Alternativas para o vazio forrageiro e para a cobertura do solo

Gramíneas anuais de verão indicadas para o vazio forrageiro

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(Curadoria Agro Insight)

Sabemos da importância de um manejo adequado das pastagens, visando a disponibilidade de forragem durante todo ano. Além disso, a diversificação de espécies e a cobertura do solo durante todo o ano, são fatores fundamentais para a conservação do solo e a manutenção e até o incremento das produtividades. Neste sentido, trouxemos uma publicação da Embrapa que aborda o tema.

Artigo: Gramíneas anuais de verão indicadas para o vazio forrageiro outonal e/ou para cobertura de solo

Culturas como milheto e sorgos são espécies de crescimento intensivo, altamente produtivos e de elevado valor nutritivo. Geralmente são estabelecidos em sucessão aos cereais de inverno e pastagens anuais, muito importantes para sistemas de produção intensivos principalmente para bovinos confinados, vacas leiteiras, novilhas e terneiras de reposição na região sul-brasileira. Na região tropical brasileira é cultivado na safrinha e como cobertura de solo.

O milheto é uma planta de porte ereto, com altura que varia de 1,0 à 3,5 m, mas a maioria das cultivares melhoradas apresentam cerca de 2,0 a 3,0 m de altura, com abundante perfilhamento. Já os sorgos, apresentam colmos grosseiros e eretos com 1,2 a 4,5 m de altura. A inflorescência é uma panícula grande e densa nos tipos graníferos e pequena nos tipos forrageiros.

Tanto os sorgos como o milheto são muito tolerantes a seca, não toleram solos úmidos ou sujeitos a encharcamento (HANNA; SOLLENBERGER, 2004). Os sorgos não toleram solos muito ácidos enquanto que o milheto é adaptado a solos arenosos, mas não produz bem em solos calcários. O milheto é muito folhoso, especialmente os tipos baixos e médios, sendo facilmente manejados para pastejo com menos colmos que os tipos altos. O número de folhas é o mesmo, sendo os tipos altos mais produtivos, mas não supera os de porte menor em produção animal.

O capim-sudão é similar aos híbridos de sorgo para pastejo, mas com menor estatura e talos mais finos. Híbridos específicos para silagem, atingem altura de 2,4 a 3,0 m, propiciam forragem com cerca de 85-90% do valor nutritivo do milho, quando colhido no estádio de grãos em massa e geralmente superam o milho em produtividade. Para feno deve ser colhido com 0,9 a 1,0 m de altura.

Para pastejo devem ser pastejados pelo método rotativo, milheto com alturas das plantas quando da entrada dos animais no piquete de 0,4 a 0,5 m e, saída de 0,15 a 0,2 m de altura. Após ser pastejado, deve se aguardar o rebrote das plantas atingirem novamente de 0,4 a 0,5 m.

A diferença básica é que os sorgos podem causar envenenamento por ácido cianídrico (HCN).

Ambos podem causar toxidade por nitratos, mas apenas os sorgos por HCN ou ácido prússico. O milheto é menos exigente em fertilidade, mas muito responsivo a N. Sorgos exigem pelo menos fertilidade média (BALL et al., 2007).

O milheto é uma cultura produz mais em solos de baixa fertilidade e com restrições hídricas do que a maioria das espécies como milho e sorgos, mas também apresenta a característica é muito responsivo a boas adubações e umidade adequada. Produz muito bem em solos com pH de 5,5 a 7,0 em solos de diversas texturas, inclusive os arenosos. Cresce bem na maioria das regiões brasileiras com temperatura acima de 22oC e boa umidade.

Tabela 1. Quantidade de sementes aproximada (kg/ha), semeadura em linhas ou à lanço, indicada para estabelecimento de forrageiras anuais de verão

Espécie Semeadura em linha Semeadura à lanço
Milho 12-20 25-40
Sorgos pastejo 8-10 12-15
Capim-sudão 20-25 30-40
Sorgo silageiro 6-8 8-10
Teosinto 30-40 40-60
Milho forrageiro 50-60 60-70

 

Profundidade de semeadura

A deposição de sementes deve ser de 2 a 4 cm de profundidade.

Tabela 2. Altura de plantas (cm) na entrada e na saída dos animais em pastejo.

Espécie Altura de entrada Altura de saída
Milheto e capim-sudão 40-60 10-30
Sorgos híbridos 50-60 20-30
Teocinto 50-60 10-30
Papuã 40-50 15-25
Milho forrageiro 40-80 20-40

Adubação na semeadura

Geralmente é adubado com 100 a 120 kg/ha de P2O5 e K2O, respectivamente, em solos com fertilidade mediana, tendo como meta 10,0 t/ha MS. É recomendável adicionar 10 kg/ha a mais desses adubos (P2O5 e K2O) por tonelada adicional de MS (MANUAL…., 2016).

Adubação nitrogenada

responde linearmente em produção de biomassa até 200 kg/ha N, preferencialmente com aplicações fracionadas, por exemplo 5 aplicações de 40 kg/ha N, após os primeiros ciclos de pastejo. Em regiões tropicais com boa distribuição hídrica ao longo da estação de crescimento, responde até 400 kg/ha de N.

Espécies e cultivares

Milheto: BRS 1501 e BRS 1503

De estabelecimento rápido, podendo ser pastejado com 35 a 45 dias após a emergência, com 0,6 m de altura. Alta produção de forragem de valor nutritivo elevado.

