencial e estabilidade produtiva e atende as especificações de qualidade exigidas pela indústria local. É a genética mais completa e uma ferramenta importante para garantir que a produção de trigo no Cerrado continue avançando”, finaliza.
A cultivar passará pelo processo de multiplicação a partir da próxima safra. O Seminário Técnico do Trigo do Cerrado 2023 contou com o apoio da Sementes Butiá e com o patrocínio da Syngenta.
Lucas Marques
Assistente de comunicação | Biotrigo Genética
54 99712-0413 (WhatsApp)
Fonte da imagem: novonegocio 12/12/2023