(Curadoria Agro Insight)
Para atualizar a situação das lavouras, na curadoria Agro Insight de hoje trouxemos as informações do Boletim de Monitoramento da safra da Conab, com informações sobre as principais culturas que se encontram em produção nesse momento no Brasil.
Boletim de Acompanhamento da safra – Novembro 2021
A estimativa da área a ser cultivada no país para a safra 2021/22 é de 71,8 milhões de hectares, um crescimento de 4,1% em relação à safra anterior. Nesse total estão incluídas as culturas de primeira safra, semeadas entre agosto e dezembro de 2021, as de segunda safra, semeadas entre janeiro e abril de 2022 e as culturas de terceira safra, semeadas entre meados de abril a junho de 2022.
A segunda estimativa para a safra que se inicia indica um volume de produção de 289,8 milhões de toneladas, 14,7% ou 37 milhões de toneladas superior ao obtido em 2020/21, com destaque para o aumento na produção da cultura de soja, com crescimento de 3,5% na área a ser cultivada e para o milho, sobretudo o de segunda safra, que foi severamente afetado pela situação climática adversa na safra anterior.
Devido às indefinições com relação à produtividade a ser obtida das culturas que serão cultivadas, neste levantamento para o cálculo das estimativas das produtividades utiliza-se métodos estatísticos.
ANÁLISE CLIMÁTICA DE OUTUBRO
Contrastando com 2020, outubro de 2021 contabilizou grandes volumes de chuva, chegando a ultrapassar a média em diversas localidades nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além da ocorrência de diversas tempestades com queda de granizo e rajadas de vento com velocidade acima dos 60 km/h.
De forma geral, a precipitação na Região Sul atingiu volumes elevados entre o Rio Grande do Sul e o Paraná, com totais entre 120 mm e 400 mm.
Porém, foi no oeste da região onde ocorreram os maiores volumes, com totais entre 250 mm e 400 mm. Nas demais áreas, os totais ficaram entre 120 mm e 220 mm.
Do mesmo modo, no Sudeste, o mês foi bastante chuvoso em todos os estados, com totais entre 150 mm e 300 mm. Apenas no norte de Minas Gerais, a precipitação acumulada foi menor, com totais entre 90 mm e 120 mm.
No Centro-Oeste, o clima seguiu dentro das características típicas desse mês, com volumes dentro da faixa normal em grande parte da região. Em Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, os totais foram entre 90 mm e 200 mm. Destaque para o Mato Grosso do Sul, com volumes entre 150 mm e 300 mm.
Na Região Nordeste, outubro teve seus maiores volumes no Maranhão, sul do Piauí e oeste e sul da Bahia, com totais entre 70 mm e 150 mm. Entre o extremo-norte da Bahia e o Ceará, a precipitação foi mais irregular, e os totais acumulados ficaram entre 10 mm e 60 mm.
Na Região Norte, os acumulados mensais ficaram entre 150 mm e 350 mm no Acre, Rondônia, Amazonas e Pará. Nos demais estados da região, os totais foram entre 80 mm e 150 mm.
PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO NOVEMBRO – DEZEMBRO/2021 E JANEIRO/2022
Para a Região Sul, as previsões climáticas indicam um predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas abaixo da média. Os desvios negativos de chuvas devem ser mais acentuados no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina. No centro-norte do Paraná, as probabilidades são de chuvas dentro da faixa normal ou acima do acumulado do trimestre.
Para a Região Centro-Oeste, a previsão indica uma distribuição espacial irregular das chuvas. Porém, mesmo não atingindo a média do período, os volumes acumulados de chuvas devem ficar próximos da faixa normal na maioria das localidades. Em novembro, as previsões indicam predomínio de áreas com probabilidade de chuvas acima da média.
No Sudeste, também é prevista uma distribuição irregular das chuvas, comprobabilidades de chuvas na faixa normal ou acima em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em algumas áreas no sul de Minas Gerais.
No centro-norte de Minas Gerais, há possibilidade de chuvas dentro da faixa normal ou abaixo.
No Nordeste, o predomínio é de áreas com probabilidade de chuvas na faixa normal ou acima sobre o norte da região e no sul da Bahia.
No interior da Bahia e no sudeste do Piauí, as chuvas devem ser mais irregulares, podendo ficar abaixo da média.
Na Região Norte, o predomínio é de áreas com probabilidade de chuvas acima da média. Contudo, no centro-sul do Tocantins há probabilidade de chuvas abaixo da média.
