(Curadoria Agro Insight)
Hoje vamos falar sobre as principais doenças da cultura do algodão e como fazer o controle. Nos dias atuais, com o custo dos insumos elevadíssimo, é importante que o produtor conheça todas as estratégias possíveis para o manejo de doenças. Desta forma, trouxemos um texto dos pesquisadores da Embrapa, Alderi Emidio de Araujo, Luiz Gonzaga Chitarra, Nelson Dias Suassuna e Wirton Macedo Coutinho.
Principais doenças do algodoeiro
As condições climáticas do Cerrado brasileiro são, de modo geral, favoráveis ao desenvolvimento de várias doenças que afetam a cultura do algodoeiro. Além disso, algumas práticas de cultivo podem favorecer, enquanto outras podem reduzir, a ocorrência ou o dano de determinadas doenças. No presente tópico, serão abordadas as principais doenças que afetam a cultura do algodoeiro nas condições do Cerrado brasileiro com ênfase nas estratégias de manejo das mesmas, visando a maior rentabilidade da cultura.
1. Doenças iniciais
Tombamento
É uma doença bastante comum e de ocorrência generalizada em todas as áreas produtoras de algodão do Cerrado, sobretudo aquelas onde são verificados os maiores índices pluviométricos, podendo causar sérios prejuízos ao estabelecimento da cultura, em função, principalmente, dos efeitos sobre a redução do estande.
Os sintomas de tombamento podem ser observados logo após a emergência das plântulas, nas folhas cotiledonares e primárias, as quais apresentam lesões irregulares de coloração pardo-escura.
O tombamento pode ocorrer tanto na pré-emergência, causando normalmente o apodrecimento da semente, e caracterizando-se por falhas no estande inicial, como na pós-emergência das plântulas resultando no “tombamento” das mesmas e tendo como sintoma característico a presença de lesões necróticas na região do colo das plântulas afetadas.
O controle da doença é feito, principalmente, por meio do tratamento de sementes com fungicidas químicos. Na Tabela 1, estão relacionados os fungicidas utilizados para controle do tombamento, registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Tabela 1. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de tombamento em algodoeiro.
Produto Comercial | Ingrediente Ativo (Grupo Químico) | ||
Abacus HC | Epoxiconazol *Triazol) + Piraclostrobina (Edtrobilurina) | ||
Agroben 500 | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Apollo 500 SC | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Arcadia | Cresoxim-metílico (Estrobilurina) + (Triazol) | ||
Atempla | Carbendazim (Benzimidazol) | ||
Authority | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Frutriafol (Triazol) | ||
Band | Flutriafol (Triazol) | ||
Batle | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Baytan FS | Triadimentol (Triazol) | ||
Bendazol | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Buran | Flutriafol (Triazol) | ||
Cabrio Top | metiram (Alquilenobis(Ditiocarbamato)) + Piraclostrobina (Estrobilurina) | ||
Captan 750 TS | Captana (Dicarboximida) | ||
Captan SC | Captana (Dicarboximida) | ||
Carben 500 SC | Carbendazim (Benzimidazol) | ||
Carbendazin SC | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Carbendazin Nortox | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Cercobin 500 SC | Tiofanato-Metílico (Benzimidazol (Precursor De)) | ||
Comet | Piraclostrobina (Estrobilurina) | ||
Constant | Tebuconazol (Triazol) | ||
Derosal 500 SC | Carbendazim (Benzimidazol) | ||
Derosal Plus | Carbendazim (Benzimidazol) + Tiram (Dimetilditiocarbamato) | ||
Derox | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Dynasty | Azoxistrobina (Estrobilurina) + Fludioxonil (Fenilpirrol) + Metalaxil-M (Acilalaninato) | ||
Effort | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Benzovindiflupyr (Pirazol Carboximida | ||
