Mercado de frutas e hortaliças

plantação de frutas

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(Curadoria Agro Insight)

O aumento nos custos relacionados ao frete e a outros insumos provocou a alta de preços e a queda da comercialização das frutas tipicamente consumidas nas festas de fim de ano. Outro fator relevante é a inflação mundial, que impactou especialmente o preço das frutas importadas. A análise é do 12º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Frutas de caroço, como o pêssego e a ameixa, mantiveram preços com poucas oscilações no ano, mas com crescimento consistente em relação ao ano de 2021. No caso do pêssego, a quantidade total comercializada nas Ceasas caiu 16%, o que não pode ser explicado apenas por causa da diminuição da produção. A redução na renda da população e nas importações em relação a 2020, o câmbio desvalorizado e o aumento dos custos dos insumos no exterior também têm influência relevante no cenário.

Por sua vez, a ameixa observa tendência de alta nos preços, apesar das muitas oscilações. O mercado dessa fruta enfrenta dificuldades semelhantes às do pêssego, embora a produção interna agregada comercializada nas Centrais de Abastecimento tenha aumentado 9%. O volume importado foi um pouco maior em relação a 2021 e menor em relação a 2020, e boa parte disso pode ser explicado pelo leve aumento da produção interna. Mesmo com pequenas variações de preços, a ameixa e o pêssego continuam, em alguns locais, como opções de consumo para a população, competindo com frutas como a maçã, que teve quebra de safra esse ano e está com preços mais elevados no varejo.

Outra fruta muito consumida nesta época do ano é a cereja, que o Brasil compra principalmente da Argentina e do Chile. Com a desvalorização do real e consequente absorção da inflação internacional, o produto chegou com preços elevados no atacado. Já a romã, cultivada no Brasil em São Paulo, Bahia e Pernambuco, observou queda próxima de 90% nas importações em relação a 2020, o que mostra a redução da comercialização no país na esteira das instabilidades econômicas e da contenção da renda da população.

No caso do damasco, fruta que há tempos possui valor de comercialização alto e que tende a permanecer assim, as vendas nos entrepostos atacadistas tiveram queda de 31% até novembro de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, e as importações tiveram pequena queda de 3,85%. Por fim, na contramão das demais espécies, a uva deve chegar nos mercados de atacado e varejo com preços acessíveis, apesar da queda de 7% na comercialização considerando o agregado das Ceasas analisadas.

FRUTAS

A banana e o mamão apontaram baixa nos preços em alguns mercados, apesar da alta na média ponderada. O preço da banana chegou a cair 10,45% na Ceasa de São José (SC), na grande Florianópolis, e 7,97% em Brasília DF. Contudo, na média ponderada entre todas as Centrais de Abastecimento (Ceasa) analisadas, a fruta teve alta de 5,34%, fechando o período com cotação de R$3,70/kg. Não houve uma grande região abastecedora nacional. A banana nanica teve leve aumento da oferta e a banana prata registrou oferta controlada e demanda regular. As exportações caíram por causa da menor produção nacional, da concorrência com outros países e do menor consumo em alguns mercados externos.

No caso do mamão, o preço chegou a cair 26,54% em Rio Branco (AC) e 11,3% em Goiânia (GO), porém, a média ponderada indicou alta de 0,83%, com cotação de R$5,19/kg. A queda em alguns entrepostos justifica-se principalmente pela demanda fraca, pelos altos preços cobrados nos períodos anteriores e pela presença de frutas mais baratas no mercado após a normalização do abastecimento com o desbloqueio das estradas. As exportações de mamão caíram, acompanhando a menor produção nacional.

Quanto às demais frutas, foi observado um aumento geral de preços, em especial para laranja (+4,41%) e melancia (+8,13%). Quanto à laranja, a alta das cotações e oferta controlada pela grande demanda industrial foram a tônica mensal. As exportações caíram, porém, há boas perspectivas de retomada para o próximo ano, em razão dos problemas na produção da Flórida e da expectativa de expansão em mercados asiáticos e europeus.

Já a melancia teve a alta de preços justificada pelo declínio da colheita em Ceres (GO) e início da safra em diversas microrregiões de São Paulo e no sul baiano, em meio a uma demanda regular. Parte da safra baiana foi antecipada para minimizar o efeito das intensas chuvas nas regiões produtoras. As exportações caíram, embora tenham sido satisfatórias.

