(Curadoria Agro Insight)
Fique atento às nossas publicações, pois vamos mantê-los atualizados sobre o andamento da safra 2021/2022 que está iniciando. Hoje trouxemos o resumo do 1º levantamento realizado pela Conab visando o acompanhamento da safra brasileira de grãos.
1. Resumo
Para a nova safra 2021/22 a estimativa da área a ser cultivada no país é de 71,5 milhões de hectares, uma previsão de crescimento de 3,6% em relação à safra anterior. É importante lembrar que no Brasil há o cultivo de três safras agrícolas.
As culturas de segunda e terceira safras, que somam cerca de 21,5 milhões de hectares, são cultivadas na mesma área em sucessão à colheita das culturas de primeira safra, sobretudo da soja. Assim, para todas as culturas cultivadas, são utilizados cerca de 50 milhões de hectares.
A primeira estimativa para a safra 2021/22 indica um volume de produção de 288,61 milhões de toneladas, 14,2% ou 35,87 milhões de toneladas superior ao obtido em 2020/21. Neste início de outubro, as áreas estão sendo preparadas e os plantios das culturas de primeira safra estão em fase inicial.
Neste contexto, devido às indefinições com relação à área a ser semeada, bem como da produtividade a ser obtida das culturas que serão cultivadas, neste levantamento, para o cálculo das estimativas das áreas e produtividades das culturas de primeira, segunda e terceira safras do ciclo 2021/22, são utilizamos métodos estatísticos e informações provenientes dos levantamentos realizados em campo. Os dados e informações serão atualizados ao longo dos próximos levantados.
2. Análise climática
Após longo período seco, setembro marcou a volta das chuvas em parte das Regiões Sudeste e Centro-Oeste. O mês também foi marcado por umidade relativa do ar baixa e temperaturas elevadas.
Em relação à precipitação, a região Norte acumulou grandes volumes na parte norte de seu território, chegando ao final do mês com totais na faixa entre 120 mm e 300 mm. Na metade sul, os volumes ficaram abaixo dos 90 mm.
No Centro-Oeste, o clima seguiu dentro das características típicas desse mês de transição, entre o período seco e o chuvoso, com baixos volumes e distribuição irregular da precipitação. Porém, houve precipitação em todos os estados e no Distrito Federal. Destaques para o norte do Mato Grosso e para o sul do Mato Grosso do Sul, com volumes entre 40 mm e 100 mm.
Do mesmo modo, o Sudeste também seguiu dentro das características típicas desse mês de transição, entre o período seco e o chuvoso, com baixos volumes e distribuição irregular da precipitação. Os maiores volumes foram no litoral de São Paulo, sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Espírito Santo, com totais entre 40 mm e 80 mm. Nas demais áreas, a precipitação acumulada ficou entre 10 mm e 30 mm.
Na Região Nordeste, setembro teve seus maiores volumes de chuva na faixa leste, entre o sul da Bahia e o Rio Grande do Norte, com totais entre 40 mm e 120 mm, e no oeste do Maranhão, com totais acumulados entre 40 mm e 90 mm. Nas demais localidades do Nordeste, os volumes ficaram, predominantemente, abaixo dos 30 mm.
A precipitação na Região Sul atingiu volumes elevados, entre o Rio Grande do Sul e o sul do Paraná, com totais entre 110 mm e 260 mm. No centronorte do Paraná, contudo, as chuvas foram mais irregulares, o que resultou em acumulados inferiores, com totais entre 40 mm e 70 mm.
3. Prognóstico climático para o Brasil – período outubro-novembro-dezembro/2021
Para a Região Sul, as previsões climáticas indicam um predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas abaixo da média. Contudo, em outubro há possibilidade de áreas com chuvas acima da média, entre o norte do Rio Grande do Sul e o sul do Paraná.
Para a Região Centro-Oeste haverá distribuição irregular das chuvas, porém as probabilidades de chuvas na faixa normal ou acima predominam. Em outubro, as previsões indicam probabilidade de chuvas abaixo da média em áreas de Goiás, Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul.
No Sudeste, também haverá distribuição irregular das chuvas, porém com probabilidades de chuvas na faixa normal ou acima predominam no Rio de Janeiro, Espírito Santo e algumas áreas de Minas Gerais. Em São Paulo, predominam áreas com possibilidade de chuvas dentro da faixa normal ou abaixo.