Elatus | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Benzovindiflupyr (Pirazol Carboximida) | ||
Elite | Tebuconazol (Triazol) | ||
Flama | Flutriafol (Triazol) | ||
Flexin | Flutriafol (Triazol) | ||
Folicur 200 EC | Tebuconazol (Triazol) | ||
Fox | Protioconazol (Triazolinthione) + Trifloxistrobina (Estrobilurina) | ||
Fungitol Verde | Cloreto de Cobre (Inorgânico) | ||
Euparen M 500 WP | Tolifluanida (Fenilsulfamida) | ||
Helmstar plus | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Teboconazol (triazol) | ||
Hexin 500 SC | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Impact Plus | Carbendazin (Benzimidazol) + Flutriafol (Triazol) | ||
Impact 125 SC | Flutriafol (Triazol) | ||
Imperador BR | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Locker | Carbendazin (Benzimidazol) + Crsozin Metílico (Estrobilurina) + Tebuconazol (Triazol) | ||
Mandarin | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Maxim | Fludioxonil (Fenilpirrol) | ||
Minx 500 SC | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Monaris | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol) | ||
Monceren 250 SC | Pencicurom (Feniluréia) | ||
Monceren PM | Pencicurom (Feniluréia) | ||
Nativo | Tebuconazol (Triazol) + Trfloxistrobina (Estrobilurina) | ||
Novazin Cheminova | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Oranis | Picoxistrobina (Estrobilurina) | ||
Orkestra | Fluxapiroxade (Carboximida) + Piraclostrobina (Estrobilurina) | ||
Orthocide 500 | Captana (Dicarboximida) | ||
Primo | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol) | ||
Priori | Azoxystrobina (Estrobilurina) | ||
Priori Xtra | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Ciproconazol (Triazol) | ||
Priori Top | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Difenoconazol (Triazol) | ||
Proline | Protioconazol (Trazolinthione) | ||
Quality | Trichoderma asperellum (Biológico) | ||
Rodazin 500 SC | Carbendazin (Benzimidazol) | ||
Rhodiauram SC | Tiram (Dimetilditiocarbamato) | ||
Sementiran 500 SC | Tiram (Dimetilditiocarbamato) | ||
Simboll 125 | Flutriafol (Triazol) | ||
Spectro | Difenoconazol (Triazol) | ||
Standak Top | Fipronil (pirazol) + Piraclostrobina (Estrobilurina) + Tiofanato Metílico | ||
Stratego 250 EC | Propiconazol (Triazol) + Trifloxistrobina (Estrubilurina) | ||
Sumilex | Procimidona (Dicarboximida) | ||
Sumilex 500 WP | Procimidona (Dicarboximida) | ||
Tasker | Azoxystrobina (Estrobilurina) + Flutriafol) | ||
Tebufort | Teboconazol (Triazol) | ||
Tebuzim 250 SC | Carbendazin Benzimidazol) + Tebuconazol (Triazol) | ||
Terraclor 750 WP | Quintozeno (Cloro aromático) | ||
Tornado | Futriafol (Triazol) | ||
Tríade | Tebuconazol (Triazol) | ||
Trinity 250 SC | Flutriafol (Triazol) | ||
Vincit 50 SC | Flutriafol (Triazol) | ||
Vitavax Thiram 200 SC | Carboxina (Carboxanilida) + Tiram (Dimetilditiocarbamato) | ||
Vitavax-Thiram WP | Carboxina (Carboxanilida) + Tiram (Dimetilditiocarbamato) | ||
Virtuoso 250 SC | Carbendazil (Benzimidazol) + Tebuconazol (Triazol) | ||
Wish 500 SC | Carbendazin (Benzimidazol) |
Fonte: AGROFIT, consulta on line, agosto, 2016.
2. Doenças foliares
Mancha branca ou mancha de ramulária
Causada pelo fungo Ramularia areola, constitui-se na principal doença do algodoeiro no Cerrado.
Os principais sintomas caracterizam-se por manchas esbranquiçadas, de formato anguloso em ambas as superfícies foliares. Este sintoma apresenta-se, de início, como pequenas manchas no limbo foliar, com aspecto branco-azulado. Sob condições favoráveis, as lesões se desenvolvem, são delimitadas pelas nervuras das folhas, e ganham um aspecto angular, e pulverulento e de cor branca, caracterizado pela intensa esporulação do patógeno (Figuras 1 e 2).
