O Brasil possui uma agropecuária diversificada e crescente, contribuindo com quase um terço do PIB nacional e com 25% da produção global do agronegócio. A agricultura familiar é fundamental, representando 74% da mão de obra rural, segundo o IBGE, e grande parte dos alimentos consumidos no país. Além disso, mais de 250 povos e comunidades tradicionais têm um papel relevante na agropecuária e no extrativismo, destacando-se como os primeiros a domesticar diversas espécies cultivadas no Brasil.
A riqueza natural do país é uma base essencial para a produção agropecuária. Com seis biomas diversos, 20% da biodiversidade mundial e 13,7% da água doce disponível no planeta, o Brasil tem condições únicas para integrar agricultura e conservação ambiental. Essa combinação pode impulsionar mercados sustentáveis, ampliar a competitividade internacional e agregar valor aos produtos, garantindo soberania alimentar e transformando o Brasil em uma potência global agro-socioambiental.
No entanto, esse potencial só será plenamente aproveitado se for superada a visão de que a conservação ambiental é incompatível com a produtividade agropecuária. A ciência demonstra que a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos são fundamentais para a agricultura, oferecendo benefícios indispensáveis, como polinização e controle de pragas, além de maior resiliência às mudanças climáticas.
A dependência da agricultura brasileira de polinizadores ressalta a importância da biodiversidade. Serviços ecossistêmicos, como a polinização, são essenciais para 55% do valor anual da produção agrícola, mas práticas como desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos têm reduzido os polinizadores, prejudicando diretamente a produtividade. A proteção da vegetação nativa e o manejo adequado do solo e da água também são imprescindíveis para garantir a qualidade e a disponibilidade de recursos hídricos.
Soluções sustentáveis, como sistemas agroflorestais e integração lavoura-pecuária-floresta, podem transformar a paisagem rural, tornando-a multifuncional e promovendo benefícios como regulação climática, aumento da fertilidade do solo e absorção de carbono. Essas práticas ajudam a manter serviços ecossistêmicos além da produção de alimentos, como dispersão de sementes, turismo e lazer, contribuindo para a sustentabilidade.
Um estudo da BPBES, elaborado por cientistas de diferentes biomas brasileiros, apresenta estratégias para aliar agricultura e conservação ambiental, reforçando a governança e políticas públicas que promovam a resiliência do setor agropecuário às mudanças climáticas. Com experiências bem-sucedidas e recomendações práticas, o estudo, lançado em 2024, busca influenciar gestores públicos e privados a adotarem caminhos sustentáveis que unam agricultura e biodiversidade de forma mutuamente benéfica.
Fonte: Portal Embrapa 16/11/2024
Imagem: freepik, 2024