Coinoculação, rentável e sustentável

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Por Décio Luiz Gazzoni*

A tecnologia conhecida como coinoculação consiste em fornecer mais de um microrganismo benéfico às plantas. A Embrapa Arroz e Feijão, localizada em Santo Antônio de Goiás, conduziu estudos durante três safras, para avaliar a eficiência e a rentabilidade do uso de produtos biológicos em coinoculação, em substituição aos fertilizantes nitrogenados. Os experimentos foram localizados em Cristalina (GO), Itaberaí (GO), Santo Antônio de Goiás (GO), Unaí (MG) e Paracatu (MG) em áreas sob pivô central. Em Goianésia (GO) foram utilizadas uma área de pivô e uma propriedade de um agricultor familiar, com irrigação por aspersão.

A cultivar de feijão utilizada foi a Pérola, e a coinoculação foi efetuada com rizóbios (Rhizobium tropici), que promove a fixação biológica de nitrogênio (FBN); e com Azospirillum brasilense, uma bactéria conhecida por sua ação promotora de crescimento de plantas. O rizóbio foi utilizado na formulação turfosa, com aplicação de duas doses por hectare. Já o Azospirillum foi aplicado por duas formas: foram utilizadas sementes que receberam uma ou duas doses e, posteriormente, as plantas foram pulverizadas com duas ou três doses por hectare, na fase vegetativa da cultura. Os tratamentos acima foram comparados com a adubação nitrogenada, efetuada com ureia. As lavouras receberam ureia na dose de 80 kg/ha, sendo 20 kg/ha por ocasião da semeadura e 60 kg/ha aos 25 dias após a emergência das plantas.

Rentabilidade

Para a análise econômica, o pesquisador Alcido Wander considerou os custos associados com o manejo da lavoura, dessecação da área, adubação do solo, pesticidas, energia elétrica, mecanização, colheita e atividades pós-colheita como secagem, limpeza e armazenamento, além de seguro e assistência técnica. Sua conclusão foi de que o custo de produção, quando é utilizado adubo nitrogenado, aumenta 5% para as lavouras irrigadas com pivô e 8,5% na propriedade familiar, com irrigação por aspersão.

Conforme o pesquisador Enderson Ferreira, responsável pelo estudo, o retorno financeiro foi positivo. Ele destaca, particularmente, o retorno obtido com o uso de três doses de Azospirilum, pulverizados nas plantas provenientes de sementes que haviam sido inoculadas com rizóbios e o próprio Azospirillum. Nesse caso houve taxa de retorno de 190% nos municípios de Goiás e de 214% em Minas Gerais, para as lavouras conduzidas com irrigação por pivô. No caso da propriedade com irrigação por aspersão, a taxa de retorno foi de 113%.  Dito de outra forma, para cada R$ 1,00 real investido na coinoculação, houve um retorno ao produtor entre R$ 1,90 a R$ 2,14 reais em lavouras comerciais, e de R$ 1,13 para a propriedade considerada de agricultura familiar.

Sustentabilidade

Cada vez mais a sociedade global exige que a produção agrícola ocorra com elevados índices de sustentabilidade. A fixação biológica de nitrogênio é um excelente exemplo de uma tecnologia sustentável, que substitui adubos nitrogenados, responsáveis por emissões de gases de efeito estufa e por poluição de águas. Quando é praticada a coinoculação, com uma bactéria promotora de crescimento, ocorre um avanço ainda maior na sustentabilidade do sistema. São tecnologias como essa que serão responsáveis por sistemas de produção que garantem o menor impacto possível sobre o ambiente, ao tempo em que aumentam a rentabilidade dos agricultores.

*Engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), da Academia Brasileira de Ciência Agronômica e do Instituto Soja Sustentável

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Tags: coinoculação, manejo de lavoura, Mercado, microorganismos benéficos, Produção Agrícola, rentabilidade, sustentabilidade

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