Inoculante biológico mantém produtividade do milho em condições de estresse

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(Curadoria Agro Insight)

O aumento dos custos de produção, especialmente com fertilizantes e outros insumos importados, tem estimulado à pesquisa agropecuária a buscar alternativas. Neste sentido a utilização de bioinsumos com a capacidade de incrementar a eficiência produtiva das culturas vem apresentando destaque. Além de ser uma estratégia alinhada à busca pela sustentabilidade do Agro.  Desta forma, a curadoria de hoje aborda o uso de inoculante biológico na cultura do milho.

Inoculante reduz perdas de produtividade do milho consorciado com braquiária

No consórcio entre milho e braquiária pode ocorrer deficiência de nitrogênio em função da demanda pelo nutriente por parte das duas culturas.

Para suprir as necessidades do nutriente, produtores recorrem à adubação nitrogenada.

Bactérias do gênero Azospirillum brasilense promovem o crescimento de raízes das plantas, maximizando a fixação do nitrogênio, reduzindo assim o uso de fertilizantes químicos.

Solos argilosos e lavouras consorciadas com duas gramíneas apresentaram resultados positivos de produtividade de grão de milho, com uso de Azospirillum brasilense.

Pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) comprovou que o uso de inoculante à base da bactéria Azospirillum brasilense no milho consorciado com braquiária contribui para a redução das perdas de produtividade do grão causadas pela competição da forrageira. Os resultados da pesquisa abrem novos horizontes para o consórcio das duas culturas.

Além do bom desempenho agronômico, o microrganismo, quando em associação com gramíneas, como o milho, promove o crescimento das raízes, em virtude da ação dos fitohormônios, viabilizando a fixação do nitrogênio nas plantas. A tecnologia favorece a redução do uso de adubos nitrogenados e uma agricultura mais sustentável.

O trabalho foi publicado na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB). Para acessar clique aqui.

O engenheiro agrônomo Gessí Ceccon, analista da Embrapa, ressalta a importância da pesquisa. Ele explica que, no caso da lavoura de milho consorciada com braquiária, ocorre, geralmente, deficiência de nitrogênio, um dos principais elementos responsáveis pela produção dos grãos. A alta demanda desse elemento químico pelas plantas e sua baixa disponibilidade em solos brasileiros tornam a adubação nitrogenada uma prática indispensável.

A tecnologia de inoculação amparada em um insumo biológico, como o Azospirillum brasilense, associado a um inseticida biológico, diminui impactos ambientais.  “Essa é uma alternativa sustentável e viável em tempos de escassez e preços elevados dos fertilizantes químicos”, reforça Ceccon.

O engenheiro agrônomo salienta ainda que, a partir do segundo ano de consórcio, a braquiária começa a deixar no solo cobertura, ou seja, matéria orgânica, o que contribui para o maior crescimento das raízes de milho. “A inoculação do milho com Azospirillum não substitui completamente a adubação química, que contém outros elementos, além do nitrogênio, tais como potássio, fósforo, cálcio e magnésio. Mas reduz os custos relacionados à quantidade de fertilizantes demandada pelas lavouras, proporcionando ganhos para o produtor.”

A pesquisa

Ceccon conta que o objetivo da pesquisa foi avaliar o desempenho agronômico de milho consorciado com a forrageira Urochloa ruziziensis (nova nomenclatura científica da Brachiaria ruziziensis), em sucessão à soja inoculada com as bactérias fixadoras de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum e Azospirillum, bem como a inoculação e a reinoculação do milho com A. brasilense, em solo arenoso.

Nas lavouras de milho, em que as sementes foram inoculadas, observou-se o efeito positivo da A. brasilense, maior quando a planta foi consorciada com braquiária.  “Na literatura científica é observado que essa bactéria beneficia as lavouras, quando todas as condições são satisfeitas, porém nesse estudo constatamos que esse inoculante biológico fez efeito mesmo em condições restritivas. Em nosso caso, ainda em condições de solo arenoso, de menor fertilidade, e de competitividade com a braquiária”, afirma.

Os resultados revelaram que a bactéria Azospirillum brasilense contribui para o crescimento das raízes do milho, proporcionando aumento de produtividade. “Assim, apesar do cultivo em solo arenoso e em lavoura com competitividade, os resultados comprovaram que a inoculação e a reinoculação com essa bactéria reduzem as perdas de produtividade de milho causadas por competição da braquiária, principalmente em solo arenoso”, comemora Ceccon.

Fonte: Embrapa

A Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN)

A Azospirillum brasilense é um dos diversos microrganismos benéficos a plantas, podendo colonizar suas raízes e estimular seu crescimento. As bactérias do gênero Azospirillum ganharam destaque mundial a partir da década de 1970, com a descoberta, pela pesquisadora Johanna Döbereiner (1924-2000), da Embrapa, da sua capacidade de fixação biológica do nitrogênio quando em associação com gramíneas.

Na prática, essas bactérias conseguem modificar o nitrogênio, captado da atmosfera pelas plantas, de modo a ser assimilado pelas raízes dessas plantas, permitindo que e reduza a adubação química nitrogenada. Esse processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias diazotróficas é chamado de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN).

Além dos ganhos econômicos, uma vez que o mercado de fertilizantes no Brasil é dependente de importações, são expressivos os resultados da FBN relacionados às melhorias na qualidade do solo, tais como proteção contra erosão, maior fertilidade, retenção de umidade e redução de plantas daninhas.

Tolerância à seca

Outro ponto que merece destaque refere-se ao aumento da profundidade das raízes do milho, pois essa amplitude permite que a planta, em períodos de estiagem prolongada, possa buscar água nas camadas mais profundas do solo, contribuindo com a sustentabilidade da lavoura.

Competitividade do sistema consorciado

A competição da forrageira com o milho foi a grande motivação da pesquisa. Assim, a quantidade de plantas da forrageira inserida no sistema foi maior do que indicado, com o objetivo de estimular essa competição. “Numa lavoura convencional, é fundamental o plantio adequado e ajustado entre as populações de braquiária e de milho”, destaca Gessí Ceccon.

Ele explica que esse ajuste pode ser feito no plantio da lavoura, mas também ao longo do seu desenvolvimento, quando necessário. “É possível fazer o uso de herbicida para a supressão da braquiária, que é o mesmo usado para o controle das plantas daninhas.”

A competição acontece inicialmente por água e depois pelos demais nutrientes, em especial, o nitrogênio. Esse nutriente está presente na atmosfera e é convertido em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. A reação é catalisada pela enzima nitrogenase, encontrada em todas as bactérias fixadoras.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

Embrapa/Artigo – Inoculante reduz perdas de produtividade do milho consorciado com braquiária. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; Fixação Biológica de Nitrogênio

 

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Tags: Bioinsumo, consórcio milho-braquiária, fbn, Fixação Biológica de Nitrogênio, insumo-biologico, insumos, milho safrinha, nutrientes-para-a-agricultura, safrinha

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