Existem alguns conceitos que são apresentados na literatura para definir o termo Agroecologia. Neste sentido trago alguns destes que ajudarão a compreender as premissas e princípios, os quais os autores especializados na área apresentam, sem ter, no entanto, a intenção de apresentar um conceito definitivo.
Em 1989, Altieri definiu a agroecologia como sendo uma ciência emergente que estuda os agroecossistemas integrando conhecimentos de agronomia, ecologia, economia e sociologia. Já, em 2001, Gliessmam conceituou a agroecologia como a aplicação dos princípios e conceitos da ecologia ao desenho e manejo de agroecossistemas sustentáveis. E em 2002, Guzmán, definiu que a agroecologia não pode ser uma ciência, pois está incorporada ao conhecimento tradicional que por definição não pode ser considerado científico.
Caporal, Costabeber e Paulus (2006), conceituaram a agroecologia como um campo de conhecimentos, de natureza multidisciplinar, que almeja contribuir na construção de estilos de agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, tendo como referência os ideais da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional de longo prazo.
Mais recentemente em 2012, no livro Agroecologia: Princípios e Técnicas para uma Agricultura Orgânica Sustentável, a agroecologia foi considerada uma ciência em construção, ou seja, com características transdisciplinares que integram conhecimentos de diversas outras ciências e incorpora inclusive, o conhecimento tradicional, contudo este é validado por meio de metodologias científicas (mesmo que, às vezes, sejam métodos não-convencionais).
Recentemente o termo agroecologia já vem sendo encontrado nos dicionários de língua portuguesa. Pela definição etimológica (agro + ecologia), a agroecologia é a ecologia dos sistemas agrícolas, ou seja, é o meio natural intrínseco a qualquer forma de produção agrícola. No entanto, à esta definição etimológica é contraposta outra de caráter humano, onde a agroecologia é reconhecida como área de conhecimento social e culturalmente construída.
Em um sentido mais amplo, a agroecologia se consolida quando, concomitantemente, cumpre com os ditames da sustentabilidade econômica, ecológica, social, cultural, política e ética (Figura 1).
Figura 1: Pirâmide das multidimensões da sustentabilidade aplicadas à Agroecologia. Fonte: Caporal e Costabeber, 2002.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
– ALTIERI, M. A. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. 2. ed. Rio de Janeiro: PTA- FASE, 1989. 240 p
– CAPORAL, F. R. e COSTABEBER, J. A. Análise multidimensional da sustentabilidade. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável, v. 3, n. 3, p. 70-85, 2002. https://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/ano3_n3/revista11_artigo3.pdf
– CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A.; PAULUS, G. Agroecologia: matriz disciplinar ou novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável. In: Tommasino, H.; Hegedüs, P. de. (Eds.). Extensión: reflexiones para laintervenciónenelmedio urbano y rural. Montevideo: Departamento de Publicaciones de laFacultad de Agronomía – Universidad de la República Oriental delUruguay, 2006.
– DE AQUINO, A. M; DE ASSIS, R. L. Agroecologia: princípios e técnicas para uma agricultura orgânica sustentável. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Seropédica, RJ: Embrapa Agrobiologia, 2012., 2012.
– GLIESSMANN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 2. ed. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001. 658 p.
– Marco referencial em agroecologia / Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. – Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. 70 p. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/107364/4/Marcoreferencial.pdf