LAVOURAS
Algodão
As primeiras lavouras de algodão já estão sendo implantadas ao longo do país, nessa safra 2021/22, e as expectativas iniciais apontam para incremento de área em comparação à temporada passada, motivado tanto pelos preços atrativos da fibra como também pelas condições mais favoráveis à semeadura e desenvolvimento preliminar da cultura nesse começo de ciclo. As chuvas estão ocorrendo com mais regularidade e de forma mais uniforme que no mesmo período do ano passado, podendo gerar maior incentivo ao cultivo do algodão, especialmente nesta época denominada de primeira safra, com o plantio ocorrendo de outubro a dezembro. Usualmente há outro período tradicional de semeadura dentro da temporada, que é considerado o de segunda safra, com a realização ocorrendo, majoritariamente, entre janeiro e março, depois da colheita das culturas de verão.
Algumas regiões ainda estão em período de vazio sanitário, mas o preparo e o planejamento para o início das operações de semeadura seguem sendo realizados.
Para a Safra 2021/22, a perspectiva inicial da Conab é de um aumento de 10,2% na área a ser plantada, totalizando 1.510 mil ha. Neste momento há muitas indefinições com relação à área a ser plantada, principalmente para as culturas de segunda e terceira safras do ciclo 2021/22. Para a produtividade, a mesma foi estimada por métodos estatísticos, indicando um aumento esperado de 3,1%. Isto totalizaria uma produção de 2,67 milhões de toneladas, valor 13,7% acima do produzido na safra 2020/21. Este aumento esperado para a área a ser plantada de algodão se dá, principalmente, pelos altos preços atuais da pluma. O cenário mundial, segundo o USDA, para a safra 2021/22 é de uma menor
oferta de algodão, mas em contrapartida, um aumento no consumo, ou seja, o cenário é de déficit entre oferta e demanda global.
Em relação às exportações, dada a menor oferta da safra 2020/21, a expectativa é que em 2022 sejam exportadas 2,0 milhões de toneladas, queda de 4,8% em relação ao estimado para 2021, que foi de 2,1 milhões de toneladas. Já em relação ao consumo doméstico, a perspectiva é de que a indústria nacional adquira um total de 765 mil toneladas em 2022, incremento de 5,5% em relação ao estimado para 2021, que foi de 725 mil toneladas. Em se confirmando este cenário, os estoques brasileiros cairiam pelo segundo ano consecutivo, terminariam 2022 com cerca de 1,2 milhão de toneladas de pluma, queda de 6,6% em relação ao estimado para 2021.
Arroz
A cultura de arroz, da safra 2021/22, indica que a área a ser semeada será de 1.682,6 mil hectares, um valor similar à safra anterior. A área de arroz irrigado é estimada em 1.326,2 mil hectares, incremento de 1,7% em relação à safra anterior. Quanto ao arroz de sequeiro, redução de área estimada em 4,7% em relação à safra 2020/21.
No final de outubro 48,9% das lavouras já haviam sido semeadas no país, um pequeno atraso em relação ao mesmo período da safra anterior, principalmente pelo retardo da semeadura no Rio Grande do Sul, maior estado produtor.
A Conab estima que a safra 2021/22 de arroz será 1,8% menor que a safra 2020/21, sendo projetada em 11,5 milhões de toneladas. Esse resultado é reflexo principalmente das estimativas de amena redução das produtividades (-2,1%), apesar da projeção de expansão de área da cultura (+0,3%), com base em estudo econométrico em conjunto com uma análise de campo inicial realizada pelos colaboradores das superintendências regionais.
Mais especificamente sobre a produtividade, após um clima extremamente favorável na última safra, o cenário de normalidade climática utilizado para a safra 2021/22 deverá, possivelmente, refletir em leve retração da produtividade. Sobre a área, a expansão deverá ocorrer em face da elevação das rentabilidades do setor desde o início da pandemia. Mesmo com a desvalorização das cotações ao longo de 2021, a margem líquida segue acima dos patamares pré-pandemia.
Sobre as exportações de arroz, base casca, segundo dados do ComexStat do Ministério da Economia, o Brasil exportou 140,6 mil toneladas em outubro de 2021, esse volume é 8% acima do exportado no mês anterior. Já em relação a outubro de 2020, esse total é 8,4% menor. De janeiro a outubro deste ano, o montante exportado é de 957,9 mil toneladas, contra 1,69 milhão no mesmo período de 2020, queda de 43,3%.
Em relação ao quadro de oferta e demanda do arroz para a safra 2021/22, a projeção é de manutenção do consumo em 11 milhão de toneladas e do volume importado em 1 milhão de toneladas. Para as exportações, a perspectiva é que haja incremento do volume comercializado para 1,4 milhão de toneladas. Como resultado, projeta-se um incremento de 5,6% nos estoques finais da cultura do arroz, totalizando um montante de 2,6 milhões de toneladas em dezembro de 2022.
Milho
A semeadura do milho de primeira safra, para a temporada 2021/22, apesar da menor escala quando comparada com o exercício anterior, foi marcada pela continuidade dos efeitos do clima, caracterizado pelo atraso e inconstância das condições climáticas, nas diversas regiões produtoras.
