Resumo Agroclimático para os meses de agosto, setembro e outubro

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*Por Fábio Marim

Boletim do sistema Tempo Campo: julho, agosto, setembro e outubro de 2024

Em julho as chuvas ficaram concentradas na região Sul, alcançando São Paulo e uma parte do Mato Grosso do Sul. No extremo norte do Brasil, toda a região central e praticamente todo o Nordeste ficaram sem chuvas. Sobre a anomalia de chuva houve um desvio em relação à média, com chuvas abaixo do esperado nos extremos do Brasil, mas, na região Sudeste, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, a chuva foi insuficiente para atingir a média histórica. Isso resultou em uma variação pequena no regime de umidade do solo. A umidade permaneceu muito baixa em todo o Centro-Oeste, como indicado pela tonalidade vermelha. Em 31 de julho, revela que a chuva foi suficiente apenas para elevar um pouco a umidade em São Paulo. Contudo, a região Centro-Oeste e quase todo o Nordeste continuam com umidade muito baixa, o que é típico do mês de julho.

AGOSTO 

Agora, analisando a previsão para os primeiros 15 dias de agosto, veremos que o mês será típico, ou seja, é o mês mais seco do ano. A chuva deve estar concentrada principalmente em Santa Catarina e na região Noroeste do Amazonas. Em praticamente todo o Brasil, não há expectativa de chuvas intensas ou mesmo mínimas, como demonstrado pela tonalidade branca do mapa. Projetando para agosto como um todo, os dois mapas que analisamos indicam que o mês será seco, como costuma ser. Essa condição não nos preocupa muito, pois agosto é um mês com pouca atividade agrícola em grande parte do Brasil. No entanto, a atenção deve estar voltada para as condições de saúde pública e incêndios, já que o risco de propagação de incêndios será elevado.

SETEMBRO

Em setembro, um mês que marca o final do vazio sanitário e onde uma parte importante da zona produtora brasileira começa a observar chuvas, o cenário não é favorável. As chuvas não devem iniciar de forma significativa, e a tendência é de que fiquem abaixo da média. Isso sugere que a safra pode não começar precocemente neste ano.

OUTUBRO

Para outubro, o mês em que normalmente se dá início à safra de verão em grande parte do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, as condições também não são favoráveis. A expectativa é de que possamos repetir o atraso na semeadura observado na safra anterior, com atraso em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e oeste da Bahia devido à falta de chuvas. Em contraste, o sul do país mostra uma tendência de chuvas acima da média para boa parte de São Paulo, toda a região Sul e boa parte do Mato Grosso do Sul. Isso representa uma diferença significativa em relação ao Centro-Oeste e à região do Matopiba, incluindo o Pará.

TENDÊNCIAS DE TEMPERATURA PARA O TRIMESTRE: AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO

Figura 1 - Temperaturas acima da média no Brasil. Fonte: <a href='https://www.climatempoconsultoria.com.br/levantamento-de-dados-meteorologicos/' >Clima</a>tmepo

As temperaturas estão indicadas, como sempre, acima da média, o que seria típico de um El Niño. No entanto, o El Niño já não está ativo. O oceano atualmente está em neutralidade, mas as temperaturas permanecem elevadas, o que não é um bom sinal. Normalmente, as safras se desenvolvem melhor com temperaturas abaixo da média, pois temperaturas elevadas podem estressar as plantas e afetar o crescimento da safra de verão.

Sobre o fenômeno La Niña, os gráficos indicam que a La Niña deve começar já no próximo mês ou talvez em setembro, mas não deve durar muito. A previsão é que a La Niña seja moderada a fraca e termine no primeiro trimestre de 2025. A probabilidade de ocorrência de La Niña está acima de 80% entre outubro e dezembro, mas depois diminui, com a expectativa de retorno à neutralidade no primeiro trimestre de 2025.

Figura 1 – Mapa de Anomalia de temperatura (diferença em relação a média). Temperaturas acima da média no Brasil. Fonte: Climatempo

 

 

 

Por fim, gostaria de destacar uma questão importante que tem sido objeto de pesquisa e que deve ser do conhecimento do setor agro. Estamos vivenciando mudanças climáticas significativas. Apesar de alguns negarem essas mudanças, a realidade científica mostra que o clima está mudando. A estação meteorológica de Piracicaba, mostra uma redução de cerca de 100 mm de chuva nos últimos 30 anos e um aumento de aproximadamente 1°C na temperatura. A tendência de redução de chuva não é universal, pois a maioria das estações indica aumento na precipitação, mas a elevação da temperatura é um fenômeno global.

Figura 2 -

Portanto, é crucial que os produtores estejam conscientes dessas mudanças e tomem medidas para aumentar a resiliência das suas lavouras diante dessas novas condições climáticas. A chuva varia de um local para outro, mas a temperatura está subindo em todos os locais, e todas as estações que monitoramos no Brasil e no mundo indicam um aumento na temperatura. A agricultura brasileira precisa estar atenta a essas tendências para adaptar suas práticas e garantir a produtividade futura.

*Professor do Departamento de Engenharia  da Esalq

 

Figura 2 – Acumulado de chuva entre os dias 01 de agosto de 2024 e 10 de agosto de 2024. Fonte: Climatempo

 

 

 

 

 

 

 

QUER SABER MAIS? Assista ao vídeo “Boletim do sistema Tempocampo/Esalq …”

Análise agrometeorológica para o trimestre Agosto-Setembro-Outubro de 2024 em todo o Brasil, com discussão sobre os cenários climáticos e de El Niño para a safra 2024/25 e um comentário sobre as tendências de mudanças climáticas e seus impactos no agro brasileiro.

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Tags: Agricultura brasileira, Boletim Agroclimático, chuva, clima, condição climática, La Niña, La Niño, safra de verão, temperatura

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