Figura 1. Manchas brancas, de aspecto pulverulento, delimitadas pelas nervuras em, folha de algodoeiro, causadas por Ramularia areola. Foto: Wirton Macedo Coutinho
O fungo R. areola pode sobreviver de uma estação de cultivo para outra em restos de cultura sobre o solo, e sob condições favoráveis produz esporos que se constituem em inóculo primário.
Figura 2. Manchas necróticas de aspecto anguloso, causadas por Ramularia areola em folha de algodoeiro. Foto: Wirton Macedo Coutinho
O controle químico da macha de ramulária se constitui em uma das medidas mais importantes para reduzir os índices de severidade da doença. Neste sentido, o monitoramento da lavoura é uma prática que deve ser iniciada cedo, em função da dificuldade de identificação das lesões iniciais. As pulverizações devem ter início logo que as primeiras lesões forem identificadas nas folhas mais velhas (SUASSUNA et al., 2006b).
Os primeiros sintomas da doença surgem, em geral, no início da fase reprodutiva da planta, normalmente, entre o aparecimento do primeiro botão floral até a abertura da primeira flor.
Medidas de controle envolvendo práticas culturais que minimizem o inóculo de uma estação para outra, como é o caso da rotação de culturas e práticas de manejo do espaçamento e da densidade de plantas, podem contribuir para a redução dos níveis de severidade da doença. Cultivos muito adensados promovem o sombreamento excessivo do dossel foliar no terço inferior da planta (baixeiro) e favorecem a permanência de água livre na superfície das folhas por períodos mais longos, criando condições propícias à germinação do patógeno e desenvolvimento da doença.
O uso de cultivares com algum nível de resistência, principalmente aquelas com arquitetura de copa, que permita ou facilite a aeração, aliado a espaçamentos maiores e a menor densidade de plantas, pode reduzir a severidade da doença (HILLOCKS, 1992a).
Tabela 2. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da mancha de ramulária.
Nome comercial |
Princípio ativo |
Formulação | Dose | Classe
Toxicológica |
Abacus HC | Epoxiconazol + Piraclostrobina | SC | 0,25 L/ha | III |
Alterne | Tebuconazol | EC | 1,0 L/ha | III |
Amistar Top | Azoxistrobina + Difeconazol | SC | 0,3 – 0,4 L/ha | III |
Apice | Epoxiconazol + Tiofanato- metílico | SC | 0,6 L/ha | I |
Aproach Prima | Ciproconazol + Picoxistrobina | SC | 0,3 L/ha | III |
Arcádia | Cresoxim-metílico + Tebuconazol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | III |
Authority | Azoxistrobina + Flutriafol | SC | 0,4 – 0,6 L/ha | III |
Band | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Battle | Carbendazim + Flutriafol | SC | 0,6 L/ha | III |
Bion 500 WG | Acibenzolar-S-metílico | WG | 15 – 25 g/ha | III |
Buran | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Cabrio Top | Metiram + Piraclostrobina | WG | 2,0 kg/ha | III |
Caramba 90 | Metconazol | SL | 0,6 – 0,7 L/ha | III |
Carbendazim Nortox | Carbendazim | SC | 0,6 L/ha | II |
Celeiro | Flutriafol + Tiofanato-metílico | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | III |
Cercobin 500 SC | Tiofanato-metílico | SC | 0,6 – 0,8 L/ha | II |
Comet | Piraclostrobina | EC | 0,4 L/ha | II |
Delsene SC | Carbendazim | SC | 0,5 L/ha | III |
Delsene WG | Carbendazim | WG | 330g/ha | III |
Derox | Carbendazim | SC | 0,6 L/ha | II |
Domark 100 EC | Tetraconazol | EC | 0,5 L/ha | I |
Emerald | Tetraconazol | EW | 0,3 – 0,5 L/ha | II |
Emerald 230 ME | Tetraconazol | ME | 0,3 – 0,5 L/ha | III |
Eminent 125 EW | Tetraconazol | EW | 0,3 – 0,5 L/ha | III |
Flama | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Flexin | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Fox | Protioconazol + Trifloxistrobina | SC | 0,4 L/ha | I |
