Os elementos químicos envolvidos na nutrição de plantas são classificados como macronutrientes, micronutrientes e elementos benéficos.
As plantas não são capazes de completar o seu ciclo na ausência de qualquer um dos elementos classificados como macro e micronutrientes.
Os macronutrientes são o N, P, K, Ca, Mg e S. Já os micronutrientes são o Cl, Mn, B, Zn, Fe, Cu, Ni e Mo.
Esses nutrientes são classificados em grupos distintos porque os macronutrientes são absorvidos em quantidades maiores (99,5% da massa seca das plantas) do que os micronutrientes (0,03% da massa seca das plantas).
Já os elementos benéficos não são essenciais às plantas, porém, são capazes de favorecer o crescimento e desenvolvimento delas.
É nesse grupo que o Silício (Si), o qual é aplicado no solo ou nas plantas através de silicatos, se encontra.
Os silicatos são capazes de impedir ou diminuir o ataque de algumas pragas e doenças a gramíneas que apresentam a capacidade de acumular o Si em folhas e inflorescências.
O Si é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, correspondendo a 27% em termos de massa, sendo superado apenas pelo oxigênio.
Ele é encontrado em formas combinadas com outros elementos como a sílica e minerais silicatados, sendo representado pela seguinte fórmula geral: SiaObXc, onde X pode ser um ou mais cátions como o Al, Mg, Ca, Mg+Fe e Na, dentre outros.
Além disso, os silicatos estão presentes no nosso dia-a-dia na composição de materiais como o vidro e a areia.
Tipos de silicatos
Como já vimos, o Si pode ser encontrado em combinação com vários elementos catiônicos.
O solo apresenta silicatos na sua composição, porém, em solos tropicais com elevado grau de intemperismo, boa parte do Si já foi perdida através dos eventos de lixiviação, de manejo intensivo e de exportação pelos cultivos.
Ademais, solos arenosos liberam pouco Si para a solução, enquanto que os solos argilosos são capazes de liberar Al e Si em função de apresentarem maior quantidade de filossilicatos.
Esses fatores fazem com que, apesar da abundância de silicatos nos solos, eles não estejam em uma forma disponível e em quantidades adequadas para a absorção pelas plantas que poderiam ser beneficiadas.
Considerando o uso agrícola, os silicatos podem ser fornecidos por diversos materiais, tais como: escórias de siderurgia (ferro e aço), wollastonita (silicato de cálcio), subprodutos da produção de fósforo elementar, metassilicatos de cálcio e de sódio, cimento, termofosfato, silicatos de magnésio (serpentito) e de potássio.
Culturas beneficiadas e modos de aplicação dos silicatos
Os silicatos têm sido recomendados para gramíneas, possuindo relatos de efeitos positivos em plantas forrageiras, arroz, cana-de-açúcar e sorgo.
Esses efeitos positivos incluem aumento da resistência ao ataque de pragas, redução da transpiração, aumento da eficiência fotossintética, redução da toxidez por alumínio, manganês, ferro e sódio.
Em arroz cultivado em condições de sequeiro, a adubação da cultura com 200 kg ha-1 de SiO2 via silicato de Ca diminui em mais de 17% a severidade de mancha-de-grãos e incrementa em 20% a massa dos grãos.
No arroz, 90% do Si encontrado na planta está na forma de sílica nas folhas, reduzindo perdas de água por transpiração, ataque de fungos e ocorrência de insetos.
A aplicação de silicatos de Ca e Mg, no sulco de plantio e em área total, aumenta a produtividade de grãos e o teor de Si nos grãos, folhas e colmos de sorgo.
Além disso, a aplicação de silicatos também aumenta o pH e o teor de Si de um Neossolo no Cerrado.
Gramíneas forrageiras como a Brachiaria spp. e Panicum maximum produzem cerca de 15% mais de massa seca no segundo corte em função da aplicação foliar de silicatos.
A adubação com silicato de Ca aumenta significativamente a produção de cana-de-açúcar, favorecendo o incremento do pH, Ca, Mg, Fe, Mn, capacidade de troca de cátions (CTC) e saturação da CTC por bases do solo e diminuindo a acidez potencial, o carbono orgânico e os teores de Zn, Cu e Si.
Nesse caso, a diminuição do teor de Si no solo com a aplicação de silicato de Ca deve estar relacionada com a exportação via produção de biomassa da cana-de-açúcar e à complexação com outros elementos.
Deste modo, percebemos claramente que a aplicação de silicatos é uma ótima alternativa para gramíneas em regiões com solos possuindo elevado grau de intemperismo.
Esses solos apresentam pH ácido, Al trocável (o Al que é tóxico às plantas) e baixa fertilidade natural. Sendo assim, o uso de silicatos com o potencial de elevar pH e reduzir a toxidez por Al são promissores.
As gramíneas são plantas que possuem capacidade de absorver a acumular Si nas folhas de forma que se tornam menos suscetíveis a alguns estresses bióticos e abióticos.
Os silicatos são aplicados, majoritariamente, na forma sólida (em grânulo ou em pó), mas também podem ser aportados na forma líquida (via solo ou via foliar).
A aplicação de silicatos em conjunto com NPK em grânulos permite a disponibilização do Si em uma zona mais próxima às raízes das plantas, potencializando sua absorção.
Quais são as vantagens em relação a outros produtos e custo-benefício
As fontes de Si destinadas à adubação são subprodutos ou resíduos provenientes das usinas de aço, ferro gusa ou da fabricação do fósforo elementar, conhecidas como escórias ou silicatos de Ca ou de Mg.
Os silicatos podem ser usados como fontes de Ca, Mg e Si e como corretivos de acidez, sendo que as escórias são as fontes mais abundantes e baratas de silicatos.
O calcário e o silicato de Ca apresentam efeitos análogos no solo, ou seja, ambos são capazes de aumentar pH e saturação da CTC por bases e de diminuir a toxidez do Al.
Entretanto, as escórias de silicatos têm o potencial de serem mais benéficas do que os calcários ao considerarmos que elas disponibilizam Si.
Porém, os silicatos só são recomendados para as plantas que acumulam Si e esse fator é a principal vantagem de se utilizar uma fonte de silicatos em comparação com outros materiais.
Não esquecendo que a relação custo/benefício deve ser analisada durante a tomada de decisão sobre a aplicação de calcário ou de silicatos.
A pequena relação custo/benefício, a elevada solubilidade, adequada disponibilidade do Si, boas propriedades físicas e ausência de contaminantes minerais são as principais características que uma boa fonte de silicatos deve apresentar.
Fonte de pesquisa: Embrapa / Brasil
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2 Comentários. Deixe novo
Boa tarde! Rejeitos de escória silicatada (usada para reforma de maquinário) pode ser misturada com a varredura e ser vendida como varredura de fertilizantes?
Olá Rayssa! Excelente pergunta! Infelizmente não poderemos te ajudar! Mas fica aqui o comentário caso algum especialista nessa área esteja passando por aqui! 😉