Banana

Não houve uma grande região abastecedora nacional. A banana nanica teve leve aumento da oferta e a banana prata registrou oferta controlada e demanda regular. Exportações caíram por causa da menor produção nacional, da concorrência com outros países e do menor consumo em alguns mercados externos.

Laranja

Alta das cotações e oferta controlada pela alta demanda industrial foram a tônica mensal. As exportações caíram, mas possuem boas perspectivas para o próximo ano por causa dos problemas na produção da Flórida e da expectativa de maior penetração em mercados asiáticos e europeus.

Maçã

Estabilidade quanto às cotações em novembro – em níveis já elevados – com o controle da oferta pelas classificadoras. Registro de demanda regular, de concorrência com frutas natalinas e presença de crescente déficit da balança comercial para a fruta, pois as importações cresceram bastante por causa da baixa oferta.

Mamão

Oferta controlada e queda de preços em alguns entrepostos por causa da demanda fraca, dos altos preços já cobrados anteriormente, da presença de frutas mais baratas no mercado e à normalização do abastecimento, após bloqueios nas estradas. As exportações caíram ao acompanharem a menor produção nacional.

Melancia

Declínio da colheita em Ceres/GO e início da safra em diversas microrregiões de São Paulo e no sul baiano, em meio a uma demanda regular. Parte da safra baiana foi antecipada para minimizar o efeito das intensas chuvas nas regiões produtoras. As exportações caíram, embora tenham sido satisfatórias.

Exportação Total de Frutas

Até novembro de 2022, segundo dados do MDIC/SECEX, os números acumulados das exportações brasileiras de frutas foram de 841 mil toneladas, 20,6% inferior em relação ao mesmo período de 2021, com faturamento da ordem de US$ 815,6 milhões, 18,6% abaixo daquilo que foi computado até novembro do ano anterior. As principais frutas exportadas foram mangas, melões, limões e limas, melancias, bananas, maçãs, mamões (papaya) e uvas, dentre outros.

HORTALIÇAS

O preço da cenoura manteve-se em queda na maioria das Centrais de Abastecimento analisadas, repetindo a tendência dos meses anteriores. Porém, o movimento preponderante para a alface, batata, cebola e tomate foi de alta nos preços. O maior aumento foi para a cebola (+37,18%) e para o tomate (+18,79%). No caso da cebola, a tendência de alta vem sendo observada desde novembro de 2021, culminando com o maior nível de preços da série em novembro de 2022. Já o tomate, deve-se considerar que, desde setembro, a oferta está estável (tendo o pico da oferta ocorrido em agosto deste ano). O quadro de chuvas nas regiões produtoras dificulta a colheita e retarda a maturação do fruto, afetando negativamente a oferta.

Alface

Os preços foram predominantemente de alta. A variação da média ponderada dos preços ficou apenas 0,26% acima do mês anterior. As chuvas na maioria das regiões produtoras têm comprometido a produção. No primeiro decêndio de dezembro não se observa uniformidade no movimento de preços.

Batata

Apesar da estabilidade na oferta, os preços continuam em alta. As chuvas constantes e, muitas vezes intensas comprometem a colheita e pressionam os preços para cima. Com a intensificação da safra das águas os preços podem diminuir. O aumento da demanda, em função dos pratos típicos das festividades de fim de ano, poderão ser um freio para esta queda.

Cebola

Alta de preços e com percentuais significativos. O acréscimo ocorre desde novembro de 2021, chegando em novembro de 2022 nos mais altos níveis de preços. A oferta ainda não se recuperou. Na comparação com a oferta de junho, mês que os preços sofreram queda, a comercialização nos mercados está 10% abaixo.

Cenoura

Continuidade no movimento de queda de preços em quase todos os mercados atacadistas considerados neste boletim. A média ponderada teve decréscimo de 4,51%. Em novembro, apesar da redução de 2% na oferta em relação a outubro, os níveis estão em torno de 25% superiores às quantidades registradas em fevereiro e março. A demanda atual está sendo atendida, pois não exerce nenhuma pressão sobre os preços.

Tomate

Pelo segundo mês consecutivo, os preços apresentaram alta. Em novembro, a média ponderada subiu 18,79%. Deve-se considerar que desde setembro a oferta está estável, porém em relação a agosto, justamente o pico da oferta neste ano, a movimentação foi cerca de 10% abaixo. As chuvas nas regiões produtoras, dificultam a colheita e retardam a maturação do fruto e afetam a oferta.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Boletim Hortigranjeiro, Brasília, DF, v. 8, n. 12, dez. 2022.

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Tags: Conab, Mercado Hortigranjeiro

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