(Curadoria Agro Insight)
Hoje, a curadoria Agro Insight compartilha os principais destaques do Boletim Logístico, elaborado pela Conab, que atualiza as situações de frete, mercado da soja, milho, farelo de soja, adubos e fertilizantes.
O Brasil deverá manter elevadas as exportações de farelo de soja nesta temporada, tornando-se o maior fornecedor mundial desse subproduto com o escoamento de 21,82 milhões de toneladas. As recentes alterações foram motivadas pela redução do processamento de soja na Argentina – principal fornecedor mundial – em decorrência da queda na produção da oleaginosa naquele país, com previsão de ser 50% inferior à do ano passado, o pior resultado argentino desde o ciclo 1999/00.
De forma indireta, outro fator importante no acréscimo da oferta do farelo de soja nacional está relacionado à forte demanda por parte das indústrias brasileiras de biodiesel, que impulsionaram os preços do óleo de soja no mercado brasileiro. Esse cenário foi acirrado pela disputa externa, uma vez que a procura global pelo óleo de soja do Brasil também está aquecida, apresentando, de acordo com o Comex Stat, recorde de exportação do subproduto no período. As exportações brasileiras do farelo de soja no acumulado até julho/23 atingiram 12,9 milhões de toneladas contra 12,2 milhões ocorridas no mesmo período do exercício passado. Destaca-se ainda o escoamento pelo porto de Santos (40,6%), Paranaguá (29%), Rio Grande (15,5%) e Salvador (5,7%).
a) Fretes
Com relação aos preços de fretes rodoviários, o Boletim aponta que houve tendência de aumento na média das cotações em Mato Grosso, onde as contratações de transporte de grãos vêm sofrendo sucessivos acréscimos, acompanhando a volatilidade observada nos preços dos combustíveis. De acordo com as fontes, este aquecimento deve perdurar até que o nível de comercialização da soja e do milho atinja patamares considerados suficientes para que se estabilize, o que poderá acontecer em outubro e novembro. Em Mato Grosso do Sul, o mercado também experimentou reajustes de preços, especialmente a partir da segunda quinzena do mês, devido a questões comerciais que envolvem as cotações dos grãos e dos prêmios nos portos, e a demanda do mercado interno e externo.
Outros estados que seguiram o movimento de alta foram Goiás, onde os preços sofreram reajustes e as dificuldades para obter caminhões continuaram em julho, e Tocantins, que apresenta alta demanda em determinados itinerários, especialmente na retirada da soja em grãos dos armazéns com descarga no transbordo de Palmeirante e destino no porto de Itaqui/MA. No Paraná, os valores de transporte para o milho não apresentaram variações nos trajetos em direção a Paranaguá. Já nos estados da Bahia, Piauí, Maranhão e também no Distrito Federal, o mercado de fretes apresentou redução na maior parte dos trechos.
Em Minas Gerais, na avaliação das transportadoras, o grande volume de soja que continua armazenado e sem comercialização fará com que o setor siga aquecido ao longo de todo o segundo semestre. Além disso, o grande destaque do estado é a rota do café, líder das exportações do setor agropecuário mineiro e que desempenha um papel crucial na receita do estado, representando 36% do valor total. No primeiro semestre deste ano o produto faturou US$ 2,6 bilhões, com embarques correspondentes a 11 milhões de sacas.
b) Milho
De acordo com a Conab, a redução das precipitações em grande parte do país permitiu um grande avanço na colheita do cereal que alcançou, em 10/08, 54,7% da área semeada. Este percentual continua menor que o da safra passada no mesmo período – 71,7%. Tal atraso já era esperado devido ao retardo na semeadura da soja em diversas regiões e também pela diminuição das temperaturas durante a maturação do grão, retardando a perda natural de umidade. Além disso a queda nas cotações do cereal fez com que muitos produtores optassem pela permanência da produção no campo, reduzindo ali a umidade dos grãos, como forma de atenuar os custos de produção.
O cenário continua extremamente positivo para o cereal que teve sua produção novamente elevada, sendo esperado que a produção atinja 100,2 milhões de toneladas. Essa produção é 16,6% superior ao da safra 2021/22, antigo recorde, obtido com o plantio de 17,2 milhões de hectares e produtividade média de 5.856 kg/ha.