O manejo é similar ao dos sorgos. Deve ser iniciado pastejo quando as plantas atingirem cerca de 0,5m de altura, preferentemente no método rotativo. A saída dos animais deve ocorrer quando houver rebaixamento da vegetação com cerca de 0,2 m (Tabela 2).

O primeiro ciclo de pastejo pode ser mais intenso, com resíduo pós pastejo de 0,1 m, para quebrar a dominância apical e estimular o perfilhamento (KICHEL; MIRANDA, 2000). Deve ser seguido de uma adubação N na base de 40 kg/ha de N. Em pastejo pelo método contínuo, manter as plantas com 0,4 a 0,6 m de altura.

Para feno, deve ser colhido com plantas de 0,9 a 1,0 m de altura, sendo recomendável amassar os colmos com condicionadora. Para silagem deve ser colhido no estádio de emborrachamento a início da emissão das inflorescências, sempre que possível deve ser murchado antes de triturar e a seguir ensilar. O potencial de produção supera 15 t/ha MS.

Capim-sudão: BRS Estribo

Apresenta maior produção de forragem, maior perfilhamento e maior proporção de folhas e valor nutritivo que os tipos comuns.

A produção de biomassa anual pode ser de cerca de 17 t/ha MS (EMBRAPA, 2020), com teor de PB de 19% nas lâminas folhares,e de 13% nos colmos e digestibilidade de 65 a 70% (SILVEIRA et al., 2015).

Sorgos híbridos pastejo: BRS 802 e BRS 810

Tem como característica o baixo teor de lignina, com alto teor de proteína e digestibilidade, resultando em maior consumo e maior produção animal. O potencial de produção pode superar 15 t/ha MS. BRS 810 é um híbrido que contém o gene BrM, cuja nervura central das folhas tem coloração marrom, com maior digestibilida.

Sorgos híbridos para silagem: BRS 610 e BRS 655

O rendimento de forragem em massa verde é de 50 a 60 t/ha ou 15 a 18 t/ha MS. Sorgos para silagem devem ser colhidos com grãos leitosos a pastosos, amostrados no terço médio da panícula, com teor de matéria seca superior a 28%.

Atinge o ponto para ensilagem com 100 a 120 dias após a emergência. Altura de plantas em torno de 2,5 m, panícula semi-aberta, grãos marrom e semiduro. A densidade recomendada é de 120 mil plantas/ha, com peso de 1.000 sementes de 26 gramas, resultando em 6 a 8 kg/ha de sementes.

O híbrido de sorgo BRS 655 é resistente a míldio e, moderadamente resistente à antracnonose, ferrugem e helmintosporiose. Possui colmo seco, com ótimo padrão de fermentação, com 30 a 40% de grãos na massa ensilada, resultando em silagem de alta digestibilidade, com cerca de 60% e de 8% de proteína bruta (PB).

Teosinto ou Dente-de-burro

Espécie considerada o ancestral do milho. Pode produzir de 15 a 70 t/ha de matéria verde o que corresponde a, aproximadamente, 3 a 17 t/ha de MS.

A exemplo das outras gramíneas anuais de estação quente, respondem bem a adubação nitrogenada, aumentando o perfilhamento e a relação folha/colmo, bem como teor de PB e de digestibilidade.

Papuã ou capim-marmelada

Há poucos anos o papuã ou capim-marmelada era reportado na literatura apenas como planta daninha. Entretanto, apresenta elevada produção de biomassa com bom valor nutritivo e está sendo domesticado para ser utilizado com planta cultivada em sistemas integrados de produção agropecuária. Infelizmente, não temos até o momento nenhuma cultivar registrada.

Trata-se de uma espécie anual do gênero Urochloa (ex Brachiaria) entre as mais de cem de interesse agronômico, de hábito de crescimento decumbente e ocorre espontaneamente durante o verão e outono, florescendo e desaparecendo com as geadas.

Considerações finais

Os sorgos forrageiros são mais produtivos que o capim-sudão e o teosinto. O milheto tem maior afilhamento, maior teor de PB e menor FDA nas lâminas foliares que sorgos e teosinto.

Sendo forrageiras de verão é frequente sofrerem estresse hídrico em diferentes estádios de desenvolvimento. Umidade inadequada bem como formação de crostas na superfície do solo afetam a germinação e estabelecimento das plantas, especialmente de milheto. Ocorrência de patógenos em folhas podem afetar o rendimento em anos de incidência severa.

Sobressemeadura de espécies como milheto e capim-sudão devem ser realizadas até meados do verão, quando inicia a senescência da soja e seu sucesso vai depender de umidade favorável.

REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS

FONTANELI, R. S.; FONTANELI, R. S.; BONDAN, C.; SANTOS, H. P. dos; MACHADO, J. R. de A.; MANFRON, A. C. A.; ZENI, M.; LEAO, R. C.; PANISSON, F. T.; DALL’AGNOL, E. C.; ESCOBAR, F. M.; CEOLIN, M. E. T.; WEBBER, M. P. C. Utilização estratégica de gramíneas anuais de verão para vazio forrageiro outonal e cobertura de solo.

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Tags: Capim sudão, espécies forrageiras, forrageira, Milheto, milho, plantas de cobertura, sorgo, Sorgo Forrageiro

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