Guapo | Epoxiconazol + Cresoxim-metílico | SC | 1,0 L/ha | III |
Helmstar Plus | Azoxistrobina + Tebuconazol | SC | 0,4 – 0,6 L/ha | II |
Impact Duo | Flutriafol + Tiofanato-metílico | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | III |
Impact Plus | Carbendazim + Flutriafol | SC | 0,6 L/ha | III |
Impact 125 SC | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Jade | Procloraz | EC | 1,0 L/ha | III |
Locker | Carbendazim + Cresoxim-metílico + Tebuconazol | SC | 1,0 – 1,25 L/ha | III |
Nativo | Tebuconazol + Trifloxistrobina | SC | 0,6 L/ha | III |
Opera Ultra | Metconazol + Piraclostrobina | EC | 0,5 L/ha | I |
Oranis | Picoxistrobina | SC | 0,25 L/ha | III |
Primo | Azoxistrobina + Ciproconazol | SC | 0,3 L/ha | III |
Priori | Azoxistrobina | SC | 0,2 L/ha | III |
Priori Top | Azoxistrobina + Difenoconazol | SC | 0,3 – 0,4 L/ha | III |
Priori Xtra | Azoxistrobina + Ciproconazol | SC | 0,3 L/ha | III |
Score | Difenoconazol | EC | 0,3 L/ha | I |
Simboll 125 SC | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Soprano 125 SC | Epoxiconazol | SC | 0,4 L/ha | I |
Stratego 250 EC | Propiconazol +Trifloxistrobina | EC | 0,5 L/ha | II |
Tasker | Azoxistrobina + Flutriafol | SC | 0,4 – 0,6 L/ha | III |
Tebuco Nortox | Tebuconazol | EC | 0,5 – 0,75 L/ha | I |
Tenaz 250 SC | Flutriafol | SC | 0,4 – 0,5 L/ha | III |
Tornado | Flutriafol | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | I |
Treasure | Epoxiconazol + Tiofanato-metílico | SC | 0,6 L/ha | I |
Trinity 250 SC | Flutriafol | SC | 0,4 – 0,5 L/ha | III |
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
Mancha angular
A mancha angular é uma doença causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. malvacearum e caracteriza-se por apresentar manchas foliares de formato anguloso, delimitadas pelas nervuras. Nos caules e ramos podem ser observadas lesões deprimidas, escuras e alongadas, podendo atingir vários centímetros de comprimento no sentido longitudinal (Figura 3 a-f), enquanto nas maçãs, lesões circulares, inicialmente encharcadas de coloração verde escuro, são formadas na parede do carpelo e, posteriormente, se tornam escuras e causam a podridão das maçãs.
Figura 3. Lesões foliares em algodoeiro com sintomas de mancha angular, causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp. malvacearum. Foto: Wirton Macedo Coutinho
O cultivo contínuo de algodão em uma mesma área contribui para o aumento do inóculo inicial. Uma única planta contaminada em uma população de 6.000 plantas foi suficiente para causar uma epidemia da doença em uma cultivar suscetível no Sudão (TARR, 1961).
O controle da doença é feito com o uso de sementes isentas do patógeno e por meio do plantio de cultivares resistentes. Existem produtos à base de cobre registrados para o controle da mancha angular. Entretanto, a ação dos produtos, aparentemente, é apenas de oferecer maior vigor à planta pela ação do cobre do que propriamente pelo controle da doença. Para este fim, considera-se o custo oneroso e os resultados duvidosos (ARAÚJO e SIQUERI, 2001).
Ramulose
A ramulose é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides cujos sintomas se caracterizam por ocasionar encurtamento dos internódios e superbrotamento da região apical, dando aspecto de vassoura aos ramos terminais.
Os primeiros sintomas podem ser observados nas folhas mais novas, na forma de manchas necróticas circulares, alongadas ou lanceoladas (Figura 4). Os ramos e entrenós curtos reduzem o porte da planta e aquelas que são infectadas antes do florescimento abortam suas estruturas florais, devido à competição por seiva com os demais ramos vegetativos (Figura 5).
