Pesquisa mostra que semeadura customizada aumenta a produtividade
A variação na quantidade de semeadura conforme as características de cada talhão foi identificada como uma estratégia para aumentar a produtividade agrícola. Em propriedades do Mato Grosso e Paraná, essa técnica elevou a produção de milho em até 8% e de algodão em 3% na safra de 2023. O estudo foi realizado em cooperação entre a Embrapa e a Bosch, que desenvolveram um sistema de taxa variável usando tecnologias de agricultura de precisão (AP) para adaptar a quantidade de sementes plantadas de acordo com o potencial produtivo de cada área.
Foto: Ricardo Ianamasu
A pesquisa, conduzida pela Embrapa Instrumentação e Agricultura Digital, utilizou a Solução de Plantio Inteligente (IPS) da Bosch, que permite o controle exato da semeadura em cada área. A tecnologia usa mapas de aplicação que levam em conta a variação do solo e as necessidades das plantas, garantindo uma distribuição precisa mesmo em terrenos irregulares. Esse sistema visa maximizar o aproveitamento do potencial produtivo de cada parcela dentro dos talhões.
Para viabilizar essa técnica, o projeto capacita produtores a coletar dados sobre o solo e as plantas e a inserir essas informações nos equipamentos de precisão. A metodologia visa promover a autonomia dos agricultores em experimentos on-farm, possibilitando ajustes nas doses de sementes e insumos conforme as necessidades específicas de cada talhão. Esses experimentos em condições reais de produção facilitam a aplicação prática dos conhecimentos e aumentam a produtividade.
Resultados preliminares dos experimentos em Mato Grosso e Paraná mostram que o aumento da semeadura em áreas de maior potencial produtivo, como solos argilosos, pode melhorar os rendimentos. No caso do milho, híbridos específicos apresentaram ganhos de produtividade com aumento na densidade de sementes, enquanto para o algodão os resultados foram mais modestos. Contudo, estudos adicionais são necessários para refinar as recomendações e avaliar a viabilidade econômica das práticas.
O projeto também estabeleceu uma metodologia para definir zonas de manejo (ZM) dentro dos talhões, com base em mapas de solo e índices de vegetação obtidos por imagens de satélite. Essas zonas permitem a aplicação de sementes e insumos de forma diferenciada, otimizando o uso conforme o potencial produtivo de cada área. A técnica de aprendizado de máquina mostrou-se eficaz para mapear essas zonas, especialmente em áreas sem grandes variações na textura do solo.
Por fim, o uso do sistema IPS da Bosch ajusta em tempo real o fluxo de sementes, compensando variações na velocidade da plantadora. A parceria com a Embrapa visa desenvolver tecnologias que aumentem a sustentabilidade e a produtividade agrícola. O projeto enfrenta desafios técnicos, como a integração de dados de diferentes colhedoras e calibração dos sensores, mas representa um avanço significativo na aplicação de tecnologia de precisão no campo.
Fonte: Portal Embrapa 13/11/2024