Nas Regiões Norte e Nordeste há um predomínio de áreas com probabilidade de chuvas na faixa normal ou acima. No Matopiba, as chuvas em outubro devem ficar mais regulares na segunda metade do mês.
4. Análise das culturas
a. Algodão
Colheita da safra 2020/21 está finalizada, confirmando as estimativas prévias de redução na produção total em comparação à temporada 2019/20, principalmente pela menor destinação de área visualizada nesse ano. Houve também diminuição na produtividade média em decorrência das oscilações climáticas (especialmente pluviométricas) nas maiores regiões produtoras, perfazendo assim um volume final de 5.790,1 mil toneladas de algodão em caroço ou 2.355,7 mil toneladas de algodão em pluma.
Atualmente, o momento é de vazio sanitário em muitas das principais regiões produtoras, com perspectiva de início do preparo das operações de plantio para a safra 2021/22 somente a partir de outubro/novembro.
b. Arroz
O primeiro levantamento da cultura de arroz da safra 2021/22 indica que a área a ser semeada será de 1.703,2 mil hectares, um valor superior à safra anterior. A área de arroz irrigado é estimada em 1.329,5 mil hectares, similar à safra anterior. Quanto ao arroz de sequeiro, há indicação de manutenção de área em relação à 2020/21, que foi de 373,7 mil hectares.
c. Feijão
A cultura é considerada de ciclo curto e, por isso, apresenta uma vantagem para o produtor, que consegue adequar o seu plantio dentro de uma janela menor, sem ter que abrir mão da produção de outros grãos ainda no mesmo ano-safra. Nesse cenário, o Brasil possui três épocas distintas de plantio, favorecendo assim uma oferta constante do produto ao longo do ano. Dessa forma, tem-se o feijão de primeira safra semeado entre agosto e dezembro, o de segunda safra cultivado entre janeiro e abril e o de terceira safra semeado de maio a julho.
d. Milho
A semeadura do milho de primeira safra, para a temporada 2021/22, indica que deverá ser marcada pela continuidade dos efeitos do fenômeno La Niña, caracterizada pelo atraso e inconstância das condições climáticas, devendo apresentar certa similaridade com o que ocorreu no início do plantio da safra anterior.
e. Soja
Apesar das indefinições com relação ao incremento, a área de soja deverá apresentar crescimento de 2,5% em comparação à safra anterior, atingindo 39,9 milhões de hectares. A produção deverá apresentar incremento de 2,5% em relação à safra que se encerrou, atingindo 140,7 milhões de toneladas. Os prognósticos sobre o clima dão ndicações que o início da temporada deverá ser marcada pela continuidade dos efeitos do fenômeno La Niña, caracterizada pelo atraso e inconstância das condições climáticas. Apesar da favorável conjuntura para o produto, os custos com fertilizantes, defensivos e sementes, que apresentaram forte incrementos neste início de temporada, são fontes de preocupação com relação à rentabilidade futura.
f. Trigo
Colheita se consolidando em algumas regiões, em outras, as operações estão em fase inicial, e ainda tem aquelas áreas que não começaram a sega, mas devem, em breve, iniciar os primeiros trabalhos.
No geral, a safra teve um expressivo aumento de área em comparação ao ano passado, porém as irregularidades climáticas, com incidência de geadas em algumas regiões e baixos índices pluviométricos fizeram com que o potencial produtivo para a cultura fosse diminuído. Assim, a previsão atual é de uma produção nacional de 8.190,8 mil toneladas nesta temporada, sendo 31,4% superior ao volume colhido no exercício passado, que foi uma temporada reconhecidamente abaixo do esperado em razão de adversidades climáticas.
g. Amendoim
Para a safra total de amendoim, estima-se um aumento de 3,6% na área a ser semeada, em relação ao ciclo anterior, com uma produção de 613,5 mil toneladas, 4,3% maior que a safra anterior.