Figura 4. Manchas necróticas lanceoladas, em formato de “estrela”, com perfuração do limbo foliar em folha de algodoeiro com ramulose. Foto: Alderi Emídio de Araújo
Figura 5. Morte do meristema apical em planta de algodoeiro com ramulose. Foto: Wirton Macedo Coutinho
Figura 6. Sintoma de superbrotamento em planta de algodoeiro com ramulose. Foto: Wirton Macedo Coutinho
O método mais eficaz para o manejo da doença é a adoção de sistema de plantio direto, principalmente por conta da rotação de culturas. Infelizmente, essas táticas de manejo nem sempre são empregadas de forma integrada, sendo, na maioria das vezes, o controle químico a única medida adotada, principalmente em áreas de cultivo sucessivo de algodoeiro. Alguns fungicidas recomendados para o manejo da ramulose são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o controle da ramulose do algodoeiro (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides).
Nome comercial | Ingrediente ativo | Formulação | Dose | Classe Toxicológica |
Abacus HC | Epoxiconazol + piraclostrobina | SC | 0,25 L/ha | III |
Agroben 500 | Carbendazim | SC | 0,08 L/ha | II |
Arcádia | Cresoxim-metílico | SC | 0,8 – 1,0 L/ha | III |
Authority | Azoxistrobina + Flutriafol | SC | 0,4 – 0,6 L/ha | III |
Constant | Tebuconazol | EC | 0,75 L/ha | III |
Delsene SC | Carbendazim | SC | 0,5 L/ha | III |
Delsene WG | Carbendazim | WG | 330g/ha | III |
Elite | Tebuconazol | EC | 0,75 L/ha | III |
Folicur 200 EC | Tebuconazol | EC | 0,75 L/ha | III |
Fox | Protioconazol + Trifloxistrobina | SC | 0,5 L/ha | I |
Fungitol Verde
|
Oxicloreto de Cobre | WP | 220g/100L água | IV |
Locker | Carbendazim + Cresoxim-metílico + Tebuconazol | SC | 1,0 – 1,25 L/ha | III |
Mandarim | Carbendazim | SC | 0,5 – 0,6 L/ha | III |
Nativo | Tebuconazol + Trifloxistrobina | SC | 0,6-0,75 L/ha | III |
Oranis | Picoxistrobina | SC | 0,2 – 0,3 L/ha | III |
Primo | Azoxistrobina + Ciproconazol | SC | 0,3 L/ha | III |
Priori Xtra | Azoxistrobina + Ciproconazol | SC | 0,3 L/ha | III |
Proline | Protioconazol | EC | 0,4 – 0,5 L/ha | I |
Tasker | Azoxistrobina + Flutriafol | SC | 0,4 – 0,6 L/ha | III |
Tebufort | Tebuconazol | EC | 100ml/100L água | I |
Tebuzim 250 SC | Carbendazim + Tebuconazol | SC | 1,0 – 1,2 L/ha | III |
Triade | Tebuconazol | EC | 0,75 L/ha | III |
Virtuoso 250 SC | Carbendazim + Tebuconazol | SC | 1,0 – 1,2 L/ha | III |
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
Mancha de alternária
A mancha de alternária em algodoeiro é causada por duas espécies de fungos pertencentes ao gênero Alternaria. A mais comum é causada por Alternaria macrospora.
Os sintomas da doença se caracterizam por pequenas manchas circulares de coloração marrom no centro e bordas enegrecidas. Essas manchas evoluem, tornando-se maiores, porém, raramente ultrapassam 1 cm de diâmetro (Figura 7). Lesões envelhecidas possuem o centro seco e quebradiço, o qual pode se romper e provocar perfurações no limbo foliar (Figura 8).
Figura 7. Sintomas típicos de mancha de alternária em folha de algodoeiro. Foto: Nelson Dias Suassuna
A semente constitui-se em um dos principais meios de transmissão de Alternaria macrospora. O fungo ainda pode sobreviver em restos de cultura.
