(Curadoria Agro Insight)
Olá pessoal do Agro!
Na curadoria Agro Insight de hoje, temos o conteúdo da palestra “Lagartas na cultura do milho – Conhecer”, que foi proferida pela pesquisadora Simone Martins Mendes, especialistas na área de entomologia, da Embrapa Milho e Sorgo. Ela ministrou o tema no evento virtual “Manejo Integrado de Pragas em Soja e Milho”.
Foto: Embrapa
PALESTRA: Lagartas na cultura do milho – Conhecer
A lagarta- do milho está presente em todo lugar que se cultiva milho no País. Apesar de ser um inseto conhecido, o manejo não tem sido feito de forma adequada, sendo necessário entender mais sobre a bioecologia desse inseto.
A cultura do milho não está sozinha no campo. Há soja, sorgo, braquiária, entre outras culturas. A Spodoptera frugiperda é campeã em fazer a ‘ponte verde”, pois pode se alimentar de mais de 300 espécies de plantas.
A Spodoptera frugiperda faz postura em camadas, colocando de 100 a 150 ovos em cada massa de ovos, que pode ser de até três camadas sobrepostas. Desta forma, é importante entender a biologia da praga para usar as estratégias de controle adequadas, como o controle biológico. Esse inseto passa 15 dias na forma de lagarta. Depois, passa à fase de pupa no solo por dez dias no máximo em uma camada de 5 cm do solo. Chega à fase adulta, mariposas. Completa o ciclo de acasalamento colocando os ovos novamente.
Depois de eclodidas, cada massa de ovos dessas lagartas pode colonizar de seis a sete plantas. Esse inseto começa a se alimentar na folha do milho raspando-a. A injúria causada é uma mancha translúcida, sendo necessário associar a injúria com o tamanho do inseto para saber o que pode ser feito de controle.
A preocupação que se deve ter é depois dos sete dias, quando a lagarta já está alojada dentro do cartucho, e se alimenta muito. De sete a 15 dias, o inseto tem velocidade rápida de crescimento, já fura a folha e causa grande desfolha, nesta época, pouca coisa será feita no controle.
Nas condições de cultivo nacional, ao se abrir o cartucho do milho, encontra-se lagarta de todos os tamanhos (sobreposição de gerações). Situação que não se deseja., pois indica que estamos perdendo o time do controle. O foco do controle é para a lagarta média e para pequena.
Então, se há inseto de todo tamanho no cartucho, que método utilizar para controlar? Deve-se realizar o controle das pequenas e médias lagartas. Qualquer ação para tirar a lagarta grande de dentro do cartucho é mais difícil. Até sete dias, ele não está totalmente alojado. Usar o volume de calda recomentado na bula e com tecnologia de aplicação adequada pode resolver o problema.
Outro fato que tem acontecido no campo é a lagarta-do-cartucho com hábito de lagarta rosca. Simone explica que ela roleta a planta, eliminando toda a planta. Isso pode ocorrer devido ao manejo da cultura anterior, ou da desseca mal feita. Infestação alta de lagarta-do-cartucho. Essa pode ser considerada a pior injúria, porque ela tira uma planta produtiva totalmente da lavoura.
No consórcio encontra-se muito mais cartucho por área, com maior disponibilidade de abrigo para o inseto. Pesquisas da Embrapa testaram outras 14 plantas no sistema, do gênero Panicum e braquiárias. A lagarta se desenvolveu mais na braquiária ruziziensis, contudo na cultivar Massai, o inseto não completa o ciclo, por exemplo.
Dentre as 14 plantas estudadas para ver a adaptação do inseto, algumas favoreceram mais a sobrevivência; em outras, a biomassa maior; em outras o período de desenvolvimento mais curto.
A B. ruziziensis, marandu e paiaguás são plantas que com as quais se deve preocupar com infestação, fazer um manejo melhor, utilizar bionseticidas, controle biológico, inseticidas. A Spodoptera frugiperda não é praga de braquiária, mas pode criar um problema no manejo da praga na lavoura de milho, dessa forma devemos fazer um manejo diferenciado”, ressaltou Simone.
Outro cuidado é em relação às plantas daninhas, como capim pé de galinha, que também pode ser hospedeiro da praga. Outra questão importante é observar as plantas hospedeiras dentro da paisagem agrícola como um todo.
Manejo integrado de pragas (MIP)
MIP: manejo cultural, manejo comportamental, tecnologia Bt, controle químico, resistência da planta, extrato de plantas. De forma integrada, buscando maior sustentabilidade. Para isso, é preciso conhecer bem o sistema de produção, fazer armadilha de feromônio e vistoriar o campo. A folha raspada e a folha inicialmente furada está no ponto de controle (20% de plantas atacadas até V8). Nesse caso, o custo do manejo e custo da produção também deve ser levado em consideração.
Uma das formas de controle é a Tecnologia Bt. Entre os benefícios é que é uma tecnologia fácil de usar, eficiência de controle, logística, possibilidade de associação no MIP. Porém, apresenta alguns problemas como preço, concentração de mercado e evolução da resistência da praga à tecnologia.
Em breve haverá uma nova ferramenta para o manejo da praga baseada no uso de feromônio aplicado em área total. Isso proporciona a disrupção do acasalamento, com consequente redução da postura das mariposas, o que pode contribuir muito para redução da praga no sistema de produção, facilitando seu manejo.
Existe um problema além da lagarta
O percevejo e a cigarrinha também são problemas importantes. Por isso deve-se ter muita atenção com o milho tiguera, hospedeiro da cigarrinha no campo e fonte para os patógenos causadores do enfezamento. Por isso o manejo de pragas deve ser pensado como um todo nos sistemas de produção.
Quanto ao controle químico da Spodoptera, existem no mercado de 200 produtos para controle dessa lagarta. Nesse sentido, dentre todas as opções, além da efetividade, eficácia e custo, vale à pena focar no uso de inseticidas seletivos aos inimigos naturais e com menor impacto ambiental.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
SILVA, V. N. da; AVILA, C. J. Performance de inseticidas foliares aplicados para o controle de Spodoptera frugiperda na cultura do milho. In: JORNADA DE INICIAÇÃO À PESQUISA DA EMBRAPA, 2018, Dourados. Resumos… Brasília, DF: Embrapa, 2018. JIPE 2018. Disponível em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/190123/1/ORAL22.pdf