A utilização inadequada dos herbicidas nas lavouras causa alterações na fisiologia das plantas, podendo resultar queda na produção ou até em morte. Esse fenômeno é conhecido como fitotoxicidade.
Os danos, em geral, são consequência da escolha incorreta do produto e/ou da dose, da sobreposicão, má regulagem do equipamento, da aplicação e da deriva de produto aplicado em lavoura vizinha.
Os sintomas mais comuns da fitotoxicidade visível são, a redução de população de plantas por área; a desuniformidade da planta na fase inicial de crescimento; o aparecimento de tombamentos e quebramentos e facilidade para a entrada de doenças. Entretanto, muitas vezes os efeitos da fitotoxidez não são visíveis, nesse caso temos a fitotoxicidade oculta.
A fitotoxicidade oculta é o efeito negativo do herbicida sobre aspectos fisiológicos e bioquímicos das plantas de interesse (soja, milho, algodão, trigo, arroz, etc…) e que causam redução da produtividade e/ou da qualidade da produção, sem consequências visuais. Portanto, o produtor só percebe no momento da colheita, quando observa a queda de produção.
A fitotoxicidade oculta pode causar redução da atividade fotossintética, prejuízo nos mecanismos de abertura e fechamento dos estômatos, crescimento radicular deficiente, acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs), entre outros distúrbios, que prejudicam a eficiência produtiva das culturas.
Um exemplo frequente ocorre com o milho safrinha. Muitas vezes o produtor não leva em conta que após o cultivo de primavera-verão será cultivado o milho, e utiliza herbicidas que possuem um efeito residual longo, e não seletivos à cultura do milho, resultando em fitotoxicidade ou fitoxicidade oculta. Com base nisso, uma das orientações é a de optar por produtos de menor persistência no solo, além de seguir, corretamente, o que está escrito no manual do produto, levando sempre em consideração os aspectos ambientais.
Diagnose da fitotoxicidade
Ao diagnosticar a fitotoxicidade causada por herbicida, é importante avaliar as possíveis razões. A inspeção de plantas em áreas adjacentes, como beiras de estradas, cercas ou outros campos, ajudam a identificar o problema. O exame dos locais onde se iniciou o tratamento, ou onde se manobrou o trator, também é importante, pois aí, frequentemente, ocorre maior deposição de produto, e os sintomas de fitotoxicidade são aparentes.
Quando investigar áreas com fitotoxicidade, lembre-se de observar:
– os herbicidas utilizados
– quantidade utilizada por tanque
– quantidade de herbicida gasto na área total
– outros químicos usados e quando
– calibração do pulverizador
– bicos, velocidade do trator e pressão
– altura da barra na pulverização
– funcionamento do mecanismo de agitação no tanque
– data do plantio e da aplicação
– data da emergência da cultura
– condições climáticas antes, durante e após a pulverização
– cultivar utilizada
– tratamento de sementes
– padrões de deriva,
– áreas adjacentes não tratadas (para comparar)
– culturas adjacentes (para comparar),
– sintomas em plantas daninhas sensíveis,
– equipamento defeituoso,
– bicos impróprios,
– sintomas de doenças e nematóides, danos de insetos, de vento, etc.
Danos causados por outros fatores que podem ser confundidos com fitotoxidez
Condições ambientes adversas, doenças e desequilíbrios nutricionais da soja podem causar sintomas, por vezes, semelhantes àqueles causados por herbicidas.
A intensidade das doenças e dos desequilíbrios nutricionais depende das relações planta-patógeno e planta-disponibilidade de nutrientes, respectivamente.
Estas relações sofrem influências do ambiente.
Dentre os sintomas que podem ser confundidos com os causados por herbicidas, destacam-se, principalmente, os do mosaico comum da soja, da mancha olho de rã (Cercospora sojina) da deficiência de potássio, magnésio e zinco, e do excesso de boro e manganês.
Portanto, ao se fazer a diagnose deve-se considerar que, além dos herbicidas, outros fatores podem estar causando sintomas semelhantes aos de fitotoxicidade.
REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS
GAZZIERO, D. L. P.; NEUMAIER, N. Sintomas e diagnose de fitotoxicidade de herbicidas na cultura da soja. Londrina, EMBRAPA-CNPSo, 1985. 56p. (EMBRAPA-CNPSo. Documentos, 13).
Miola, V.; Assmann, E.; Zanatta, F.S.; Araújo, L.R.V.; De Wallau, V.H. Avaliação de fitotoxicidade de herbicidas em diferentes híbridos de milho. Revista Cultivando o saber, p. 36 a 43, 2020.