Mamão
Nome científico: Carica papaya L.
Família: Caricaceae
Nomes populares: Mamão
Nome em inglês: Papaya
Origem: América tropical
Descoberto pelos espanhóis no sul do México e em regiões da América Central, o mamoeiro chegou ao Brasil por volta de 1587. O estado de São Paulo foi um dos maiores produtores nacionais de mamão até meados da década de 1970. Com a ocorrência endêmica da virose mancha-anelar, conhecida como a maioria dos plantios de mamoeiro foi eliminada em São Paulo, ocasião em que a cultura migrou para o nordeste do Pará, extremo sul da Bahia e norte do Espírito Santo.
Posteriormente, para ficar mais próxima dos grandes centros consumidores, a cultura também se difundiu para outros estados. O aumento do cultivo no Rio Grande do Norte e no Ceará encurtou a distância para escoar as exportações para os mercados europeu e norte-americano. Hoje o mamão é cultivado em 25 estados e no Distrito Federal — os principais produtores são Espírito Santo, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais.
O mamão é uma das frutas mais nutritivas e populares do mundo e é consumido preferencialmente como fruta fresca. É fonte de minerais e de compostos antioxidantes como os carotenoides e os compostos fenólicos. Cada 100 g do fruto contém em torno de 3,39 mg de licopeno, 75% da Dose Diária Recomendada (DDR) de vitamina C e 10% da DDR de folato (correspondente natural do ácido fólico) e, por isso, recomendado para gestantes. Já o licopeno pode ajudar na prevenção de doenças crônicas, como diabetes e câncer. O mamão também é rico em fibras e na enzima papaína, que agem na melhora do funcionamento do intestino, e suas sementes são fonte de carpaína, que apresenta ação anti-inflamatória.
Na indústria de alimentos, é transformado em doces, fruta desidratada e cristalizada, geleias, sucos, néctares e polpa. O mamoeiro contém látex, onde se concentra a papaína, enzima proteolítica usada na indústria farmacêutica por suas propriedades cicatrizante, anti-inflamatória, bactericida e bacteriostática e de melhoria da digestão. A papaína é também amplamente utilizada nas indústrias têxtil, de bebidas, couro e cosméticos.
Na década de 1980, o melhoramento genético lançou as variedades do grupo Solo, que atenderam aos mercados interno e externo. A partir de então, ocorreu um grande salto na produção, tanto para comercialização no mercado nacional como para exportação. As pesquisas em conservação de sementes, sistemas de produção de mudas (tubetes e propagação vegetativa), manejo do solo – subsolagem e manutenção da vegetação nas entrelinhas para o cultivo do mamoeiro nos Tabuleiros Costeiros – e sistemas de irrigação poupadores de água, como microaspersão e gotejamento, são exemplos de outras tecnologias geradas que impulsionaram a produção de mamão no Brasil.
Com o desenvolvimento do System Approach para o mamão – que reduz significativamente o índice de risco da presença de larvas da mosca-das-frutas sem a necessidade de qualquer tratamento fitossanitário pós-colheita – foi possível iniciar a exportação para os Estados Unidos, que já usavam barreiras fitossanitárias em virtude da presença da mosca-das-frutas no território brasileiro.
Devido à crescente demanda por certificações no exterior, o governo federal lançou o programa Produção Integrada de Frutas – Mamão, desenvolvido em parceria com entidades de ensino, pesquisa e desenvolvimento e a iniciativa privada. Tecnologias foram difundidas e melhoraram os sistemas produtivos, garantindo desde a qualidade da fruta produzida com baixo impacto ambiental, justiça social e rastreabilidade até a comercialização.
O uso da inteligência artificial para o monitoramento de pomares com drones, associado a software que permita a identificação precoce das viroses para erradicação mais eficiente, é uma das linhas de pesquisa em desenvolvimento. Muitos desafios ainda precisam ser vencidos, como a convivência com as pragas agrícolas com menor uso de agroquímicos – menor impacto ambiental; a obtenção de variedades resistentes às viroses mancha-anelar e meleira; a abertura de novos mercados para exportação; o desenvolvimento de tecnologias para enfrentamento do aquecimento global; entre outros.
Fonte: Embrapa 04/01/2025