Os portos do Arco Norte continuam apresentando incrementos na participação das vendas externas em relação aos demais portos do país, atingindo, em jul/23, 39,8% da movimentação nacional contra 36% no mesmo período do ano anterior. Na sequência, o porto de Santos, com 27,2% da movimentação total contra 35,1% no mesmo período do exercício passado; no porto de Paranaguá 16,9% contra 19,9% do ano passado; enquanto pelo porto de São Francisco do Sul foram registrados 7,7% dos volumes embarcados contra 2,6% em igual período do exercício anterior. Os estados que mais atuaram nas vendas para exportação foram: MT, PR, GO e MS.
c) Soja
Na divulgação de 10/08, a Conab estimou a safra de soja na temporada 2022/23, em 154.603,4 mil toneladas, 1,48% superior à primeira estimativa da empresa em out/22, e 10,9% superior ao antigo recorde de produção, alcançado na safra 2020/21. Esses resultados aconteceram devido às excelentes condições climáticas ocorridas na maioria das regiões produtoras, com exceção do Rio Grande do Sul, e à alta tecnologia empregada pelos produtores. Foram alcançados recordes de produtividade em diversos estados, com destaque para o Mato Grosso, maior produtor nacional e Bahia, que igualou o recorde de produtividade da safra 2020/21. Foram cultivados 44.072,9 mil hectares, que alcançaram a média de produtividade de 3.508 kg/ha.
Em jul/23, pelo porto de Santos foram escoadas 36,1% das exportações brasileiras contra 37,8% do exercício anterior. Os portos do Arco Norte expediram 37,3% contra 38,5% do acumulado do ano passado. As exportações de soja pelo porto de Paranaguá totalizaram 11,2% do montante nacional contra 11,7% no mesmo período do ano anterior. A origem das cargas para exportação ocorreu, prioritariamente, dos estados do MT, GO, PR, e MS.
d) Farelo de Soja
De acordo com balanço de oferta e demanda, divulgado pela Conab, em 10/08, o Brasil, nesta temporada, deverá manter elevadas as exportações de farelo de soja, tornando-se o maior fornecedor mundial desse subproduto, escoando 21,82 milhões de toneladas. As recentes alterações foram motivadas pela redução do processamento de soja na Argentina – principal fornecedor mundial – em decorrência da queda na produção da oleaginosa naquele país, com previsão de ser 50% inferior à do ano passado, o pior resultado argentino desde o ciclo 1999/00.
De forma indireta, outro fator importante no acréscimo da oferta do farelo de soja nacional está relacionado a forte demanda por parte das indústrias brasileiras de biodiesel, que impulsionaram os preços do óleo de soja no mercado brasileiro. Esse cenário foi acirrado pela disputa externa, uma vez que a procura global pelo óleo de soja do Brasil também está aquecida, apresentando, de acordo com o Comdex Start, recorde de exportação do subproduto no período Banjul/23.
As exportações brasileiras do farelo de soja no acumulado até jul. /23 atingiram 12,9 milhões de toneladas contra 12,2 milhões ocorridas no mesmo período do exercício passado. Mereceu destaque o escoamento pelo porto de Santos – 40,6% contra 44,3% em igual período do ano anterior; Paranaguá – 29% contra 24,5% do ano passado; Rio Grande – 15,5% contra 16% e Salvador – 5,7% contra 6,9%, com os estados do MT, PR, RS e GO, aparecendo como os maiores ofertantes na exportação.
e) Adubos e Fertilizantes
Foram desembarcadas nos portos brasileiros em jul./23, 3,6 milhões de toneladas contra 3,1 do mês anterior, acréscimo de 16%. No acumulado jan-jul/23 foram internalizadas 20,36 milhões de toneladas contra 23,67 milhões do ano anterior, representando redução de 14%, quando se compara os períodos. Pelos portos do Arco Norte adentraram 5,47 milhões de toneladas contra 5,46 milhões em igual período do ano passado, Paranaguá – 5,14 milhões de toneladas contra 7,46 milhões do ano passado e Santos – 4,04 milhões de toneladas, comparadas a 3,99 milhões do ano anterior.
De uma maneira geral, a volatilidade no mercado de grãos ainda está muito acentuada, o que afeta tanto o ritmo de comercialização dos grãos realizado pelos produtores, quanto as vendas de insumos para a safra 2023/24. Nesse mercado, as operações de troca de insumos por colheitas futuras têm grande peso e a instabilidade, que nas últimas semanas refletiu os problemas climáticos nas safras dos Estados Unidos tem atrapalhado internamente a normalidade no fluxo do fechamento dessas operações.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Boletím Logístico. Ano VII, agosto de 2023.