Figura 8. Perfurações no limbo foliar de folhas de algodoeiro, típicas da mancha de alternária. Foto: Nelson Dias Suassuna
O controle da doença se baseia no uso de cultivares resistentes e no controle químico. Os fungicidas registrados para controle específico da mancha de alternária, encontram-se descritos na Tabela 4.
Tabela 4. Fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle da mancha de alternária do algodoeiro.
Fungicida |
Ingrediente ativo | Formulação | Dose | Classe Toxicológica |
Loc ker | Carbendazim + Cresoxim-metílico + Tebuconazol | SC | 1,0 – 1,25 L/ha | III |
Mertim 400 |
Hidróxido de fentina |
SC |
0,5 – 0,7 L/ha |
I |
Stratego 250 EC | Propiconazol + Trifloxistrobina | CE | 0,5 L/ha | II |
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
Mofo branco
A doença é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. É um fungo de ampla ocorrência em todo o mundo.
Os sintomas da doença se expressam na parte aérea da planta com murcha, necrose e podridão úmida em hastes (Figura 9a), pecíolos e maçãs. No interior do capulho, em geral, são constatados micélio branco de aspecto cotonoso e escleródios escuros e irregulares formados tanto internamente quanto na parte externa da maça (Figuras 9).
Figura 9. Ramo de algodoeiro apresentando crescimento de micélio cotonoso (a), maçã com escleródios (b) e germinação carpogênica de Sclerotinia sclerotiorum agente causal do mofo branco. Foto: Nelson Dias Suassuna
O manejo da doença é difícil. Não existem cultivares resistentes, e o controle químico nem sempre é eficaz. A integração de medidas como controle biológico (a exemplo os fungos Trichoderma harzianum ou T. asperellum, visando à redução de escleródios na entressafra), controle químico durante a condução da lavoura, rotação de culturas com plantas não hospedeiras, além de outras práticas, devem ser implementadas para o manejo dessa doença.
Mancha de mirotécio
A mancha de mirotécio do algodoeiro é causada pelo fungo Myrothecium roridum. Os primeiros sintomas da doença surgem, geralmente, nas folhas de plantas jovens, quatro a seis semanas após a emergência, sendo capaz de causar tombamento, tanto em pré quanto em pós-emergência de plântulas. Em plantas adultas, os sintomas se caracterizam por manchas de formato circular, coloração escura, com margens violeta-amarronzada; as lesões podem estender-se até 3 cm de diâmetro e são contornadas por áreas translúcidas.
O controle da doença pode ser feito por meio de fungicidas recomendados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, conforme Tabela 5.
Tabela 5. Fungicidas recomendados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o controle da mancha de mirotécio do algodoeiro.
Nome Comercial | Ingrediente Ativo | Formulação | Dose | Classe Toxicológica |
Opera Ultra | Metconazol + Piraclostrobina | EC | 0,5 L/ha | I |
Treasure | Epoxiconazol + Tiofanato-metílico | SC | 0,6 L/ha | I |
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.
Doença azul
Os sintomas desta virose se caracterizam pelo encurtamento acentuado dos entrenós e redução no porte da planta. As nervuras das folhas apresentam um amarelecimento ou palidez; as folhas apresentam uma coloração verde intensa a azulada, rugosas e com curvatura dos bordos para baixo. Em casos mais severos, avermelhamento de pecíolos, nervuras e limbo foliar (MIRANDA; SUASSUNA, 2004) (Figuras 10 e 11).
Figura 10. Sintoma de doença azul em planta de algodoeiro. Foto: Alderi Emídio de Araújo
Figura 11. Detalhe de sintoma de doença azul em folha de algodoeiro. Foto: Nelson Dias Suassuna
Para o controle da doença, recomenda-se manter a população do vetor em níveis baixos, variando de acordo com a resistência da cultivar plantada, e o plantio de cultivares resistentes. Para as cultivares com resistência às duas viroses, o nível de controle do pulgão pode ser superior a 60% das plantas com colônias do inseto. Para cultivares com resistência intermediária, o nível de controle não deve ultrapassar 40% de plantas com colônias; o nível de controle para cultivares suscetíveis deve ser rigoroso. Independentemente do nível de resistência da cultivar, faz-se necessário o controle do pulgão logo que o primeiro capulho estiver aberto, uma vez que os excrementos deste inseto possuem açúcares que aumentam os níveis de caramelização da fibra (MIRANDA; SUASSUNA, 2004).
