No Brasil, há 55 milhões de hectares com potencial para irrigação, mas apenas 9 milhões são atualmente irrigados, conforme apontado no I Seminário sobre Agricultura Irrigada no Cerrado. O evento discutiu a importância da irrigação para a produção sustentável de alimentos, com o ministro Waldes Góes destacando que a água se tornou um dos eixos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A política de irrigação é vista como essencial para reduzir desigualdades, emissões de gases e aumentar a produção de alimentos.
Fonte: feepik, 2024
O pesquisador Lineu Rodrigues, da Embrapa Cerrados, apresentou dados que mostram a necessidade de aumentar a produção de alimentos entre 60% e 100% até 2050, com metade desse crescimento esperado no Cerrado brasileiro. Rodrigues destacou que a irrigação é a melhor tecnologia para intensificar a produção sem abrir novas áreas, citando a estabilidade que ela traz para o planejamento agrícola.
Estudos indicam que a irrigação não depende da quantidade de chuva, mas de sua distribuição, e enfrenta desafios relacionados à legislação. Existem mais de 37 milhões de hectares de pastagens degradadas que poderiam ser revitalizadas com irrigação, contribuindo para a produção de alimentos. A falta de políticas adequadas para o uso de águas subterrâneas no Cerrado também foi discutida, com especialistas alertando para o risco de sobrexplotação.
Durante o seminário, foram abordadas as mudanças climáticas no Cerrado, com previsões de aumento das estiagens e disponibilidade hídrica negativa no futuro. A geologia do Cerrado também foi destacada como um fator crucial para a agricultura, devido aos solos pobres e ácidos da região. A necessidade de compreender o substrato rochoso foi enfatizada para melhorar o manejo do solo e a sustentabilidade da agricultura.
Outros temas discutidos incluíram o uso de águas subterrâneas, que são subutilizadas no Cerrado, e o risco de sobrexplotação, que pode levar ao colapso dos aquíferos. A importância do manejo adequado do solo foi reforçada como essencial para garantir a recarga dos aquíferos e evitar a erosão. Sugestões para políticas públicas incluíram o investimento em áreas de depressão no Cerrado para intensificar a agricultura.
Por fim, foram apresentados aspectos da legislação ambiental, com ênfase no Programa de Regularização Ambiental (PRA) como uma ferramenta para promover a recuperação de áreas degradadas. Representantes do governo federal destacaram iniciativas para financiar projetos de irrigação e a importância da gestão eficiente dos recursos hídricos para atender às demandas futuras de produção de alimentos, garantindo a sustentabilidade no Cerrado.
