(Curadoria Agro Insight)
Os enfezamentos estão entre as principais doenças do milho no Brasil. Os enfezamentos são causados por dois patógenos denominados de molicutes, o espiroplasma e o fitoplasma, que pertencem a uma classe de bactérias sem parede celular.
Os molicutes são transmitidos pela cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis, que, após se alimentar em plantas infectadas, passa a transmitir os patógenos para plantas jovens e sadias. Além dos molicutes, a cigarrinha transmite também o vírus da risca-do-milho, cujos sintomas, são os primeiros a surgir na lavoura. Os sintomas dos enfezamentos surgirão mais tarde, porém, não há nenhuma estratégia de manejo após seu aparecimento.
Perdas de até 80% são relatadas por causa dos enfezamentos, que prejudicam o desenvolvimento das plantas, a formação de raízes, afeta a formação e o enchimento de espigas e enfraquecem os colmos, podendo resultar em quebra dos colmos e no aumento de infecções por patógenos.
Sintomas e alterações causadas por enfezamento-pálido
- Estrias cloróticas esbranquiçadas que se iniciam na base e percorrem longitudinalmente as folhas;
- Altura de plantas reduzida;
- Encurtamento dos entrenós;
- Brotações axilares;
- Coloração avermelhada em folhas (principalmente bordas e pontas) e colmo;
- Proliferação de espigas.
Sintomas e alterações causados por enfezamento-vermelho
- Amarelecimento e/ou avermelhamento das folhas iniciando pelas bordas;
- Perfilhamento;
- Proliferação de espigas;
- Altura de plantas reduzida;
- Encurtamento dos entrenós;
- Brotações axilares.
Sintomas e alterações causados pela virose-raiado-fino
- Pontuações cloróticas no sentido das nervuras;
- A observação das folhas contra a luz permite observar as pontuações translúcidas.
Plantas tigueras recém-emergidas e atacadas pela cigarrinha Dalbulus maidis nas fases iniciais de desenvolvimento não apresentarão sintomas de enfezamentos e virose.
Identificação do inseto vetor dos patógenos associados aos enfezamentos e à virose-raiado-fino
A cigarrinha-do-milho é a única espécie de inseto no Brasil capaz de transmitir os patógenos associados aos enfezamentos do milho e à virose-raiado-fino. Essa espécie tem o milho como sua única planta hospedeira em nosso País. São insetos muito ágeis e que podem ser encontrados durante todo o ciclo da cultura.
- Os insetos adultos medem em torno de 3,7 até 4,3 mm de comprimento;
- Apresentam coloração amarelo-palha;
- Exibem duas manchas circulares negras no alto da cabeça;
- Localizam-se preferencialmente no cartucho das plantas de milho;
- As fases jovens (ninfas) passam por cinco estádios (instares);
- As ninfas não possuem asas, medem de 1 a 3 mm, apresentam coloração esbranquiçada e ficam na parte de baixo das folhas.
Figura 1. Cigarrinha do milho. Foto: Charles Martins de Oliveira
Áudio |
No Prosa Rural desta semana, a pesquisadora Dagma Dionísia da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo, e o fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, Anderson Lemiska, falam sobre o complexo de enfezamentos, que é atualmente o principal problema fitossanitário para a produção de milho no Brasil.
A doença é denominada “complexo” porque é consequência da infecção por um grupo de patógenos (uma virose e duas bactérias da classe Molicutes), transmitidos pela cigarrinha Dalbulus maidis. “Há dificuldade no controle dos enfezamentos e da cigarrinha, mas existem estratégias de manejo que podem amenizar o problema. O manejo deve ser realizado por todos os produtores rurais, independentemente de qual seja o propósito do milho: grão, silagem, semente, milho-verde”, diz Dagma Silva. |
Fonte: Prosa Rural – programa de rádio da Embrapa. |
CONTROLE
Controle do milho tiguera
É comum após a colheita de milho observarmos na área da lavoura restos de grãos e segmentos de espigas com grãos
com ou sem palha depositadas na superfície do solo ou compactadas pela roda do trator. Estas perdas de colheita podem dar origem à plantas voluntárias que se desenvolvem no período de entressafra e/ou na cultura subsequente e são conhecidas como tiguera ou plantas guaxas.
As plantas voluntárias são importantes hospedeiras dos molicutes e são usadas como forma de sobrevivência dos enfezamentos. Sendo importante seu controle para reduzir os danos dos enfezamentos na cultura do milho.
Controle das Cigarrinhas Dalbulus maidis
A recomendação é que seja feito o tratamento de sementes para controle das cigarrinhas nos estádios iniciais
de desenvolvimento das lavouras e complementar com a aplicação de inseticidas que também deve ser realizada na
fase inicial de desenvolvimento da cultura. Desta forma, a combinação de plantio de diferentes cultivares pode ser considerada como medida de controle. É importante salientar aqui que a recomendação para controle da cigarrinha é
que não passe de 40 dias após a emergência. Após esse período não são observadas vantagens para o controle
dos patógenos em campo.
Plantio de Cultivares Resistentes
Os enfezamentos constituem um grupo complexo de doenças sistêmicas de difícil manejo em campo. É consenso entre
técnicos e pesquisadores que o uso de híbridos mais resistentes é a medida mais efetiva para o manejo dos enfezamentos do milho. Até o momento, não existem híbridos lançados especificamente para a resistência aos agentes causais dos enfezamentos.
Medidas buscam evitar a disseminação dos molicutesQuanto ao manejo dos enfezamentos, ele salientou que nenhuma medida tomada de forma isolada é eficaz, sendo que nenhuma é 100% eficiente e que não há medidas curativas. Na entressafra:
Na semeadura:
Durante o cultivo:
Após a colheita:
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