Vermelhão
Essa virose é causada pelo Cotton anthocyanosis virus, CAV. A doença é caracterizada por áreas avermelhadas ou arroxeadas, limitadas pelas nervuras, que permanecem verdes. Os sintomas ocorrem, principalmente, nas folhas dos terços inferior e médio e assemelham-se à deficiência de magnésio (ARAÚJO e SUASSUNA, 2003).
Os sintomas descritos para esta doença podem ser confundidos, na prática, com outras causas, como ataque de pragas (broca da raiz, percevejo castanho, ácaro rajado), deficiência de magnésio, fitotoxidez ou senescência das folhas, em virtude da idade (ARAÚJO e SUASSUNA, 2003) (Figura 12).
Figura 12. Planta de algodoeiro com sintomas de vermelhão causado pelo Cotton anthocyanosis virus (CAV). Foto: Nelson Dias Suassuna
O vírus não é transmitido por sementes ou por inoculação mecânica. O pulgão A. gossypii transmite o vírus entre plantas de algodoeiro de maneira persistente, não propagativa, ou seja, o inseto se mantém virulífero por um longo período de tempo.
Podridão das maçãs
A podridão dos frutos, ou podridão das maçãs, nada mais é do que a deterioração progressiva do fruto do algodoeiro antes ou depois de sua abertura (Figura 13). Vários são os agentes causais, podendo esta ter como causa primária a ação de insetos como o bicudo (Anthonomus grandis) e percevejos (Dysdercus spp) e também diferentes patógenos que afetam a cultura. Além disso, após a ocorrência dos danos primários, fatores do ambiente, principalmente alta pluviosidade e umidade relativa, associada a baixa aeração do dossel das plantas, podem agravar o problema em virtude do favorecimento da ocorrência de outros patógenos oportunistas, principalmente fungos.
Uma vez que a podridão das maças não possui uma causa única, a melhor estratégia de manejo consiste na adoção de práticas de cultivo que minimizem o risco de ocorrência desse problema. No entanto, quando da ocorrência do mesmo em níveis considerados elevados, é preciso que se faça o correto diagnóstico do principal agente causal para que seja possível adotar a melhor medida de controle para mitigar o problema.
Figura 13. Maçã apodrecida. Foto: Valdinei Sofiatti
3. Doenças do sistema radicular
Murcha de fusarium
Doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum. Os sintomas caracterizam-se pela murcha das folhas e ramos. Muitas plantas jovens podem morrer em poucos dias após os primeiros sintomas externos serem observados, comuns quando as plantas encontram-se com, aproximadamente, seis semanas de idade. Algumas plantas afetadas podem sobreviver à doença emitindo novas brotações próximas ao solo mas, em geral, os ramos originados a partir desses novos brotos não são produtivos. As plantas mortas perdem todas as suas folhas e as pequenas brotações caem, permanecendo apenas o caule enegrecido. A maioria das plantas que não morrem, sofre severa redução de crescimento (Figura 14).
Figura 14. Área plantada com algodão, com plantas apresentando sintomas de murcha de fusarium. Foto: Alderi Emídio de Araújo
O agente causal da murcha de fusarium em algodoeiro pode sobreviver no solo por muito tempo na forma de estruturas de resistência (clamidósporos). A dispersão do patógeno em curtas distâncias é favorecida pelo movimento de partículas de solo contaminado, principalmente por meio de máquinas agrícolas, pelo vento e pela água. Em longas distâncias, a dispersão ocorre, principalmente, por meio de sementes contaminadas (DAVIS et al., 2006).
Além dos nematoides, outras condições, como solos com alto teor de areia, baixo pH, fertilidade desequilibrada, temperaturas entre 25 °C e 32 °C e alta umidade, favorecem a doença.
