A irrigação no Brasil desempenha um papel crucial na garantia de que as culturas recebam a quantidade adequada de água ao longo de todo o seu ciclo de crescimento, fator essencial para alcançar altos níveis de produtividade e produtos de qualidade. A quantidade de água necessária para as culturas varia de acordo com a espécie cultivada, a produtividade desejada, o local de cultivo, o tipo de solo, o estágio de desenvolvimento e a época de plantio. A eficiência na utilização da água na agricultura irrigada é fundamental para maximizar a produtividade e otimizar o uso de outros insumos.
Fonte: ChatGPT, 2024
No contexto atual, marcado pela escassez global de água de boa qualidade e energia, os custos de produção agrícola têm aumentado, exigindo melhorias na eficiência do uso da água na irrigação para manter a viabilidade econômica dos empreendimentos. A irrigação, isoladamente, não é suficiente para garantir os benefícios desejados; é necessário combiná-la com outras práticas culturais, como o uso de variedades produtivas e de bom valor comercial, adubações adequadas e tratos culturais apropriados, para alcançar os lucros esperados na agricultura irrigada.
Os projetos públicos de irrigação, especialmente no Nordeste brasileiro, foram fundamentais para a implantação dos atuais projetos privados, contribuindo significativamente para a geração de empregos diretos e indiretos. Esses projetos também desempenharam um papel crucial na inclusão social, ajudando a reduzir a pobreza e a migração para as grandes cidades. No entanto, os resultados socioeconômicos desses projetos geralmente demoram entre dez e quinze anos para se manifestar plenamente, devido a fatores como a falta de capacitação do pessoal local, a necessidade de capital e mão de obra qualificada, e a introdução de novos sistemas de produção na região.
Apesar da importância da irrigação para o aumento da produção de alimentos e fibras, há sérios desafios relacionados aos impactos ambientais que podem ser causados. Como a irrigação representa uma intervenção tecnológica no ambiente natural, modificando o meio ambiente, é necessário avaliar os diversos tipos de impactos ambientais, desde as áreas inundadas pelas barragens até os efeitos da irrigação propriamente dita nas áreas cultivadas. A gestão racional dos projetos de irrigação deve considerar os aspectos sociais e ecológicos da região, buscando maximizar a produtividade e a eficiência no uso da água, ao mesmo tempo em que se minimizam os custos e se mantém a qualidade do solo e do meio ambiente.
Os impactos ambientais inerentes à irrigação, como a salinização do solo, a contaminação dos recursos hídricos e o consumo elevado de água e energia, devem ser cuidadosamente avaliados durante as fases de planejamento e dimensionamento dos projetos. A falta de drenagem adequada, por exemplo, pode resultar em sérios problemas ambientais a médio e longo prazo. Portanto, é essencial considerar os aspectos relacionados à saúde pública e ao meio ambiente ao planejar e implementar projetos de irrigação, evitando que iniciativas inicialmente benéficas se tornem prejudiciais para os habitantes da região.
Finalmente, o desenvolvimento sustentável da irrigação no Brasil requer uma política intensiva de manejo aprimorado, que inclua mais estudos, pesquisas e ações extensivas sobre o manejo da irrigação. A obtenção de dados confiáveis para quantificar os impactos ambientais permitirá que os projetos de irrigação sejam implementados de forma a equilibrar desenvolvimento e proteção ambiental. Não é viável, nem ético, desconsiderar os impactos ambientais ou impedir o desenvolvimento de novos projetos; é necessário compatibilizar o crescimento econômico com a sustentabilidade ambiental, assegurando que a irrigação contribua para o bem-estar da população como um todo, sem comprometer os recursos naturais ou a qualidade de vida das futuras gerações.
Fonte: Salassier, Bernardo. Impacto ambiental da irrigação no Brasil. UNESP 02/09/2024