Em São Paulo, maior produtor da cultura, o amendoim é conhecido pela sua tolerância à diversas espécies de pragas, contribuindo para diminuir a quantidade dessas infestações nas áreas plantadas. O seu cultivo é conduzido principalmente em rotação com a cana-de-açúcar e pastagens. O seu plantio nessas áreas de renovação de cana-de-açúcar proporciona à cultura principal, entre outros benefícios, a baixa incidência de infestação de plantas daninhas, além de deixar nutrientes no solo, contribuindo para amenizar os custos de implantação dos canaviais.
No caso do plantio em rotação com a cana-de-açúcar, é importante que as cultivares de amendoim sejam de ciclo compatível com a duração do período de rotação do canavial. Os principais polos de cultivo de amendoim do estado de São Paulo são as regiões da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Dumont, Jaboticabal e Sertãozinho) e Alta Paulista (Tupã e Marília). Cerca de 80% da colheita é destinada às exportações (a maior parte para os países europeus) e o restante é consumido internamente pelas indústrias de doces.
h. Mamona
A safra 2020/21 ainda está em andamento, com as operações de colheita se intensificando, particularmente na Bahia. De modo geral, houve incremento na área plantada em comparação ao ciclo passado, mas as oscilações climáticas devem fazer com que a produção seja aquém do esperado, alcançando 27,4 mil hectares. Para a nova safra 2021/22 a previsão é de aumento da produção em 21,9% em relação à safra anterior.
O Nordeste é a principal região produtora, com destaque para a Bahia. Estima-se incremento da área semeada e na produção de 6,7% e 23,5%, respectivamente, para a região em comparação com a safra anterior. Na Bahia, a mamona segue em expansão de área e renovação de lavouras mais antigas. A resistência à seca torna a cultura uma boa alternativa para garantia de renda com a irregularidade climática.
O preço atual da mamona tem atraído muitos agricultores a investir na cultura. Observa-se que até mesmo áreas de horticultura estão sendo substituídas pelo grão. Segundo os informantes, a mamona representa uma segurança maior por causa do custo menor de implantação e resistência à intempérie climática.
i. Sorgo
As lavouras da safra 2020/21 já foram colhidas, os grãos estão sendo comercializados e as áreas já estão sendo preparadas para o plantio das culturas de primeira safra no ciclo 2021/22.
Em Minas Gerais, assim como as demais culturas de segunda safra, o sorgo sofreu com a estiagem em todo seu desenvolvimento. No entanto, por ter maior tolerância ao estresse hídrico em comparação ao milho, as estimativas de perdas foram atenuadas.
No Mato Grosso do Sul, a cultura encontra-se com a colheita encerrada. Como a comercialização ocorre de forma simultânea à colheita, em muitos casos diretamente da lavoura para o consumidor final, não há custos com beneficiamento e armazenagem dos grãos, bem como, praticamente inexiste produto estocado para venda.
Para a safra total 2021/22, a estimativa é de uma produção de mais de 2,4 milhões de toneladas.
No Pará, o cultivo tem sido usado principalmente para proteção de solo e cultivo de grãos para produção de ração animal. Para esta safra a intenção de plantio se mantém estável em termos de área. A cultura é cultivada nos intervalos de plantios de soja e de milho. A região de Paragominas é a maior produtora do grão no estado.
No Piauí, a lavoura de sorgo nesse estado é plantada como cultura de segunda safra em sucessão à soja. O plantio no estado ocorre entre o final do mês de março e início de abril. Por ser uma cultura mais rústica e que apresenta menor exigência hídrica que o milho, alguns produtores optaram por investir nesta cultura. O planejamento de área para esta cultura ainda está indefinido.
No Rio Grande do Norte, a cultura do sorgo com dupla aptidão vem se tornando uma das principais alternativas de alimentos volumosos para os rebanhos, sobretudo os bovinos, já que a maior parte da produção da planta vai para ração animal (forragem).
Na Bahia, na região Centro Sul e região Centro Norte, o sorgo tornou-se uma alternativa para contornar os problemas causados pela irregularidade climática e o preço do milho no mercado. Os agricultores que já plantavam estão mais confiantes no potencial da lavoura, no entanto a área não expande devido à indefinição do agricultor, pois ainda mantêm a intenção de plantar milho, já que o preço deste grão está mais atrativo.
REFERÊNCIAS E LINKS RELACIONADOS
Acompanhamento da Safra Brasileira – 1º LEVANTAMENTO GRÃOS SAFRA 2021/22