O controle da doença é realizado, principalmente, por meio do princípio da exclusão, evitando-se a introdução do patógeno em áreas isentas. Nestes casos, a utilização de sementes livres do patógeno, assim como o tratamento de sementes com fungicidas é fundamental. Outras medidas importantes para o controle são a rotação de culturas e o uso de cultivares resistentes.
Não existem cultivares imunes à murcha de fusarium; entretanto, cultivares resistentes e moderadamente resistentes têm sido desenvolvidas. As cultivares IAC 24, BRS Aroeira e BRS Sucupira apresentam bom desempenho produtivo, quando cultivadas em solos com alta infestação de F. oxysporum f.sp. vasinfectum.
4. Nematóides
Nematoide das galhas
Meloidogyne incognita tem ampla distribuição mundial e é observado no Brasil em todas as regiões onde se cultiva o algodoeiro.
Os principais sintomas em plantas severamente atacadas pelo patógeno são o subdesenvolvimento e a murcha nos períodos mais quentes do dia. A planta volta a apresentar turgidez quando a temperatura cai. Os sintomas de clorose e amarelecimento não são muito pronunciados, mas as plantas podem apresentar sintomas de deficiência nutricional, especialmente de nitrogênio. O sintoma mais característico no sistema radicular é o intumescimento das raízes afetadas, denominados de galhas.
Nematoide reniforme
O nematoide Rotylenchulus reniformis não se restringe a solos arenosos, sendo dificilmente encontrado em solos com teor de areia acima de 40%, e sua distribuição pode ocorrer de maneira uniforme na lavoura.
As plantas afetadas apresentam, em geral, sintomas de deficiência de potássio e leve subdesenvolvimento que, sob condições de estresse pode ser severamente agravado. O sistema radicular não apresenta a formação de galhas, porém, devido às massas gelatinosas de ovos produzidas pelas fêmeas adultas, pode haver retenção de solo nas raízes de plantas arrancadas da lavoura.
Nematoide das lesões radiculares
É um dos nematoides mais disseminados na cultura do algodoeiro. Diferentemente dos demais nematoides que afetam o algodoeiro no Brasil, P. brachyurus é um endoparasita migrador, ou seja, pode penetrar nas raízes e se movimentar pelos tecidos corticais, causando lesões e favorecendo o apodrecimento do sistema radicular.
O método mais eficiente de controle de nematoides no algodoeiro é o uso de cultivares resistentes. No entanto, não são muitas as opções de cultivares com essa característica.
Uma das práticas mais importantes é a rotação de culturas, que tem como principal efeito a redução da população do nematoide no solo de uma estação para a outra.
Controle químico
No Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento existem produtos registrados para o controle das três espécies de nematoides que afetam o algodoeiro, por meio do tratamento de sementes ou de aplicação no solo (Tabela 6).
Tabela 6. Produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de nematoides que afetam o algodoeiro.
Espécie | Nome comercial | Ingrediente Ativo | Formulação | Dose |
Rotylenchulus reniformis | Avicta 500 FS |
Abamectina |
FS |
3,0ml/kg sementes |
Counter 150 G |
Terbufós |
GR |
20-27kg/ha |
|
Diafuran 50
|
Carbofurano |
GR |
40-50kg/ha |
|
Furadan 50 G |
Carbofurano |
GR |
50kg/ha |
|
Meloidogyne incognita | Avicta 500 FS |
Abamectina (Avermectina) |
FS |
300ml/100kg sementes |
Cropstar |
Imidacloprido + Tiodicarbe |
SC |
2,4L/100kg sementes |
|
Furacarb 100 GR
|
Carbofurano |
GR |
20-30kg/ha |
|
Furadan 100 G
|
Carbofurano |
GR |
20-30kg/ha |
|
Nemacur | Fenamifós | GR |
30-50kg/ha |
|
Rugby 200 CS |
Cadusafós |
CS |
1200 – 1400g.i.a/ha |
|
Pratylenchus brachyurus | Avicta 500 FS |
Abamectina (Avermectina) |
FS |
300ml/100kg sementes |
Cropstar |
Imidacloprido + Tiodicarbe |
SC |
2,4L/100kg sementes |
Fonte: MAPA/Sistemas: AGROFIT, consulta on line, maio 2014.