(Curadoria Agro Insight)
Antecipar mudanças sobre o agro brasileiro e preparar os tomadores de decisão para o que está por vir. Com este propósito a Embrapa traz oito megatendências que têm como base os estudos de futuro do Sistema de Inteligência Estratégica da Empresa.
Hoje vamos abordar a terceira megatendência para o Agro, segundo a Embrapa, que é o Agrodigital.
MEGATENDÊNCIAS
- Sustentabilidade
- Adaptação à mudança do clima
- Agrodigital
- Intensificação tecnológica e concentração da produção
- Transformações rápidas no consumo e na agregação de valor
- Biorrevolução
- Integração de conhecimento e de tecnologias
- Incremento da governança e dos riscos
- 3. Agrodigital
Diversas forças das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) vêm moldando as mais diferentes cadeias produtivas em todos os setores econômicos. As tecnologias emergentes, como IoT, big data, 5G, realidade aumentada, computação quântica, robótica, sensores, impressão 3D e 4D, integração de sistemas, conectividade ubíqua, inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (machine learning – ML) e blockchain, entre outras, estão impulsionando uma revolução no campo, caracterizando o chamado processo de digitalização do agro.
Essas tecnologias estão impactando o agro de maneira similar ao que ocorreu no setor nas primeiras décadas do século 20 com a mecanização agrícola. Elas estão causando, e causarão ainda mais, aumento de rendimento, redução de custos e do impacto ambiental. Se, por um lado, a transformação digital representa uma oportunidade, por outro, há o desafio de conectividade no meio rural e a ameaça de crescimento do hiato entre o produtor mais tecnificado e aquele incapaz de aderir a esse novo modelo. O agro se torna digital à medida que o gerenciamento de tarefas dentro e fora da fazenda se concentra em diferentes tipos de dados obtidos por meio de sensores, máquinas, drones e satélites para monitorar, controlar e agir sobre solo, água, animais e humanos. Planejar, abastecer, produzir, distribuir, armazenar, processar e comercializar nas cadeias produtivas do agro será um conjunto de atividades crescentemente digitalizadas e interconectadas.
Bolfe et al. (2020a) apontam desafios científicos, tecnológicos, sociais e econômicos para amplificar a digitalização do campo, elencando ainda as principais tendências e oportunidades na transformação digital da agricultura brasileira nos próximos anos (Figura 1). Dessa forma, as tecnologias digitais têm elevado potencial para amparar futuras ações de PD&I em mapeamentos multiescalares, análises integradas e gestão de bases de dados dos solos tropicais, favorecendo a melhor tomada de decisão na produção de alimentos, fibras e energia.
Figura 1. Principais desafios e oportunidades na transformação digital da agricultura brasileira. Fonte: Bolfe et al. (2020a).
Tendências
- Avanços no uso das tecnologias no processo de transformação digital no meio rural
- Crescimento da economia digital integrando os diferentes elos das cadeias produtivas
- Avanço da ciência de dados e Big Data, informática agroalimentar, inteligência artificial e aprendizado de máquina, cooperativas de dados
- Disrupturas a partir da realidade virtual, realidade aumentada, impressão 3D & 4D em alta resolução, blockchain e crisptografia digital
- Novas tecnologias e sensores e biossensores para monitorar ambiente e estresse bióticos e abióticos
Implicações
Uma revolução digital, de automação e dados, acontecerá no campo, facilitando decisões técnicas e gerencias ao longo de toda a cadeia produtiva, por meio de tecnologias disruptivas digitais, de automação e de dados, como a robotização e a hiperautomação, 5G, novas tecnologias de sensores/biossensores, nanossensores, impressão 3D & 4D, computação quântica, inteligência artificial, blockchain, big data, as quais poderão trazer transformações disruptivas, o que implica a necessidade de integração para promoção de convergência no agro.
A digitalização da agricultura é vista como uma nova revolução, com potencial de criar valores compartilhados desde os produtores até os consumidores. A conectividade é um dos elementos de maior relevância para o ganho de escala dessa revolução e um dos principais desafios.
O poder transformador da agricultura digital é enorme, e implica o desafio de que seja também uma ferramenta para que a agricultura atenda aos ODS (ITU, 2021) e atenue efeitos negativos da concentração de riqueza.
Será necessário capacitar pequenos e médios produtores, agrônomos, extensionistas e técnicos agrícolas em tecnologias digitais visando a inclusão digital e a sustentabilidade da Agricultura.
A integração e a diversidade de sensores utilizados na agricultura e sua gestão ainda são linhas de pesquisa importantes, especialmente quando explorados com IoT e redes de sensores. Ainda precisam ser testados no ambiente agrícola, em razão dos desafios significativos no que se refere à conectividade, ao consumo de energia e à robustez contra danos.
A interoperabilidade e a rede digital da agricultura permitirão novos sistemas de controle de processo e novos modelos de vendas, plataformas de troca nas quais os dados são negociados.
Existem vários componentes da transformação digital na agricultura envolvidos nessa tendência global. Da fertilidade do solo à conectividade, os sensores IoT são partes essenciais da agricultura; a energia em dispositivos remotos rurais é um enorme desafio e há soluções criativas sendo exploradas; drones e satélites são usados para coleta de dados da vegetação e da fazenda. A transformação digital também ocorre em operações financeiras e educacionais no meio rural.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
VISÃO de futuro do agro brasileiro: sumário executivo. Brasília, DF: Embrapa, 2022. 8 p., 2022