No final de outubro, 44% das lavouras já haviam sido semeadas no país, um pequeno atraso em relação ao mesmo período da safra anterior.
Conab mantém a sua projeção de importação de milho em 2,3 milhões de tonelada da safra 2020/21, e projeta um volume de 900 mil toneladas na safra 2021/22. A redução de 61% para a próxima safra ocorre diante da expectativa de aumento da disponibilidade do cereal no mercado nacional em 2022. Para as exportações, a Conab preve o número de 20 milhões de toneladas de milho da safra 2020/21 a serem exportadas.
Para a safra 2021/22, frente ao aumento da produção e de uma moeda doméstica desvalorizada, a Conab estima que 36,7 milhões de toneladas serão exportadas.
Em relação aos ajustes citados, o estoque esperado ao fim do ano-safra 2020/21 é de 7,6 milhões de toneladas, redução de 28,3% em comparaçãoà safra anterior. Esse arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra. Portanto, para a safra 2021/22, a Conab espera que o estoque final deverá ser de 12,5 milhões de toneladas, dado que indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal para atender a demanda no período da entressafra brasileira.
Soja
A área brasileira de soja deverá apresentar crescimento de 3,5% em comparação à safra anterior, atingindo 40,3 milhões de hectares, enquanto a produção passa a atingir 142 milhões de toneladas, com aumento de 3,4% em relação à safra 2020/21.
Uma preocupação destacada pelos produtores nesta temporada está relacionada aos custos com fertilizantes, defensivos e sementes, que apresentaram, neste ano, fortes incrementos.
No final de outubro, 53% das lavouras já haviam sido semeadas no país, um percentual superior ao da safra anterior, cujo percentual semeado em outubro de 2020 foi de 36%.
Para a safra 2021/22, a Conab estima uma produção de 142,01 milhões de toneladas e uma importação de 500 mil toneladas.
Já a demanda a Conab estima um esmagamento de 47,06 milhões de toneladas. Para tanto, com projeções conservadoras na produção de óleo de soja para 2022, mas podendo ser alterada caso haja um aumento de percentual do biodiesel no diesel e caso haja um aumento significativo no consumo de diesel em função de uma recuperação econômica maior do que a prevista atualmente. As sementes e perdas pós-colheita são estimadas em 3,61 milhões de toneladas e as exportações em 89,92 milhões de toneladas, gerando um estoque de passagem estimado em 9,30 milhões de toneladas.
Por fim, os dados referentes ao quadro de oferta e demanda das safras anteriores ainda estão sendo revisados. Apesar da revisão dos dados de produção da Conab, ainda necessitamos finalizar a revisão dos dados históricos de consumo e, eventualmente, de outras variáveis do quadro, para garantir que o quadro das safras anteriores a ser publicado seja consistente, considerando a oferta total e a demanda total ano a ano.
Trigo
colheita continua avançando em diversas regiões produtoras, mesmo que o ritmo das operações tenha oscilado, encontrando alguma dificuldade em certas localidades devido ao excesso de chuvas, limitando o trabalho das máquinas. Ainda assim, a perspectiva ao final de outubro era que cerca de metade da área plantada com a cultura no país em 2021 já havia sido colhida.
No geral, a safra teve um expressivo aumento de área em comparação ao ano passado, porém as irregularidades climáticas, com incidência de geadas em algumas regiões e baixos índices pluviométricos, fizeram com que o potencial produtivo para a cultura fosse diminuído. Ainda assim, a previsão é de uma produção nacional de 7.688,7 mil toneladas, nesta temporada, 23,3% superior ao volume colhido no exercício passado, que foi uma temporada reconhecidamente abaixo do esperado em razão de adversidades climáticas.
No final de outubro, 59% das lavouras já haviam sido colhidas no país, um atraso considerável em comparação com o mesmo período da safra anterior, quando já haviam sido colhidas 76% das lavouras.
Os dados preliminares do Ministério da Economia, referentes à Balança Comercial, apontam um volume de importações de 517,5 mil toneladas de trigo, 15,6% superior ao mês anterior, 1,8% maior que no mesmo período do ano passado e 1,2% a menos que na média dos últimos cinco anos, ou seja, no padrão da normalidade para o período.
A Conab revisou os números relativos ao quadro de oferta e demanda, no que se refere à produção, que passou de 8.190,8 mil toneladas para 7.688,7 mil toneladas devido à redução de 6,4% de produtividade. Com a redução de 6,1% da produção, foi alterada também a estimativa do volume a ser importado, que passou de 6.000 mil toneladas para 6.200 mil toneladas.
Ademais, foi reajustada a estimativa de área plantada que passou de 2.706,2 mil hectares para 2.715,4 mil hectares e, com essa alteração, houve acréscimo no consumo interno no que se refere ao uso para sementes. A partir dessas modificações, estima-se que a safra 2021/22 encerre com estoque de passagem de 788,8 mil toneladas.