Aspectos gerais da colheita e pós-colheita de grãos (Parte 2)

colheita de grãos

Seja bem-vindo(a) a Newsletter da Agro Insight, um espaço de artigos autorais e curadoria sobre tecnologias, sustentabilidade e gestão para o agro.

Se você ainda não é assinante, junte-se a mais de 8 mil profissionais do Agro, consultores e produtores rurais que recebem gratuitamente conteúdos de qualidade selecionados toda semana, adicionando o seu e-mail abaixo:

(Curadoria Agro Insight)

Na curadoria de hoje, trouxemos a segunda parte do post publicado no dia 03/04/2023, que trouxe parte de uma publicação da Embrapa sobre colheita e pós-colheita de grãos, em especial da soja.

A colheita constitui uma importante etapa no processo produtivo da soja, principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavoura destinada ao consumo ou à produção de sementes. Essa etapa deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio de ponto de colheita (R8), segundo a escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), a fim de evitar perdas quantitativas e qualitativas de produto.

Nesse contexto, a classificação, a secagem e o armazenamento devem ser realizados de maneira adequada, visando elevar o período de armazenamento e a manutenção da qualidade dos grãos.

Classificação comercial dos grãos

No Brasil, a classificação é regulamentada pela Instrução Normativa Nº 11, de 15 de maio de 2007 e complementada pela Instrução Normativa Nº 37 de 27 de julho de 2007, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2007a; 2007b), permitindo identificar entre os fornecedores de matéria-prima aqueles que atendem às exigências do mercado. Isso garante que o produto adquirido seja realmente o ofertado e possibilita o reconhecimento do produto de melhor qualidade. Essas normativas determinam os defeitos, regras e limites de enquadramento do grão de soja que será comercializado.

Os limites máximos do padrão são: 1% para matérias estranhas e impurezas, 8% de grãos esverdea-dos, 8% do total de avariados (nesses, pode-se ter o máximo de 1% de queimados, 6% de mofados e 4% de ardidos e queimados) e 30% de partidos, quebrados e amassados. Dentre os principais defeitos nos grãos, podem-se citar:

  • ardidos: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam visivelmente fermentados em sua totalidade e com coloração marrom-escura acentuada, afetan- do o cotilédone;
  • mofados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com fungos (mofo ou bolor) visíveis a olho nu;
  • fermentados: grãos ou pedaços de grãos que, em razão do processo de fermentação, tenham sofrido alteração visível na cor do cotilédone que não aquela definida para os ardidos;
  • danificados: grãos ou pedaços de grãos que se apresentam com manchas na polpa, alterados e deformados, perfurados ou atacados por doenças ou insetos, em qualquer de suas fases evolutivas;
  • imaturos: grãos de formato oblongo, que se apresentam intensamente verdes, por não terem atingido seu desenvolvimento fisiológico completo e que podem se apresentar enrugados;
  • chochos: grãos com formato irregular, que se apresentam enrugados, atro- fiados e desprovidos de massa interna;
  • esverdeados: grãos ou pedaços de grãos com desenvolvimento fisiológico completo que apresentam coloração totalmente esverdeada no cotilédone;
  • avariados: compreendem a soma dos ardidos, mofados, fermentados, danificados por insetos, imaturos, chochos, germinados e

Um dos principais causadores de avarias nos grãos de soja são os percevejos fitófagos que, por se alimentarem diretamente das vagens, atingem os grãos, afetando seriamente sua qualidade fisiológica e sanitária. Esse problema vem se tornando mais sério a cada safra, com elevadas populações, falta de monitoramento adequado e aplicação indiscriminada de produtos que levam ao desenvolvimento de resistência de populações, entre outros (Corrêa-Ferreira et al., 2009).

Secagem

A secagem dos grãos colhidos na lavoura é uma operação crítica, com reflexos na etapa de pós-colheita. Como consequência da secagem, podem ocorrer alterações significativas na qualidade do grão.

A secagem propicia um melhor planejamento da colheita e o emprego mais eficiente de equipamentos e de mão de obra, mantendo a qualidade do grão colhido.

O teor de umidade recomendado para armazenar o grão é da ordem de 13%. Desse modo, todo o produto colhido com umidade superior à indicada deve ser submetido à secagem. Em lotes com mais de 16% de umidade, recomenda-se a secagem lenta, para evitar danos físicos nos grãos. A temperatura máxima na massa de grãos não deve ultrapassar 60 oC, para manutenção da qualidade tecnológica do produto. Nos secadores, essa temperatura é obtida mediante a entrada de ar aquecido a mais ou menos 70 oC.

A secagem artificial de grãos caracteriza-se pela movimentação de grandes massas de ar aquecidas até atingirem temperaturas na faixa de 40 oC a 60 oC na massa de grãos, com o objetivo de promover a secagem de grãos em reduzido período de tempo. O aquecimento do ar ambiente requer uma alta potência térmica, obtida com a combustão controlada de diversos combustíveis. A lenha é o combustível mais usado na secagem de grãos, mas vem se difundindo o uso de GLP (gás liquefeito de petróleo) em secadores cujas condições de queima são mais controladas, em relação ao uso de lenha.

As principais desvantagens do uso de lenha são: combustão descontínua e irregular, formação de fumaça que se impregna no grão, alta demanda de mão de obra e de espaço próprio para cultivo de espécies florestais.

Dependendo do tipo de secador, varia a temperatura de entrada do ar de secagem. Para atender às necessidades, os secadores existentes contemplam inúmeras formas construtivas e operacionais, destacando-se quanto ao sistema de carga (intermitentes ou contínuos) e quanto ao fluxo de ar (concorrente, contracorrente, cruzado ou misto).

Armazenamento

Os principais aspectos que devem ser cuidados no armazenamento, uma vez que os grãos de soja foram limpos e secos, são: as pragas, que danificam e muitas vezes dificultam a comercialização; os fungos, que podem produzir micotoxinas nocivas ao homem e aos animais e os fatores que influenciam a qualidade tecnológica.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

LORINI, I.; SILVEIRA, J. M.; OLIVEIRA, M. A. de; MANDARINO, J. M. G.; HENNING, A. A.; KRZYZANOWSKI, F. C.; FRANÇA-NETO, J. B.; BENASSI, V. T.; CONTE, O.; HENNING, F. A. Colheita e pós-colheita de grãos. Capítulo em Livro Técnico-Científico, p. 317-345, 2020.

Se inscreva na nossa Newsletter gratuita

Espaço para parceiros do Agro aqui

Tags: avaliação de perdas, colheita da soja, perdas

Posts Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

novembro 2024
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
LinkedIn
YouTube
Instagram