(Curadoria Agro Insight)
BRS Laterrot é um híbrido F1 para consumo in natura com resistência múltipla a doenças e pouco sensível a micro rachaduras, um defeito fisiológico comum em épocas chuvosas. O nome do híbrido é um tributo ao Dr. Henry Laterrot (INRA–Avignon, França), que dedicou sua carreira na identificação e caracterização de fatores de resistência a doenças no tomateiro.
Características agronômicas
BRS Laterrot é muito rústico, possui hábito de crescimento indeterminado e excelente cobertura foliar. A colheita se inicia em torno de 80 dias após o transplante. Os frutos são saborosos (com teor de sólidos solúveis entre 4.0 e 5.0°Brix), firmes (longa-vida estrutural), graúdos e de coloração externa vermelha brilhante. A vida de prateleira atinge até 20 dias. Frutos do BRS Laterrot apresentam baixíssima incidência de micro rachaduras e não mancham durante o período chuvoso.
Entrevista em áudio
O pesquisador Daniel Schurt, da Embrapa, fala sobre o Tomate Laterrot, cultivar adaptado à solos contaminados com o patógeno causador da murcha-bacteriana. Essa cultivar possibilita bons resultados de produção.
Resistência a doenças
Devido a presença combinada dos genes/alelos Ty-1 e Ty-3, o híbrido BRS Laterrot oferece proteção contra as principais espécies de Begomovirus (geminivírus) que infectam o tomateiro no Brasil. BRS Laterrot também é resistente a alguns patotipos do Tomato mosaic virus (ToMV) e se mostra resistente aos fungos Verticillium dahliae raça 1 e ao Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raças 1, 2 e 3.
Apresenta tolerância de campo intermediária contra os agentes causais da mancha- bacteriana (Xanthomonas spp.). Embora não possa ser considerado resistente à murcha bacteriana, BRS Laterrot foi menos sensível à doença quando exposto em campos naturalmente infestados com algumas estirpes do complexo Ralstonia solanacearum.
Recomendações técnicas
O híbrido BRS Laterrot apresenta melhor resultado em lavouras conduzidas com o sistema de duas hastes. O híbrido apresenta entre 13 e 15 pencas com os frutos atingindo a massa média de 230 g (250 g no início da colheita e 180 g no final), atendendo plenamente as demandas de mercado. O híbrido apresenta um padrão de cachos que não requer mobilização de mão de obra no processo de desbaste de frutos.
A vantagem comparativa da presença simultânea de resistência a begomovírus e F. oxysporum f. sp. lycopersici raça 3 é muito grande no cultivo em áreas das regiões Sudeste e Nordeste onde já existe a ocorrência simultânea desses dois grupos de patógenos.
O híbrido BRS Laterrot apresenta ciclo médio e potencial produtivo de até 480 caixas de 25 kg por 1.000 plantas (12 kg/planta) em sistema de cultivo protegido na região de Brasília–DF, Colatina–ES, Santa Maria do Jetibá–ES e Venda Nova do Imigrante–ES.
A planta do híbrido BRS Laterrot apresenta um rápido crescimento (enchimento) de frutos, devendo-se, portanto, evitar a aplicação excessiva de nitrogênio. É importante garantir um bom suprimento de cálcio e boro durante todo o ciclo do cultivo. A relação nitrogênio:potássio deve ser mantida em 1:2 após o início do florescimento para evitar o aparecimento de frutos deformados (“barcas”) ou ocados.
BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS
Embrapa/Notícias – Cultivar de tomate BRS-Laterrot para solos infestados com a murcha-bacteriana. Março de 2023.
Fonseca, M.E.N.; Reis, A.; Lopes, C.A.; Suinaga, F.A. BRS Laterrot (Folder). Embrapa Hortaliças, 2017.